A cada dia fica muito mais evidente que a política do PCO, a que defende o fim da polícia, braço armado do estado burguês capitalista, está absolutamente correta. Essa política leva em conta que é a população local quem deve organizar o patrulhamento e o julgamento dos infratores das leis, com amplo poder de nomear e retirar da atividade, de imediato se assim julgar necessário, as pessoas incumbidas dessas tarefas.
É de conhecimento público, noticiado pelos jornais e canais burgueses, que as polícias e o judiciário são responsáveis por assassinatos de supostos criminosos em operações muito suspeitas. Com condenações, mesmo sem provas, da população pobre e, principalmente, negra das periferias. Só no sistema prisional temos cerca de 40% dos detentos sem sentença de condenação em última instância, e a maioria são negros e pobres, conforme notas do próprio Conselho Nacional de Justiça. Sem contar que, na verdade, as prisões representam um genuíno depósito de gente, sem a menor condição de higiene ou de sobrevivência humana.
Entre tantas reportagens ao longo de anos ou décadas, retratou-se irregularidades da ação policial em todo o país que, de maneira corriqueira, fazem inúmeras vítimas de morte ou prisão ilegal, como nos casos das chacinas da Candelária RJ, Heliópolis SP, Vigário Geral RJ e Carandirú SP.
Recentemente, tivemos ainda mais uma bomba gigantesca, arremessada pela PM do Mato Grosso sobre a cabeça da população local. A bomba mais recente foi apontada pela Polícia Civil e Ministério Público do MT, nas investigações de seis ocorrências muito suspeitas que contaram com a ajuda de depoimento de dois sobreviventes.
Descobriu-se que um informante da PM organizava supostas reuniões para combinar um assalto e informava ao batalhão, entregando o local do encontro. Na verdade, o informante arma uma emboscada combinada com a PM, onde a ação armada tem o objetivo de fuzilar as pessoas que estavam no local, sem chance de se defenderem. Numa dessas operações, duas vítimas sobreviveram.
Vê-se que se trata de assassinatos encomendados pela PM, que segundo as investigações, tem o objetivo de promover o batalhão. Ainda utilizavam os serviços do aparato do estado para selecionar as vítimas que queriam eliminar. Trata-se de assassinatos encomendados. Devemos nos perguntar: a quem interessa essas mortes? Traficantes, PMs, ao estado ou ao narcotráfico? Seja lá qual for a resposta, fica claro que não são ações para libertar o povo de criminosos, os interesses são outros, muito mais obscuros do que uma simples cruzada contra o crime.
Essa investigação, batizada de Operação Simulacrum, resultou em 81 mandados de prisão temporária, por 30 dias, contra policiais militares “suspeitos” de executarem 24 pessoas em confrontos simulados, envolvendo a Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Força Tática do Comando Regional 1, e mais 34 mandados de busca e apreensão executados na operação.
Em documento oficial, o Ministério Público apontou que as ações da PM foram caracterizadas com excessivo número de disparos, policiais e viaturas ilesos, ausência de indícios de disparo pelo lado oposto, disparo a queima-roupa e a presença, em todos os casos, de um automóvel Fox vermelho.
A PM de MT se pronunciou dizendo que aguarda as investigações, mas que os policiais envolvidos possuem boa reputação institucional e relevantes serviços prestados à sociedade mato-grossense.
“[a Polícia Militar] Repudia exposições desnecessárias e abusivas de seus membros, que sequer tiveram direito de defesa e reafirma o compromisso de estar ao lado dos policiais militares garantindo suas prerrogativas em todas as ações legítimas cometidas em serviço e em defesa do cidadão; é imperioso informar que a prisão é medida excepcional, que os investigados são policiais militares com vínculo funcional, têm residência fixa e que nunca se furtaram a responder aos questionamentos da Justiça.”
Fica cada vez mais claro que a única forma de acabar com essas truculências das PMs contra a população das periferias é seguir o exemplo da população de Porto de Galinhas, que fez barricadas, interditou acessos e tocou fogo em pontos da cidade em protesto pelo horror que o Bope causou.
Não dá mais para aguentar tanta covardia da PM, treinada e armada, contra o povo desarmado e indefeso. É hora de dar um basta a tudo isso e, para tal, é imprescindível que o povo se organize em comitês de autodefesa e se arme contra a ofensiva organizada da burguesia.