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O Vasco é dos vascaínos!

Capitalistas querem privatizar o Vasco

Jorge Salgado, presidente através de um golpe, quer transformar o Vasco em “clube-empresa”

leven x salgado

A política vascaína é famosa no meio futebolístico por contar com fortes e constantes intervenções do judiciário – isto é, da burguesia –, atacando todo e qualquer mínimo poder que os sócios tenham dentro do clube. A mais recente intervenção foi nas eleições de 2020, que acabaram, em liminar na Justiça, dando a presidência para Jorge Salgado – que tem como vice de futebol o político Carlos Osório do PSDB. E é essa a chapa que está conduzindo, à vontade dos patrões, o processo para transformar o centenário clube em uma “SAF” – isto é, tornar o Vasco propriedade de algum capitalista individual, que vai sugá-lo para lucrar.

Eleições no Vasco: como a Globo e a Justiça sempre intervieram no clube

Um programa de esquerda para os clubes de futebol em geral é que eles sejam diretamente administrados pelos seus torcedores, torcidas organizadas e funcionários. No campo oposto, a política é a de tornar um clube de futebol, à revelia do fato de ser a paixão de milhões de torcedores e um patrimônio da cultura popular, em uma propriedade de um capitalista individual.

A venda do Vasco é abertamente defendida pelo seu atual presidente, Jorge Salgado (do grupo político “Mais Vasco”); portanto, para compreender melhor a questão do Vasco em específico e também das outras instituições futebolísticas que são ameaçadas de privatização, convém lembrar como Jorge Salgado foi “eleito”.

Em 2020, as eleições presidenciais do Vasco estavam marcadas para ocorrer dia 07/11, de maneira presencial. E de fato ocorreram. Nelas, foi eleito Leven Siano – candidato da chapa “Somamos”. Ele, apoiado pelo “Euriquinho” (como é o conhecido o filho do ex-presidente do clube Eurico Miranda), era o favorito – mesmo as pesquisas de boca de urna realizadas pela chapa Mais Vasco (de Jorge Salgado) e pela chapa Sempre Vasco (de Júlio Brant – que era ideologicamente próximo à Salgado, ambos buscando formar uma aliança entre si) apontam Leven como o favorito.

Leven Siano ficou conhecido por muitas promessas – como a de que traria R$5 bilhões para o Vasco em investimentos, a de que traria o jogador Balotelli e até mesmo o jogador Hulk, que hoje brilha no Atlético-MG e que estava fora do Brasil à época.

Leven era contra contra o clube-empresa, e hoje lidera uma verdadeira campanha contra a privatização do clube, ao passo que Salgado dizia que o Vasco era “uma grande estatal mal gerida” – típica retórica neoliberal que visa a entregar o patrimônio público. Leven Siano acabou sendo eleito nesta eleição – todavia a Justiça anulou sua validade enquanto ela ocorria, mas o Vasco decidiu mantê-las e contar os votos, mesmo que eles não tivessem validade.

O argumento que a Justiça usou era o de que, por se estar em pandemia, não poder haver eleições presenciais. Portanto, elas deveriam ocorrer de maneira on-line – o que passa por cima do estatuto do clube, que não permite que as eleições virtualmente.

Leven, candidato eleito, recusou-se a participar das novas eleições, considerando-as fraudulentas, chamando-as de “enquete” por ocorrerem de maneira virtual (o que é correto); ele decidiu boicotá-las. A eleição on-line ocorreu em 14/11, com apenas Júlio Brant (Sempre Vasco) e Jorge Salgado (Mais Vasco) concorrendo; nelas, Jorge Salgado ganhou. Então as eleições foram para na Justiça para que se decidisse qual tinha validade.

A Justiça acabou por decidir pela vitória de Jorge Salgado em dezembro de 2020, tendo ele tomado posse no mês seguinte; no entanto, ainda hoje existem muitas ações na Justiça questionando o mandato e ele governa por liminar.

Em um dos imbróglios jurídicos, até a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, se envolveu. O partido Solidariedade tinha entrado com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF para impedir a posse de Salgado e garantir a posse de Leven, validando as eleições de 07/11; ocorre que Wadih Damous, advogado do PT, tinha relação com a campanha de Leven Siano, e o PT acabou também entrando no STF com uma ADI reivindicando o mesmo que o Solidariedade.

Na época, surgiram críticas ao PT por este se envolver nas eleições do Vasco, além de fotos de postagens antigas de Leven Siano, em que este atacava o PT. Com isso, a própria Gleisi Hoffmann se pronunciou sobre o tema, dizendo que o PT retiraria a ADI.

O primeiro ano de Jorge Salgado

O neoliberal Jorge Salgado conduziu o Vasco ao rebaixamento no início de 2021 para a Série B – quando ele assumiu o clube, este estava na zona de rebaixamento do Brasileirão de 2020 (que acabou em 2021), mas ainda com chances de se salvar. No ano de 2021, ele conduziu o que ficou conhecido como a pior campanha da história do Vasco.

E ficou conhecido assim, pois, pela primeira vez, o Vasco na série B não ficou entre os 4 primeiros, de forma que não subiu. Aliás, o Vasco ficou em 10° lugar do campeonato! E, depois desse resultado, a própria pessoa responsável por isso, diz que apenas a privatização resolveria o problema. Isto consiste na velha tática dos capitalistas – a saber, sucatear o patrimônio público para vendê-lo mais barato – aplicada ao mundo do futebol.

Outros clubes, como o Botafogo e o Cruzeiro, também passaram pelo processo de privatização; uma espécie de teste para ver qual seria a reação da torcida e tentar implementar esse modelo em outros clubes maiores. O Figueirense foi vítima do processo também – no ano de 2017, mas gerou uma grande crise no clube, com greve de funcionários, e a empresa que o havia comprado teve de devolvê-lo a seus torcedores.

Eleições passadas no Vasco são uma mostra de como a burguesia busca intervir no patrimônio cultural

A burguesia teme qualquer manifestação popular – mesmo as que ela pode controlar e, sobretudo, as que ela não pode. O futebol e o Carnaval são grandes manifestações populares e que ela não pode controlar, por exemplo; neste caso, ela busca as controlar de todo jeito possível, e o Vasco é um exemplo disso.

Antes de tentarem transformar o Vasco em SAF, antes das eleições de 2020, as eleições do Vasco também já iam parar na Justiça, com a burguesia tentando exercer controle sobre elas. Um dos exemplos recentes é o famoso caso da “Urna 7”, nas eleições de 2017, protagonizadas pela disputa entre Eurico Miranda, então candidato à reeleição, e Júlio Brant.

No caso em questão, o então presidente do Vasco, Eurico Miranda, concorria contra o candidato de oposição Júlio Brant. A eleição seguiu o seguinte rito: os votos de sócios suspeitos, que teriam virado sócios entre novembro e dezembro de 2015 (último prazo para que se virasse sócio e se pudesse votar nas eleições vascaínas de 2017), seriam depositados na urna 7 e depois ela seria analisada pela Justiça.

Com os votos totais, o então presidente do Vasco, havia sido reeleito, com 2.111 votos contra 1.975 de Júlio Brant. No entanto, desconsiderando-se a urna 7, que votou majoritariamente em Eurico, quem ganhava era Júlio Brant (por 1.933 contra 1.683).

Na época, houve algumas denúncias de irregularidades, e a urna 7 foi anulada. A Rede Globo fazia forte campanha pela anulação da urna – pois Eurico Miranda era um grande crítico da emissora, tendo chegado a estampar a logo do SBT, de graça e sem avisar ninguém do SBT, na camisa do clube para a final da Taça João Havelange de 2000 (o campeonato brasileiro daquele ano) como forma de afrontar a Globo. O logotipo do SBT foi estampado no principal espaço da camisa; e essa não foi a primeira richa do cartola vascaíno com a emissora, apesar de ser a mais marcante.

Enfim, após campanha da Globo, a Justiça anulou a Urna 7 e Júlio Brant foi considerado eleito. O que, diga-se de passagem, é um absurdo, pois, se havia irregularidades, toda a eleição deveria ser anulada, de modo algum apenas uma urna. No entanto, o cartola vascaíno – que era filiado ao partido direitista PP, tendo sido deputado federal – Eurico Miranda deu um golpe interno: como as eleições do Vasco eram indiretas, no Conselho, retirou sua candidatura e apoiou a candidatura do vice de Brant, Alexandre Campello; Campello lançou candidatura solo no Conselho, concorrendo contra Brant.

Como ele e Brant tinham recebido votos juntos, cada um ficou com metade dos seus “delegados”, e os delegados de Eurico Miranda apoiaram Campello; de forma que o presidente eleito foi Alexandre Campello, que era um completo desconhecido do grande público vascaíno, e governou até 2021.

A burguesia quer controlar os clubes; a política revolucionária é defender a completa independência do futebol em relação ao judiciário e que os clubes sejam geridos pelos seus torcedores e funcionários

Os clubes de futebol não podem ficar nas mãos de cartolas, muito menos diretamente nas mãos dos capitalistas. É preciso defender que eles sejam democraticamente geridos pelas suas torcidas organizadas – que, aliás, são constantemente atacadas pela imprensa burguesa –, torcedores e seus funcionários. Não se pode admitir nenhuma ingerência da burguesia, como as exemplificadas acima.

Além disso, é preciso combater energicamente o clube-empresa, que serve aos capitalistas. No Vasco, o clube-empresa é defendido por um presidente ilegítimo, que deu um golpe para anular as eleições em que perdeu e realizar uma “eleição virtual” – totalmente suscetível à fraudes; no Vasco, o presidente que defende entregar o clube aos capitalistas é o mesmo que conduziu o Vasco a pior campanha de sua história. Sob o controle dos capitalistas, que apenas almejam o lucro e relegarão ao segundo plano o futebol, o Vasco e os vascaínos sofrerão muito mais, perdendo ainda o pouco de controle que lhes resta sob os rumos do Vasco. O Vasco é dos vascaínos e não pode ser dado a nenhuma empresa capitalista!

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