No Brasil, neste cenário de terra arrasada provocado pela pandemia, uma ajuda emergencial de pouco expressão, além de ser insuficiente, não consegue chegar aos muitos trabalhadores necessitados que sofrem com o impacto na economia, principalmente de março até aqui.
Esse é o caso do setor de espetáculos e shows que empregam artistas, seja pelo vínculo direto, seja como prestador de serviço, mas, na sua ampla maioria, informais buscando a sobrevivência no mercado de entretenimento.
Resultado preliminar de uma pesquisa de iniciativa da Unesco e um Fórum com Secretarias de Cultura de vários Estados brasileiros: “Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil”, indica que mais da metade das empresas do setor cultural reduziram em 100% a contratação de serviços de terceiros de março a julho de 2020.
O boletim indica também que a maioria das empresas demitiu seus colaboradores entre março e julho deste ano. Cerca de 28% dos participantes informaram que reduziram mais de 50% dos quadros, enquanto aproximadamente 20% disseram que demitiram 100% dos colaboradores.
Foram divulgados, nesta segunda-feira (20), os resultados preliminares da Bahia. A pesquisa indica que 44,42% dos trabalhadores da cultura na Bahia inscritos no levantamento perderam 100% de sua renda durante a pandemia do novo coronavírus. Para 22,16% dos participantes, não houve alteração, enquanto 19,5% perderam mais de 50%; 13,06% reduziram até 50% e somente 1,91% aumentou a renda em até 50%.
Sem dúvida uma típica política burguesa, e que deixa os trabalhadores do setor cultural no fio da navalha, enquanto todas as reservas do governo são destinadas aos capitalistas, suas empresas e bancos. Em crises como esta, os capitalistas (principalmente os do monopólio) engolem os demais e arrebentam os pequenos empreendedores, muitos deles trabalhadores se aventurando em pequenos negócios com um pouco que conseguiu juntar, mais um crédito conseguido em uma nova dívida com um banqueiro safado, que leva dele boa parte do lucro, quando tem um. Um mar de águas tumultuadas cheios de concorrentes, e que, na verdade, não são mais do que trabalhadores na informalidade, desempregados, tentando um vôo solo numa atitude desesperada, ou iludidos por um sonho burguês.
Um esforço grande seria necessário para que a categoria possa se organizar, e se mobilizar contra toda a exploração que têm de suportar. Principalmente para suprir a ausência de uma política cultural, uma lacuna que esse governo fascista, reacionário, conservador e moralista, deixou na Cultura, impedindo que exista investimento que aqueça o setor, faça chegar crédito às casas de espetáculos, bares e restaurantes que empregam a categoria, impedindo o desemprego e o desamparo do artista.