Os números do desemprego no Brasil eram altos, mas com a pandemia do coronavírus extrapolaram todas as expectativas, chegando a atingir mais de 15 milhões de pessoas. As mulheres foram as que sofreram com mais impacto as consequências do desemprego.
O Estado do Pernambuco, segundo dados do Caged para 2020 exemplificam bem a situação caótica das mulheres trabalhadoras. De 5.163 demissões em 2020, 5.137 delas foram de mulheres, exatos 99,5%. Alguns dados apontam o aumento quase irrisório de empregos com carteira assinada, porém 230.294 das vagas foram preenchidas por homens, enquanto as mulheres perderam 87.604 postos de trabalho.
Umas das explicações para o tamanho do problema imposto as mulheres é que na pandemia, com as medidas de isolamento social iniciais, diversos setores de serviços e comércio, que são os que mais empregavam mulheres no país demitiram muitas trabalhadoras.
Em Pernambuco, serviços e comércio, juntos, perderam 2.466 vagas. Alimentação, transportes e comércio em geral foram os segmentos mais afetados em 2020.
O mapa do Caged aponta a situação de vários estados e fica perceptível que a situação é uma realidade nacional, em Minas Gerais, por exemplo, as mulheres perderam 7.397. Na Bahia, de 8.783 empregos. No Espírito Santo, 2.049. Já no Rio de Janeiro 58,026 vagas.
A situação das trabalhadoras na decadência imperialista sempre foi bastante ruim, relegadas as vagas de trabalho menos especializadas, enfrentando diversas jornadas de trabalho fora de casa mais o trabalho doméstico e reprodutivo, ganhando sempre os salários mais baixos entre outras mazelas. Tem se tornado mais insustentável ainda aliada a crise promovida pela pandemia, as mulheres são a maioria crescente no trabalho informal, equilibrando trabalho autônomo em casa e criação de filhos ao mesmo tempo.
É importante frisar o cenário como muito confortável para a extrema direita, que tem a opressão das mulheres como programa de seu projeto fascista, não existe balanço nem avaliação da condição, muito menos plano de socorro as mulheres mais pobres, simplesmente se observa enquanto a desgraça se amplia.
Já a esquerda pequeno burguesa, que faz bastante barulho se referindo aos direitos das mulheres, nem brevemente pensam em discutir essas pautas nem buscar construir um programa de enfrentamento contra a burguesia para dar um caráter consequente ao que diz, só fazem tagarelar sobre uma suposta liberdade bem abstrata que não tem beneficiado nem mesmo as mulheres pequeno burguesas. Eles somente falam, mas não fazem nada em socorro das trabalhadoras.
A burguesia, que captou o palavrório da esquerda pequeno burguesa, aprendeu a se utilizar das pautas referentes aos direitos das mulheres, porém só para fazer demagogia e não para efetivamente mudar a situação de opressão a qual as mulheres estão submetidas dentro do capitalismo.
As mulheres trabalhadoras ficam então a mercê dessas duas políticas que de nada adianta para a melhora em suas condições de vida. É mais que necessário e de caráter urgente que os movimentos de luta busquem esclarecer as mulheres sobre essa situação e dar organicidade a luta feminina, com programas de socorro de emergência e em busca conjunta de possíveis saídas para a situação assustadora do desemprego que se coloca.