Nesta sexta-feira (29), a empresa automobilística Renault detalhou um plano de cortes nas fábricas em território francês, e que deverá eliminar 4.600 empregos. Incluindo suas filiais pelo mundo, o número total deve ser de 15.000 cortes, segundo anúncio do dia anterior.
Esse plano deve afetar fábricas em quatro regiões francesas: Caudan, na Bretanha, Choisy-le-Roi, na região parisiense, Dieppe, em Seine Maritime, e Maubeuge, no norte do país.
A Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), um dos maiores sindicatos da França, se colocou contra esse plano garantindo que a voz dos funcionários será ouvida “por todos os meios possíveis.”
As demissões em massa atingirão 8% força de trabalho do grupo no mundo todo. Tentando minimizar o descontentamento entre os trabalhadores franceses, a empresa alega que não serão demissões diretas, mas eliminação de cargos de aposentados que não serão substituídos, mobilidade em vagas internas e demissões voluntárias.
Será que a Renault quer que alguém acredite que cargo eliminado não representa demissão? E desde quando demissão voluntária é realmente voluntária? Se alguém recebe a “sugestão” de se demitir e não adere acaba entrando no topo da lista de demissões futuras e se ninguém entrasse no programa eles demitiriam do mesmo jeito.
Além de tudo isso, o projeto de ampliar a capacidade produtiva no Marrocos e Romênia foi cancelado, e haverá diminuição na capacidade de produção na Rússia.
Na Espanha foi anunciado o fechamento de uma das três fábricas da Nissan em Barcelona. As três unidades empregam 3.000 funcionários e cerca de 20% serão demitidos.
Mas o caso que mais tem chamado atenção é o da fábrica de Dieppe, na Normadia. O prefeito dessa cidade, onde a Renault fabrica automóveis desde 1969, diz que o fechamento da unidade é algo “impensável”. O prefeito Nicolas Langlois lembra que em 2017 a fábrica foi modernizada e recebeu investimentos de € 35 milhões, e uma parte deles veio do Estado francês. Ele também denuncia que, caso a fábrica feche mesmo, o governo perderá uma filial que é essencial para os objetivos ambientais que advoga, A usina Renault Alpina de Dieppe, segundo o prefeito, é vital para o projeto de fabricação de carros menos poluidores.
No total, a economia com esses cortes todos é € 2,15 bilhões (cerca de R$ 12 bilhões).
Na semana passada o governo francês anunciou mais € 8 bilhões para ajudar as empresas do setor automobilístico, o que mostra o que já sabíamos: dinheiro dado para os capitalistas é apenas para salvar seus lucros e não para recuperar a economia. A Renault vai receber sua parte dos € 8 bilhões e mesmo assim, uma semana depois, anuncia demissões. A classe trabalhadora do mundo todo deve se levantar e exigir que todos os trabalhadores tenham sua sobrevivência garantida e que nenhum centavo seja destinado aos parasitas do capitalismo.