Em um dos últimos estudos realizados pela Secretaria de Política Econômica do Governo Federal sobre o desemprego no Brasil, foi apontado que aqueles que mais sofrem com a falta de emprego são jovens de 17 a 29 anos, pessoas de baixa escolaridade e, em especial, mulheres. Em média, a cada três pessoas procurando emprego há pelo menos dois anos, duas delas são mulheres, o que não é uma surpresa, visto as políticas neoliberais que têm se instaurado cada vez mais no Brasil e que têm submetido as mulheres a trabalhos informais e muitas vezes restritos à casa.
Para Luís Moura, economista sergipano que também é dirigente do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do estado, a intensa crise econômica que assola o Brasil há dois anos tende a afetar os “extremos”: jovens, mulheres e pessoas com baixa escolaridade, em essência. Não é coincidência, uma vez que a chegada do presidente fascista Jair Bolsonaro e o aprofundamento das políticas neoliberais se deram há dois anos.
Atualmente, o país conta com 15 milhões de desempregados, o que equivale a 14,7% da população. Os estados mais afetados são Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, que também são os mais ignorados pelo governo federal golpista e neoliberal. Luís Moura também aponta que quanto mais tempo alguém passa fora do mercado de trabalho, mais difícil se torna a sua recolocação profissional, o que torna a reversão do desemprego uma questão ainda mais difícil. Muitas vezes o indivíduo se adapta à sua condição de desempregado, aderindo a empregos informais para sobreviver. As mulheres, as mais afetadas pela crise, acabam sucumbindo à vida doméstica, situação da qual é ainda mais difícil sair e procurar por capacitação profissional para que possam se colocar no mercado de trabalho.
O golpe realizado em 2016 foi apenas uma faísca abrindo caminhos para a situação deplorável em que nos encontramos hoje, nacionalmente. O presidente fascista Jair Bolsonaro e sua liga golpista apenas intensificaram os planos que já haviam sido colocados em prática desde então. Com isso, direitos como o Bolsa Família, que apesar de não resolver o problema, facilitava com que estas pessoas não ficassem desempregadas. Porém, apenas o Bolsa Família não é a chave para resolver o problema. Em meio a uma pandemia e à séria crise sanitária e econômica, o auxílio emergencial irrisório também não contribui em grande medida para a solução.
A chave para o emprego e o fim da prisão doméstica como única opção às mulheres está na tomada das ruas pelo fora Bolsonaro e pelo auxílio digno, para que mulheres e jovens tenham direito ao emprego, à saúde, educação, lazer e segurança. Somente um governo dos trabalhadores poderá garantir isso para as mulheres e a classe operária.