No último domingo, dia 29, os olhos do mundo se voltaram ao jogo do PSG contra o Reims, pelo campeonato francês. Pela primeira vez, Neymar e Messi jogariam juntos com a camisa do clube francês. Seria a reedição de uma dupla de ataque fantástica, que brilhara pelo Barcelona anos atrás e se enfrentou na decisão da Copa América mês passado.
No entanto, os amantes do futebol foram frustrados pelo técnico argentino Mauricio Pochettino, que, aos 21 minutos do segundo, sacou o craque brasileiro para a entrada do camisa 10 da seleção argentina. Evidentemente, qualquer técnico com o mínimo de conhecimento de futebol não faria uma atrocidade dessas. No futebol brasileiro, costuma-se dizer que o técnico “deveria ter sido demitido no vestiário”, dada a bizarrice da decisão.
Em poucos minutos, o treinador se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. O termo “boquetinho”, forma pejorativa e divertida que faz uma brincadeira com o nome do técnico, atingiu os “trendig topics” do twitter. Não houve quem ousasse concordar com a decisão, mesmo as mesas redondas medíocres que adoram babar treinadores gringos e o futebol europeu.
Pochettino alegou ter sido uma decisão tática para não perder o controle do jogo com um time tão ofensivo. Essa explicação consegue ser mais patética que a decisão em si. O PSG, talvez o time mais rico do mundo, enfrentava uma equipe de pouca expressão do fraco campeonato francês e ganhava a partida por 2 x 0. Ter Messi e Neymar em campo abre o caminho para uma goleada implacável, não o contrário. É como costuma dizer o treinador brasileiro Vanderlei Luxemburgo: “Não se tira o craque do time, porque aí o adversário perde o medo e vem pra cima.” Coincidência ou não, não saiu mais nenhum gol da equipe parisiense após a alteração.
E é justamente nesse ponto onde mora o problema: o treinador argentino não quis ofuscar a estreia de seu compatriota tendo a estrela da equipe, o camisa 10, em campo. Era possível que Neymar, o melhor jogador do mundo, fizesse um gol antológico na estreia de Messi e recebesse todos os holofotes. Desse modo, a saída do craque brasileiro foi imperativa.
Ninguém questiona a qualidade do futebol de Messi, mas ele vem em decadência há alguns anos, vivendo mais de brilharecos, enquanto Neymar carregou o time francês a uma improvável final da Champions League. Neymar é a grande estrela da equipe, embora, até o momento, tentem empurrar Mbappé como tal. Ora, se fosse isso mesmo, porque o clube consideraria a venda do atacante francês ao Real Madrid, reforçando um rival europeu? Nesse sentido, Messi também vem como coadjuvante de Neymar, que ostenta a camisa 10 do time, e é um bom reforço para que Neymar não fique mais sobrecarregado.