Na última quinta-feira (09/09), o presidente da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa), Aleksander Ceferin, afirmou que, caso a Fifa organizasse a Copa do Mundo a cada 2 anos, as seleções europeias realizariam um boicote. O representante esloveno das seleções dos países do imperialismo europeu afirmou isto em entrevista ao jornal inglês The Times. Ele também já havia criticado a ideia na última Associação Europeia de Clubes (ECA).
Podemos decidir simplesmente não disputar a competição. É uma proposta que pode matar o futebol. Penso que nunca irá acontecer, dado que vai contra os princípios básicos do futebol
Aleksander Ceferin.
O esloveno afirma que o modelo atual de Copa do Mundo deve se manter inalterado, que ela sendo realizada a cada 4 anos “aumenta o valor da disputa”
O valor da Copa do Mundo é justamente porque acontece a cada quatro anos, é preciso esperar por ela, como os Jogos Olímpicos. É um evento grandioso. Não vejo nossas federações apoiando isso.
A Fifa colocou a questão da realização das Copas a cada dois anos em um congresso anual da entidade. Foram 166 votos a favor da realização e 22 contra.
Apesar de toda a roubalheira nas Copas do Mundo, os países imperialistas têm medo de jogar mais frequentemente com os times da América do Sul, isso para manter a imagem de que o futebol europeu é o melhor do mundo. É isso o que está por trás das críticas da Uefa, e não a preocupação com o “valor” do evento.
Um caso que pode ser usado de exemplo é o jogo entre Brasil e Alemanha, quando na Copa do Mundo realizada no Brasil os alemães venceram por 7×1. Aquilo, no início da campanha golpista do imperialismo contra a soberania nacional, que resultou no impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Uma Copa do Mundo na qual o imperialismo fez de tudo ─ e acabou conseguindo ─ para derrotar o Brasil e dar a taça a um país de seu clube exclusivo. Logo em seguida, em 2016, o Brasil venceu a Alemanha na final dos Jogos Olímpicos, demonstrando que não passa de um mito a suposta superioridade do futebol europeu. A vitória brasileira foi bem menos comentada que a derrota, podendo-se perceber pela própria imprensa burguesa nacional e imperialista na época.
As seleções europeias tentam ao máximo evitar os jogos com os países sul-americanos pois, caso um país oprimido pelo imperialismo (como o Brasil) seja vitorioso em um campeonato esportivo do tamanho da Copa do Mundo, seria uma vitória de um povo oprimido contra seu opressor.
Há tempos a Uefa vem buscando, inclusive, acabar com os amistosos intercontinentais contra as equipes sul-americanas, jogando apenas entre as europeis, o que só demonstra o medo que os europeus têm de suas falácias caírem por terra.
Principalmente no caso do Brasil, toda vitória em Copas do Mundo contra uma seleção de um país imperialista é uma vitória extremamente simbólica para a população. Pois o futebol é algo que está intrinsecamente ligado à cultura popular, que vem sendo tão atacada pelo imperialismo principalmente desde a campanha golpista que derrubou Dilma Rousseff mas que continua até hoje para garantir a completa dominação do imperialismo sobre o Brasil.
O boicote que a Uefa pretende realizar contra a Copa do Mundo é um boicote aos países e ao povo latino-americano e dos demais países oprimidos. Pois eles sabem que com a maior frequência de jogos entre os continentes, iria cair por terra o mito de que o futebol europeu é superior ao futebol latino-americano, especialmente o brasileiro, com maiores e mais frequentes possibilidades de derrotas das “toda-poderosas” equipes europeias.