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Sob regime golpista

Registro de terras revelam aumento da grilagem de terras

Estudo realizado aponta que após o golpe em 2016 e as medidas prometidas por Bolsonaro os registros de terras auto declaradas revelam um enorme esquema fraudulento

Um estudo publicado pelo pesquisador Paulo Alentejano da Universidade do Estado do Rio de Janeiro revela em dados a fraude do processo de aquisição de terras e a dimensão da grilagem de terras no país após o golpe de Estado em 2016.

O pesquisador analisou os dados do Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Esse cadastro é onde ficam os dados das propriedades rurais declarados pelos próprios donos da terra. A análise dos dados mais recentes comparados com anos anteriores mostram um aumento exponencial do registro de terras, principalmente na quantidade de terras, nos últimos anos.

Os dados analisados sobre o número de propriedades registradas cresceram em 685.868 unidades em dois anos, de 2016 (ano do golpe) a 2018, um crescimento de 11.9%. Observem o gráfico 1 do relatório. Vejam que o crescimento do número de grandes propriedades foi de 14%, ou seja, 10 mil grandes propriedades a mais por ano.

Quando observamos os dados do aumento da quantidade de terras registradas, vemos um enorme crescimento de 32,8%. O aumento foi de 253,7 milhões de hectares (ha) em dois anos: a área dos imóveis rurais aumentou aproximadamente 1/3, e esse número foi puxado para cima pelas grandes propriedades.

O aumento explosivo se deu nas grandes propriedades acima de 15 módulos fiscais, com uma média anual de 111,8 milhões de hectares a mais. O relatório destaca que “Significa dizer que em apenas 2 anos os latifundiários auto declararam ter se apropriado de mais 223,5 milhões de hectares, quase ¼ do território brasileiro!!!”. A quantidade de terras registradas nesses dois anos pelas grandes propriedades foi de 47,5%, uma média muito acima daquela dos anos anteriores ao golpe de Estado em 2016. O gráfico 3 ilustra bem esses dados.

Um dado interessante é o crescimento das propriedades privadas em relação ao território nacional. “Em 2003, a área dos imóveis rurais correspondia a 49,1% da área do território brasileiro. Em 2010 essa proporção passou a ser 67,2% e em 2016 caiu para 61,3%. Já em 2018 atingiu impressionantes 91,1%”. Observem o gráfico abaixo.

Mas, se analisarmos a situação fundiária no Brasil, esses números não fazem o menor sentido. O território nacional possui 851,5 milhões de hectares de terras.

O Brasil possui 28,39% de terras públicas registradas e demarcadas com alguma função, o que impede que sejam declaradas como privadas. São as unidades de conservação terrestres de proteção integral (UCPIs) e as terras indígenas; 31,4 milhões de ha de Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais que também são áreas públicas e não são UCPIs, mais unidades de conservação de uso sustentável, assim como 15,6 milhões de ha de Reservas Extrativistas e 11,2 milhões de ha de Reservas de Desenvolvimento Sustentável, num total de 241 milhões de hectares. Isso sem contar outras classificações como áreas urbanas e outras que não estão nesses cálculos.

Se confrontarmos esses dados fica evidente que há um processo acentuado de grilagem de terras que soma milhões e milhões de hectares, pois se as terras declaradas como privadas estão correspondendo a 91% do território nacional e as terras públicas apresentadas acima chega a 28,4%, temo pelo menos 19,4% do território brasileiro grilado pelos latifundiários e a 21,3% da área auto declarada os imóveis rurais no Incra sendo fruto da grilagem.

É evidente que esses números devem ser muito maiores, pois ainda existem terras públicas que não possuem uma destinação, grande parte na região amazônica. Esse resultado correspondem a política da direita golpista e do governo Bolsonaro de sinalizar para os grileiros que haverá possibilidade real de regularização dessas áreas, incluindo terras indígenas e unidades de conservação.

Há uma infinidade de ataques à população no campo, mas duas devem ser destacadas. Uma delas é a instrução normativa assinada pelo presidente bolsonarista da Fundação Nacional do Índio (Funai), o delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier da Silva, que sancionou no dia 22/4, a IN nº 9/2020 que legaliza a grilagem de terras indígenas que ainda não foram homologadas.

Outra é a Medida Provisória 910/2019, chamada de MP da grilagem, que vai legalizar e facilitar o processo de grilagem de terras públicas em todo o território nacional e está para ser aprovada no Congresso Nacional em regime de urgência.

É claro que esse aumento do registro de terras no Incra faz parte de um processo de incentivo à grilagem de terras realizadas pelo governo Bolsonaro e da direita “civilizada” do Congresso Nacional.

Isso também tem íntima relação com a violência no campo contra os trabalhadores sem-terra, posseiros, indígenas e quilombolas, realizado pelos latifundiários, e com o aumento exponencial do desmatamento e queimadas. É um processo coordenado para expulsar as famílias dessas áreas e legalizar e destruir os recursos naturais para serem entregues aos latifundiários.

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