A perseguição ao futebol nacional levada adiante pela burguesia mostra seu caráter mais fascista quando se trata da perseguição às torcidas organizadas dos clubes brasileiros. Um exemplo disso ocorreu na cidade de Curitiba, capital do Paraná, no estádio Durval Britto e Silva, conhecido popularmente como Vila Capanema.
O estádio recebeu na tarde do último sábado (30) o jogo entre Paraná Clube e FC Cascavel pela segunda fase de classificação para as oitavas de final do Campeonato Brasileiro Série D. O Paraná Clube venceu o aguardado jogo nos pênaltis por 5 a 4.
No intervalo da partida, Mauro Machado Urbim, o presidente da Fúria Independente, torcida organizada do Paraná Clube, foi covardemente pisoteado por um cavalo da Polícia Militar do estado e teve sua morte confirmada na segunda-feira (01). Desde o dia do ataque, Maurinho, como era conhecido, já havia sido diagnosticado com morte cerebral.
A Polícia Militar paranaense justificou esse verdadeiro ato de barbárie como forma de conter a invasão dos paranistas ao setor de visitantes. Porém, tanto a Fúria Independente como a La Fúria Aurinegra, torcida rival que ocupava o setor supostamente ameaçado, negam o ocorrido.
A declaração da PM é padrão quando ocorrem ataques desse tipo a torcedores organizados. Há sempre a tentativa de culpar os torcedores e levar a opinião pública a acreditar que esta organização fascista do estado burguês teve como objetivo apenas proteger o que consideram “o bom torcedor” da ação selvagem dos integrantes das organizadas. A imprensa golpista tradicionalmente reforça o discurso. Porém, aos que acompanham ou participam desses grupos, ação repressora da polícia é bem conhecida.
Por se tratarem de associações formadas quase totalmente por elementos da classe trabalhadora e por seu caráter amplamente combativo, as torcidas organizadas são perseguidas de todas as formas pela burguesia. Afinal, na crescente crise que atravessa não só o Brasil mas todo o mundo, setores populares organizados possuem um grande potencial revolucionário.
O plano de total entrega do esporte mais popular no País para o grande capital, principalmente o estrangeiro, passa pela dissolução das torcidas organizadas, varrendo essas organizações que representam exatamente esse caráter dos estádios e da vida pública.
Para a burguesia, o ideal seria que o futebol estivesse com os clubes vendidos para milionários estrangeiros, servindo somente de entretenimento para as classes abastadas que podem pagar os ingressos das chamadas “arenas”. Devemos apoiar as torcidas organizadas contra os ataques do estado burguês e lutar pelo futebol como parte da vida social da classe trabalhadora.
Além disso, o episódio deixa claro, mais uma vez, que o fascismo não se encontra em declarações e pensamentos de indivíduos ou organizações confusas ideologicamente, mas sim na ação concreta de órgãos repressores ligados totalmente à burguesia. Fim da Polícia Militar já.