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Capitalistas do bem?

Fiat, que apoiou o nazismo, agora virou defensora dos LGBTs?

O frenesi punitivista dos identitários permite acreditar que monopólios capitalistas podem estar no mesmo lado da luta em defesa dos direitos democráticos.

admin ajax (7) (1)

A demissão do jogador de volei Maurício Souza, do Minas Tênis Clube, trouxe à tona novamente o problema da censura e da “cultura do cancelamento”. Após postagens do jogador em rede social, o clube de Belo Horizonte primeiro afastou e multou o jogador, depois “orientou” o mesmo a se retratar pública e imediatamente e logo na sequência terminou demitindo o atleta sob a pressão dos seus principais patrocinadores, a Fiat e Gerdau.

O “crime”

O mote da confusão foi o anúncio da DC Comics do novo Super-Homem dos quadrinhos cujo filho do personagem Clark Kent será bissexual. Reagindo ao anúncio, Maurício compartilhou a imagem da divulgação, que retrata um beijo entre dois homens, com o texto: “A é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”.

Em seguida, o jogador Douglas, homossexual, postou a mesma imagem mas polemizando com a posição do companheiro de Seleção Brasileira, que retrucou. Até aí, nada além de um debate de ideias nas redes sociais, algo bastante corriqueiro. Sim, uma ideia retrógrada a respeito da sexualidade humana não deixa de ser uma ideia.

Como “agravantes” à opinião expressada na postagem, Maurício tem um histórico de manifestar-se favoravelmente ao ilegítimo presidente Bolsonaro nas redes sociais, apoiando uma série de pautas conservadoras, em especial no que diz respeito à sexualidade. Independentemente do que se considere sobre suas opiniões, o fato é que o jogador estava simplesmente expondo o que pensa.

Após a pressão dos principais patrocinadores do clube, o Minas adotou uma rápida e progressiva sequência de punições. O desfecho foi a demissão pouco após o atleta postar um pedido forçado de desculpas nas redes e na imprensa burguesa a interdição do debate sob o slogan “homofobia não é opinião”.

Fiat e Gerdau

Grandes “defensores” dos direitos LGBT, FIAT e Gerdau publicaram comunicados oficiais com o mesmo tom e num intervalo de poucas horas. A cobrança uníssona era que o clube adotasse as “medidas cabíveis” o mais rápido possível. A Gerdau ainda aproveitou para fazer propaganda das suas ações “inclusivas”.

Como bons representantes do capital monopolista, as empresas agiram coordenadamente. Após uma série de comentários nas páginas das empresas em redes sociais veio a ação coordenada. E sem hesitar, pois se promover como democrático a partir de uma simples demissão é uma escolha quase que automática para os capitalistas num caso desses.

Agora, para além do discurso e das campanhas de publicidade, será que essas empresas ajudam de fato o conjunto das pessoas LGBT? Será que as pessoas LGBT que trabalham nelas são menos exploradas? A vida no chão de fábrica da Fiat é mais amena para homossexuais, essas pessoas recebem salários justos ao contrário dos demais? E mais, essas questões também podem ser expandidas para negros e mulheres, conforme destacado no comunicado da Gerdau. Mas aí quem sobra para o capital esmagar cotidianamente, será que o capitalismo está se transformando em algo menos monstruoso para o trabalhador?

Fiat e Gerdau integram monopólios capitalistas, as estruturas mais violentas que o mundo já conheceu. O poder desses monopólios sufoca em especial as economias dos países atrasados, promove e se beneficia de guerras, impõe o enxugamento da assistência estatal enquanto as populações mundo afora passam fome. Cogitar que tubarões capitalistas como esses podem estar imbuídos por sentimentos humanitários é simplesmente absurdo.

Fiat: empresa fascista e LGBT ao mesmo tempo

Diante da polêmica atual, vale resgatar um pouco do que é a Fiat. Em primeiro lugar, é importante pontuar que a empresa faz parte formalmente de um grupo monopolista, a Stellantis. Nome pouco conhecido publicamente, a multinacional que reúne capital francês, italiano e norte-americano possui 14 marcas automobilísticas, incluindo Alfa Romeo, Chrysler, Citroen, Dodge, Jeep, Maserati, Peugeot e a própria Fiat. É a típica competição de faz de conta dos monopólios, várias fachadas para o mesmo capital.

Assim como as outras grandes empresas capitalistas italianas na época, a Fiat colaborou com o regime fascista de Mussolini e durante a Segunda Guerra Mundial, por tabela, com a Alemanha nazista. Hitler inclusive desfilou com Mussolini e Franco num Fiat em Roma. Para abastecer a máquina fascista, a empresa produziu diversos tipos de veículos, inclusive de guerra, além de armamentos. Assim como nos demais casos na Itália e Alemanha, as empresas seguiram normalmente após a derrota na guerra.

Gerdau: torturadora e LGBT

Outra empresa monopolista, a Gerdau também tem um histórico exemplar de defesa dos direitos humanos e das chamadas minorias. Em particular durante a ditadura militar brasileira, que apoiou.

Os métodos de tortura usados contra o povo agora poderão ser usados contra todos aqueles considerados “homofóbicos”. A mesma censura da ditadura militar já está sendo adotada, assim como a demissão de pessoas que “desviem” da “política da empresa”.

Nem precisamos dizer que a Fiat também apoiou a ditadura militar. Para quem apoiou Mussolini, os militares brasileiros são verdadeiros humanistas.

O imperialismo não pode ser progressista

Os termos são praticamente antônimos. A etapa imperialista representa a fase terminal do capitalismo, onde o que havia de progressista foi aniquilado pelo parasitismo dos monopólios, que freiam agressivamente a inovação tecnológica e o progresso econômico.

A adesão de empresas como Fiat e Gerdau a essa política identitária desnuda o caráter reacionário dos “cancelamentos”. A censura, perseguição, linchamento virtual e outros mecanismos repressivos não podem jamais contribuir para a consolidação de direitos democráticos. Respaldar o uso do poder dos monopólios e do Estado burguês na repressão a indivíduos só fortalece os principais inimigos dos direitos democráticos do povo.

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