Boataria

Nunca é da boca de Lula que o PIG recolhe as declarações

A imprensa capitalista atribui diversos tipos de ações e declarações como se fossem do Lula. Os boatos têm função de orientar politicamente conforme os interesses da burguesia.

lula geraldo alckmin

A campanha da imprensa golpista contra a candidatura de Lula (PT) está em pleno desenvolvimento. Nas últimas semanas, a Jovem Pan e a Folha de S. Paulo divulgaram a informação de uma suposta negociação entre “lideranças” do PT e PSB em torno da formação de uma chapa Lula/Alckmin para as eleições presidenciais de 2022.

Segundo Thaís Oyama, em matéria publicada no UOL, no dia 5 de novembro, Lula disse que Alckmin “é o único tucano que gosta de pobre”. Em referência à resistência das bases do PT, Lula teria dito a amigo que “eles, os radicais, podem fazer duzentos manifestos contra” e que sua preocupação com estes protestos seria “zero”.

O ponto é que Oyama não diz quais são as fontes e quais são os amigos para as quais Lula teria feito essas declarações. Quando se procura nas redes sociais do próprio Lula, seja no Facebook ou Twitter, não se encontra nada. Não existe nenhuma referência a esse tipo de negociação nas redes sociais e nem na página oficial do Partido dos Trabalhadores. Tampouco existem declarações dos dirigentes petistas que confirmem isso.

A imprensa capitalista atribui diversos tipos de ações e declarações como se fossem do Lula. No entanto, nunca se ouve nada do próprio, o que indica que são fofocas e boatos. É de conhecimento comprovado pela experiência política que a imprensa à serviço dos capitalistas é especializada nesse tipo de coisa.

Por sua vez, é de se destacar que os boatos e fofocas cumprem uma função essencialmente política. A ideia é intervir na luta política e orientar politicamente conforme os interesses da burguesia. No caso em questão, o objetivo é colocar a ideia da aliança eleitoral entre o PT e o tucano neoliberal, repressivo e privatizador na mesa. Se isto não se consumar, pelo menos são semeadas confusões e intrigas na base popular do PT.

As intrigas, fofocas e boatos em relação à candidatura de Lula têm também o potencial de confundir determinados setores sociais menos esclarecidos e mais suscetíveis às manipulações. A desmoralização da candidatura é um objetivo importante, na medida em que Lula aparece em todas as pesquisas com quase 50% das intenções de voto. 

A burguesia não aceita a candidatura do ex-presidente, única capaz de representar os interesses dos trabalhadores na arena eleitoral contra Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido). O imperialismo coloca todos os seus recursos – à esquerda e à direita – para criar uma alternativa a Lula, como se nota pelos esforços.

No momento, os capitalistas apostam no impulsionamento da chamada terceira via, uma candidatura de um político neoliberal da direita tradicional travestida de “democrática”, “civilizada” e “opositora a Jair Bolsonaro”. João Doria (PSDB, Eduardo Leite (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Mandetta (DEM) e Sérgio Moro (Podemos) disputam o posto de candidato da terceira via. Contudo, se esta alternativa não vingar, já há sinalizações de que a burguesia cerrará fileiras com Bolsonaro novamente. O verdadeiro inimigo da burguesia e do imperialismo não é o atual presidente fascista e sim a esquerda, os sindicatos e os movimentos populares, que se expressam eleitoralmente em Lula.

O Partido da Imprensa Golpista (PIG) sempre interveio e continua a intervir na luta de classes em desenvolvimento no País, com o intuito de defender os interesses da burguesia. No período anterior ao golpe de Estado de 2016, a imprensa cartelizada deflagrou uma campanha contra o governo Dilma Rousseff (PT) com acusações de corrupção, intrigas, calúnias e difamações contra o PT, de forma a preparar o clima para o avanço do impeachment no Congresso Nacional patrocinado pelos Estados Unidos e apoiado pela FIESP. Na sequência, o agente do Departamento de Estado, Sérgio Moro, foi alçado a herói nacional na “luta contra a corrupção” em virtude da Operação Lava Jato. O ex-presidente Lula foi preso pela Lava Jato e seus direitos políticos cassados no processo eleitoral de 2018. 

A Rede Globo, Folha de S. Paulo, Jovem Pan e Estadão apoiaram todas as arbitrariedades, cassação de direitos democráticos, destruição da economia nacional e a intervenção externa por parte dos Estados Unidos promovida pela Operação Lava Jato. Por isso, não é prudente acreditar nas fofocas e boatos contados por essa imprensa.

A educação política dos oprimidos e explorados consiste em esclarecer e cultivar a desconfiança em relação às palavras da imprensa capitalista, voz dos inimigos de classes dos trabalhadores. Os boatos e fofocas sobre Lula têm objetivos políticos precisos e é preciso ter em mente isso.

 

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