No dia de ontem, o Ministério da Educação (MEC) havia determinado a volta às aulas nas universidades federais a partir do dia 4 de janeiro. Após grande repercussão e também por uma série de manifestações contrárias, o MEC voltou atrás com a decisão. Essa iniciativa criminosa do MEC acabou servindo de pretexto para que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MS) anunciasse seu retorno às atividades para o dia 15 de março de 2021, mesmo depois do recuo do MEC. De acordo com a UFMS, esse retorno não seria presencial.
Conforme acompanhamos e denunciamos ao longo dos últimos meses em meio a pandemia, o ensino à distância foi utilizado como uma grande manobra dos capitalistas para abrir a brecha para privatização e destruição das universidades públicas, servindo como “única solução possível” para manter as aulas e assegurar qualquer tipo de isolamento social, ainda que mínimo. Neste momento, onde a crise econômica segue em decadência e sem perspectiva de melhora, a pressão atua no sentido do retorno de todo tipo de atividade econômica, incluindo a educação. De acordo com o MEC, o retorno das atividades nas universidades colocaria em circulação 2,3 milhões de pessoas entre alunos, professores e técnicos.
É interessante observar que esse retorno seja colocado no momento em que os números de contágios do corona vírus voltaram a crescer exponencialmente. O estado do Mato Grosso do Sul já chegou oficialmente aos 100 mil casos. Na capital Campo Grande, 93% dos leitos estão ocupados, tendo o Hospital Regional, referência no tratamento da covid-19 atingido 100% de ocupação dos leitos, agora pela segunda vez desde o início da pandemia.
O objetivo é colocar a população a mercê da própria sorte, independente do quadro geral da pandemia não só no Brasil, mas no mundo todo. Apesar de a instituição mencionar que o retorno não seria presencial, devemos em primeiro lugar considerar que o EAD implementado à força nas universidades veio inicialmente como uma medida provisória e opcional, o que se mostrou uma farsa com o passar do tempo, onde universidades como a UFRJ terminou um período “excepcional” para definitivamente entrar em um período “normal”. Cabe considerar também que o ministro da educação Milton Ribeiro já repensou sobre a portaria publicada ontem sobre o retorno às aulas e pode voltar com a decisão de retomar as aulas presenciais nas universidades.
Esse tipo de pressão dos capitalistas só pode ser barrada com uma ampla e urgente mobilização dos estudantes, antes que as aulas voltem de fato, infectando milhões de pessoas. É necessário organizar os comitês de luta estudantil para barrar essa medida que implica no retorno das atividades e lutar pela suspensão do calendário acadêmico.