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O identitarismo em ação

Representantes das mulheres ou de Bolsonaro?

Mais de 60% das deputadas mulheres votam sistematicamente com Bolsonaro na Câmara dos Deputados

Segundo levantamento do site Congresso em Foco, 71% das deputadas da Câmara, 55 das 77 eleitas, votaram a favor do governo Bolsonaro pelo menos metade das vezes.

Dessas, 47 votaram em mais de 75% dos casos, o que significa que 61% das mulheres eleitas servem de base fiel a Bolsonaro.

Tal fato joga uma luz sobre a ideologia identitária da representatividade. 

O pleito de 2020 foi o que contou com o maior número de mulheres candidatas, cerca de 33,6% do total, e também o de eleitos. Elas ocupam 16% dos cargos nas câmaras municipais.

A ideologia identitária prega que é importante que as mulheres tenham representatividade, como se isso por si fosse um grande avanço para a situação da mulher em geral. Amplos setores da burguesia fazem propaganda nesse sentido, tanto que no Brasil aprovaram que 30% dos candidatos a cargos proporcionais devem ser mulheres. Atualmente há muita demagogia em torno da questão. O problema é que isso não contribui para o avanço de uma política efetivamente a favor da mulher. Os dados mostrados pelo Congresso em Foco mostram isso.

A maioria das mulheres eleitas são base do governo Bolsonaro, muitas delas ligadas à bancada evangélica, que tem uma política reacionária em relação ao problema da mulher. E como se não bastasse votar contra os interesses das mulheres, elas também votam contra os interesses da população em geral.

Ideologia importada

O mesmo tipo de demagogia foi feito em relação à candidatura de Joe BIden, que tinha como vice uma mulher negra, Kamala Harris. Na campanha, Kamala Harris falava em combater o racismo estrutural, outro mantra identitário. Apesar do discurso, ela ocupou o cargo de promotora por quase 30 anos, sendo responsável nesse período pelo encarceramento de muitos negros. Devido à sua atuação “lei e ordem”, ela foi muito mal vista pela população negra na campanha eleitoral, uma vez que o problema da repressão policial e das leis de encarceramento são um problema fundamental para os negros. O próprio BIden tem uma história com o problema, já que um projeto de lei de sua autoria, de 1994, é apresentado por muitos como o responsável pelo impulsionamento do encarceramento em massa nos Estados Unidos, principalmente pela lei que prevê prisão perpétua para réus com três condenações federais por crimes violentos ou drogas.

Esquerda identitária

O mais vergonhoso é que a maior parte da esquerda pequeno-burguesa aplaude o simples fato de haver candidaturas de negros ou mulheres em nome da “representatividade”, sem levar em consideração a política que eles defendem.

O caso brasileiro mostra que a representatividade sozinha não resolve o problema. Há mulheres ocupando cargos, mas elas não são efetivamente representantes dos interesses das mulheres e sim de políticas contrárias a esses interesses.

Colocar uma mulher como Damares Alves num ministério, ou um negro como Sérgio Camargo na Fundação Zumbi dos Palmares não contribui em nada para a luta desses setores oprimidos da população. Pelo contrário, eles têm sido agentes de uma política que vai totalmente contra os interesses das mulheres e dos negros. 

A esquerda identitária prega o aumento abstrato do número de mulheres em cargos políticos. Mas concretamente quem elege essas mulheres são aqueles partidos que tem mais dinheiro e mais recursos, ou seja, da direita. 

E a direita aproveita a onda identitária, faz a sua demagogia e coloca mulheres para serem algozes do seu próprio gênero, assim como coloca negros para serem algozes da sua própria raça.

O número de mulheres em cargos públicos é um índice da situação, mas não é a solução para o problema. O aumento da participação feminina na política deve passar pela luta das mulheres por seus direitos e para que sejam eleitas representantes dessas lutas, que levarão adiante as suas reivindicações. Ainda assim, só haverá mudanças se houver uma mobilização das mulheres em torno desses problemas, caso contrário é apenas demagogia, que serve para vender a ilusão de que a situação das mulheres está melhorando, quando na prática nada muda de fato.

 

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