O governo australiano comandado pelo Primeiro-ministro Scott John Morrison, líder do Partido Liberal, decidiu deportar o tenista sérvio Novak Djokovic e impedi-lo de participar do torneio Australian Open devido sua posição individual de não querer vacinar-se contra o coronavírus.
O processo contra Djokovic culminou com o visto do esportista cancelado, o que o impede de permanecer no país e disputar uma das maiores competições mundiais da categoria. O sérvio, que é o atual campeão do torneio e número 1 do mundo, poderia chegar aos 21 títulos no Grand Slam. Ele ainda deverá arcar com os custos do processo que durou apenas nove horas.
Djokovic estrearia no Australian Open na última segunda-feira (17), enfrentando seu compatriota Miomir Kecmanovic. No dia 14, o ministro dos Serviços a Imigrantes, Alex Hawke, cancelou, por conta própria, o visto do tenista alegando que ele não havia se vacinado contra a Covid-19. Desde então esportista tentava na justiça seu direito de permanecer no país e competir.
A imunização contra o Covid-19 é um pré-requisito da organização do evento para a participação no torneio, todavia o tenista estava munido de uma autorização de exceção médica expedida pela própria organização do Australian Open, uma vez que havia sido infectado pelo coronavírus em dezembro passado.
Durante o julgamento, o advogado do governo australiano Stephen Lloyd alegou que Novak Djokovic por ser famoso, seria uma influencia negativa para os cidadãos do país, pois este teria uma posição “anti-vacina”. O mesmo advogado afirmou ainda que o ministro Alex Hawke teria autonomia suficiente para cancelar o visto do tenista mesmo sem provas de que este estivesse realmente influenciando alguém, pois o risco era iminente.
A decisão do tribunal de Melbourne comandado pelos juízes da Corte Federal James Allsop, Anthony Besanko e David O’Callaghan escancarou um comparativo inevitável no esporte mundial: o caso Jesse Owens.
O julgamento de Djokovic foi um julgamento político. Um julgamento que nem sequer Adolf Hitler teve coragem de fazer contra o atleta olímpico norte-americano Jesse Owens em plena Alemanha Nazista durante as Olímpiadas de 1936. Owens, que era negro, foi autorizado a competir nos Jogos de Berlim daquele ano e sagrou-se medalhista em diversas modalidades sendo quatro medalhas de ouro: nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100m.
O caso demonstra que os governos burgueses e imperialistas estão utilizando-se do expediente da pandemia para abolir em plena luz do dia direitos políticos consolidados. A Austrália, colônia da Inglaterra, é um membro do Reino Unido, uma ditatura monárquica imperialista responsável por inúmeros massacres e pilhagens ao longo da história. Tal comportamento não é novidade, porém acende o sinal de alerta sobre a necessidade de defesa de direitos fundamentais.