Na visão dos capitalistas, tudo que puder torna-se lucro, logo deverá parasitado por eles. O futebol, um dos esportes mais queridos do mundo, é uma vítima desses vampiros.
Dos anos 90 para cá, na Europa, especialmente na Inglaterra, o futebol sofreu drásticas consequências da gentrificação. Isto é, o processo de alteração da dinâmica econômica através da valorização de imóveis e serviços.
O futebol europeu começou a ser, cada vez mais, assediado pelos grandes capitalistas. O grande investimento capitalista no futebol elevou os valores de ingressos, salários, passes de jogadores, contratos de patrocínio. Todavia, é mais do que sabido, que os recursos ainda são escassos, e não há dinheiro para todos. Isso levou a um aprofundamento ainda maior da distância entre os clubes e ligas.
No Brasil a divisão de recursos é dada em uma mentirosa “capacidade de gerar lucros” de cada clube. Por isso, os demais clubes são obrigados a se endividarem ou ficarem na mão de patrocinadores e das emissoras, especialmente a golpista Rede Globo.
Com o COVID-19, os campeonatos tiveram de ser paralisados, o que levou todos a um grande desespero. Os clubes, em situação financeira crítica, tendo problemas para honrar seus compromissos com jogadores, demais funcionários e fornecedores, se vêem pressionados pela Rede Globo e patrocinadores.
O plano da emissora golpista e de seus patrões capitalistas é retomar os campeonatos o mais rápido possível. Em nome do lucro, não é levada em conta a saúde dos jogadores, treinadores e outros funcionarios dos clubes.
O reinício dos campeonatos será, obviamente, com portões fechados, atendendo aos sonhos molhados dos golpistas. A Rede Globo é grande parceira do projeto “quanto mais vazio, melhor”. Afinal, ela exerce o monopólio sobre as assinaturas no pago-para-ver (pay-per-view). Então, se há menos gente no estádio, há mais público para ela.
Os clubes utilizam as receitas com bilheteria e quadro de associados para ter algum capital de giro durante o ano. Com os portões fechados, esse dinheiro some. Tornando os clubes ainda mais dependentes da televisão e patrocinadores.
A expansão do público assistindo pela televisão em detrimento do público nos estádios é, a longo prazo extremamente danoso para o futebol. Como já é mais do que sabido, o capitalismo é um regime que tende a oligopólios. Assim, quanto menos clubes, melhor para os grandes capitalistas, que precisarão pulverizar menos seus investimentos. Melhor ainda para a Rede Globo, que terá ainda mais facilidade para direcionar a cobertura do futebol de acordo com seus interesses e dos seus patrocinadores.
O que estamos a testemunhar é a destruição do futebol nacional, patrimônio cultural, em um futebol sem o povo. Em poucas décadas, o futebol brasileiro estará tão distante da população que ocupará, no próprio cenário nacional, espaço secundário em relação ao futebol europeu.
Portanto, é necessário um programa de luta do povo pelo esporte. Os torcedores e profissionais do esporte devem se mobilizar para remover a burguesia parasita do esporte.