Na Itália, um dos países mais importantes da União Europeia (UE) e 3ª maior economia do bloco, os governos duram, em média, 14 meses. Este padrão se repete desde a 2ª Guerra Mundial.
Nos últimos 15 anos, passaram pelo governo 11 diferentes coalizões partidárias. Desde a unificação italiana, o político que mais tempo permaneceu no poder foi o líder fascista Benito Mussolini, com 20 anos e nove meses. Recentemente, no segundo mandato, o magnata Sílvio Berlusconi permaneceu no poder de 2001 a 2005, um total de 3 anos, 10 meses e 12 dias.
O governo mais curto da história italiana foi o de Amintore Fanfani (Partido Popular Italiano), de 21 dias, entre 18 de janeiro e 8 de fevereiro de 1954.
Analistas políticos afirmam que o sistema político italiano parlamentarista multipartidário proporcional é o responsável pela constante queda e ascensão de governos. Segundo Paolo de Renzio, professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, a configuração do sistema eleitoral faz com que partidos pequenos consigam derrubar um governo, como aconteceu recentemente com o Viva Itália do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
O Congresso do país tem 630 deputados e 315 senadores. Estes precisam garantir a maioria para o primeiro-ministro governar. Caso não seja possível a montagem de uma coalizão governamental, novas eleição são convocadas. Alega-se a dificuldade de negociar acordos políticos com mais de 900 congressistas de 20 agremiações políticas diferentes.
Na sexta-feira (12), o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, assumiu o cargo de primeiro-ministro com o apoio de quase todos os partidos políticos. Draghi tem apoio do maior partido de centro-esquerda da Itália, o Partido Democrático (PD), do partido de extrema-direita A Liga, o Força Itália (FI) e do Movimento 5 Estrelas (M5S).
A perene instabilidade do regime político italiano é resultado da crise do sistema imperialista mundial. Em virtude da decadência do tradicional regime democrático-burguês dominado pelas forças imperialistas e da adaptação da esquerda (o Partido Democrático é o extinto Partido Comunista Italiano) a este regime, a extrema-direita tem ganhado força e ascendido politicamente, com o discurso de tom demagógico antissistema.
Há de se considerar o papel da Operação Mãos Limpas nos anos 1990 na reformulação do regime político, na medida em que destruiu os dois partidos políticos tradicionais do cenário italiano do pós-guerra, o Partido Socialista Italiano (PSI) e a Democracia Cristã (DC). A destruição das forças políticas tradicionais abriu caminho para a ascensão de Sílvio Berlusconi e aprofundou a já crônica instabilidade política que vigora no país.