No dia 7 de abril, o presidente Lula veio às redes sociais falar de um tema muito importante para as mulheres: a descriminalização do aborto. Como ele mesmo ressaltou: filosoficamente é contra, mas é necessário como questão de saúde pública. Ele comentou: “Ele (o aborto) existe, por mais que a lei proíba, por mais que a religião não goste, ele existe e muitas mulheres são vítimas disso no Ceará, em Pernambuco, em São Paulo. Olha então, na medida em que a pessoa esteja num processo de aborto, a pessoa tem que receber do Estado, com muita dignidade, um atendimento”.
Uma defesa necessária das mulheres que são vítimas maiores do golpe de 2016 que destituiu Dilma e impôs uma série de retrocessos em praticamente todos os aspectos da vida social. A descriminalização é uma pauta antiga da esquerda no Brasil e no mundo.
Outro ponto importante é a questão da desigualdade social, pois as mulheres da classe média e alta abortam sem correrem grande risco em clinicas particulares. Em contrapartida, as mulheres trabalhadores improvisam os abortos e muitas vezes pagam com a própria vida.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2013 acontecem todo ano cerca de 3,2 milhões de abortos inseguros de adolescentes entre 15 e 19 anos nos países mais pobres. Estima-se que 70 mil adolescentes morrem a cada ano por complicações durante a gravidez ou o parto.
No Brasil foi publicado em 2010 a Pesquisa Nacional do Aborto. Foi realizada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UNB), com mulheres entre 18 e 39 anos, alfabetizadas e residentes nas áreas urbanas. É possível que os números sejam ainda maiores se considerar mulheres não alfabetizadas e de áreas rurais.
A declaração de Lula na defesa do aborto mostra o caminho. É preciso enfrentar a direita golpista que está no poder, sair às ruas e pedir a legalização do aborto. A vitória somente virá da luta nas ruas. Qualquer outra proposta é demagogia.
É preciso que as mulheres se organizem para conquistar esse direito, que a esquerda resgate essa palavra de ordem, que os identitários sejam superados pela luta real das mulheres da classe trabalhadora. Essa luta passa pelo combate contra a direita nacional, golpista, e que está no poder.