No último domingo (16), aproximadamente às 12:30hs, dois líderes indígenas foram assassinados a sangue-frio na Colômbia, por homens fortemente armados, quando encerrava-se a Assembleia Eleitoral para eleição do governador da Guarda Indígena de Palmar Medio Imbi, no município de Ricaurte, fatos confirmados pela Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC) e pela Organização Camawari, conforme registra o site “Nodal”.
Além destas mortes, outras quatro pessoas foram feridas e estão em estado grave, todas lideranças indígenas atuantes na mesma Guarda Indígena.
Já são 77 as mortes de lideranças populares, principalmente entre indígenas, camponeses e ex-guerrilheiros, desde a posse de Iván Duque que ocorreu há pouco mais de 100 dias.
Duque é mais um desses presidentes golpistas de extrema direita, controlado pelos EUA, que evidentemente foram eleitos em pleitos fraudulentos, sem qualquer influência real da vontade popular. Na Colômbia a completa ausência de legitimidade popular das eleições se evidencia pela onda de protestos ocorrida ainda em novembro último, poucos meses após a posse, em agosto.
Para se ter uma noção do espírito sanguinário deste fascista, foram 43 lideranças assassinadas, somente entre a eleição de Duque (17 de junho) e sua posse (em 7 de agosto).
E isto dando sequência ao massacre que ceifou a vida de 226 líderes sociais de janeiro desde ano até meados de novembro, sendo 105 líderes comunitários, 44 indígenas e 40 do Programa Nacional Integral de Substituição de Cultivos de Uso Ilícito.
Oitenta e quatro destas mortes seguem sem nenhuma identificação quanto a seus autores, mas, em pelo menos seis casos, há sinais evidentes de que os assassinos são membros da Força Pública.
Não só pelos números e pelas provas de participação direta da Força Pública, mas principalmente pelo fato de as vítimas serem todas lideranças ligadas à proteção de direitos populares, fica evidente que o governo direitista de Iván Duque está dando continuidade, com muito maior violência e intensidade, ao massacre sangrento de todas as organizações populares da Colômbia, atendendo ordens expressas do imperialismo norte-americano, do qual Duque é mais um “lambe-botas”, ao estilo Bolsonaro.
No caso de Palmar Imbi, os crimes ocorreram em plena luz do dia, na presença de uma Assembleia Popular, o que demonstra a completa ausência de qualquer tipo de proteção legal ou institucional a estes setores da população colombiana.
A Assembleia reunia-se justamente para a eleição de sua Guarda Indígena, que é uma organização de autodefesa constituída com base na “Lei de Origem” e no exercício do chamado Direito Próprio, previsto na Constituição Colombiana.
A Guarda Indígena, que se coloca lado a lado com guardas semelhantes de camponeses e negros, se constituiu na época dos conflitos entre o Exército Colombiano e as FARC, mas com o término deste conflito, latifundiários, empresas nacionais e multinacionais passaram a atacar estas populações para tomarem-lhe as terras. Estes ataques foram gravemente intensificados após a eleição de Duque.
Ocorre que a Guarda Indígena, como ela mesma se apresenta, “não é uma estrutura policial, mas sim um mecanismo humanitário e de resistência civil” que “busca proteger e difundir sua cultura ancestral e o exercício do direito próprio”.
Ou seja, a atuação destas lideranças aparentemente está sob influência da ideologia do pacifismo, ainda que há notícias de que as bases não caem nesta armadilha e muitas vezes passam a se defender de maneira mais efetiva.
De fato, utilizar uma política pacifista quando se está sob a mira de um massacre organizado pelo poder público e pelo imperialismo, com centenas de assassinatos brutais, a sangue frio, e com o claro objetivo de aniquilarem toda a população local para lhe tomarem suas terras, é totalmente ineficaz, são o mesmo que chamarem as massas a um suicídio coletivo.
Os povos indígenas da Colômbia, assim como os camponeses, negros e mais recentemente os ex-guerrilheiros das FARCs, são vítimas históricas da política assassina dos EUA, que controlam o país há décadas através um banho de sangue cotidiano, que elimina sumariamente todo e qualquer opositor, por menos expressivo que seja.
Impossível deixar de notar o cinismo da imprensa burguesa nacional, que jamais fala destes casos da Colômbia, apesar de que, para justificar até mesmo uma guerra por procuração contra a Venezuela, acusa mentirosamente este país exatamente dos mesmos crimes que sabe ocorrer há décadas impunemente nos governos direitistas colombianos.
Fica claro também a intenção real do imperialismo norte-americano.
Implantar regimes de direita totalmente subordinados a Washington em todos os países latino-americanos, com o objetivo de aniquilar toda e qualquer organização popular e operária, utilizando-se até mesmo de assassinatos em massa, eliminando-se toda oposição, para dominarem integralmente nossos recursos naturais, e implantarem um regime de superexploração de nossa mão obra, que certamente pretendem reduzir a uma situação similar à escravidão, como já ocorre em vários locais da Ásia.
Assim como na Colômbia, no Brasil onde também nos confrontamos com um governo ilegítimo e de fachada dos EUA, há que se organizar seriamente a autodefesa no campo e na cidade, utilizando-se de todos os meios e recursos necessários à efetiva neutralização das ações fascistas patrocinadas pelo imperialismo contra os povos latino-americanos, inclusive valendo-se da força.