Os capitalistas estão invadindo os esportes e, entre eles, está levando o futebol para longe de sua origem, para longe de sua base social popular, que é a classe trabalhadora pobre. Isso está ocorrendo através das movimentações histéricas dos identitários, que são usados pela direita para invadir o esporte e injetar seus investimentos capitalistas que nada têm a ver com os princípios de competir, mas sim com seus lucros. Sendo assim, se a coisa não acontecer da maneira que os empresários da direita mandam, as ameaças de corte dos investimentos são imediatas.
O final do mês de outubro protagonizou agitações nos bastidores do Botafogo. Depois da derrota do Fogão para o Cuiabá no primeiro confronto das oitavas de final da Copa do Brasil, além da demissão do técnico Bruno Lazaroni, um dos diretores teria sido afastado do clube, Laércio Paiva. Na mesma noite, o empresário e youtuber Felipe Neto soltou sua choradeira nas redes sociais.
Ele, que se diz torcedor do Botafogo, teria ficado profundamente irritado com a saída do empresário Laércio. Ainda segundo Felipe Neto, o afastamento do dirigente colocaria de uma vez por todas o Botafogo no caminho da falência, por conta da suspensão do projeto Botafogo S/A, este que transformaria o clube em empresa. O Clube, de acordo com o youtuber, está entrando em falência e o projeto empresarial que teria Laércio Paiva à frente seria a solução para a questão. A ideia seria sanar as dívidas do clube e atrair investidores estrangeiros, porém, o processo foi barrado pelos irmãos Moreira Salles, que são nomes antigos na diretoria do Botafogo e não concordavam com o projeto.
Felipe Neto, o botafoguense imensamente apaixonado pelo clube, iria investir cerca de R$ 3 milhões no projeto Botafogo S/A, porém, quando a ideia foi posta de lado pelos irmãos Moreira Salles, desistiu. Alegou ele que seu investimento não estaria seguro e que não poderia arriscar seu dinheiro assim. Sobre o caso, ele relata:
“Com o projeto novo, não senti mais segurança. E não senti nenhuma confiança de que a turma que controla o Botafogo há décadas deixaria o clube de fato ser tocado por profissionais”
O botafoguense apaixonado recuou imediatamente com a saída de Laércio Paiva. Segundo ele, seu investimento não estaria seguro, ou seja, não daria lucro. Nesse momento Felipe Neto revelou apenas o que ele: um investidor capitalista. Ele estaria em busca de unir o “útil ao agradável”, mas se o útil não funcionar, o agradável não serve e o Botafogo pode entrar em falência, pois seus R$ 3 milhões não dariam lucros. O que o empresário youtuber quer, na verdade, é privatizar o Botafogo e ganhar dinheiro com isso.
Nas últimas semanas, vemos a esquerda pequeno burguesa orquestrando um ataque ferrenho ao jogador de vôlei Maurício Souza e convocando para isso as empresas capitalistas Fiat e Gerdau. O jogador foi demitido e a propaganda capitalista da Fiat e da Gerdau em torno da causa LGBT foi um sucesso, mesmo que essas empresas apoiem o governo Bolsonaro e financiem deputados e projetos que retiram os direitos da classe trabalhadora. Desse modo, é preciso estar atento para os verdadeiros inimigos do esporte e da população, que são os empresários capitalistas, estes que são dispostos a qualquer coisa para lucrar.
Felipe Neto se coloca na imprensa, sobretudo nas mídias virtuais através das redes sociais, como um ferrenho defensor das minorias políticas e, portanto, é um representante legítimo da política identitária da esquerda pequeno burguesa, e não ficou de fora do ataque ao jogador Maurício Souza. O fato é que o youtuber é a figura perfeita para ilustrar a ideia de investimento dos capitalistas em torno do esporte. Ele nunca foi alguém envolvido seriamente com o futebol e, do nada, quer expressar seu imenso amor pelo Botafogo através de sua fortuna, mas não sem lucrar, é claro.
A esquerda, ludibriada pela política dos empresários, é levada pela estratégia da direita a defender a invasão dos capitalistas no esporte, que sempre foi um ambiente popular, de muita alegria e do povo. Esse movimento acaba por mobilizar ataques ferrenhos a um simples jogador de vôlei conservador, sem nenhum compromisso político. E, de outra maneira, cai na armadilha de capitalistas que não estão nem aí nem para os direitos democráticos da população e nem para o esporte.
