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Bolsonaristas fantasiados

Imprensa diz ser anti-Bolsonaro mas só anuncia atos bolsonaristas

Porta-vozes oficiais da burguesia fecham os olhos para atos populares da esquerda e fazem propaganda velada para Bolsonaro e seus seguidores.

A imprensa burguesa, especialmente a golpista Rede Globo, mas também os não menos golpistas Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, inseriram recentemente, em suas pautas, críticas continuadas ao governo fascista de Jair Bolsonaro.

Assim como tudo na vida, isto não passa de jogo de interesses. Esta mesma imprensa “isenta” é a que colocou o fascista Bolsonaro no poder e a mesma que o mantém lá.

Como representante fiel não apenas dos setores predominantes da burguesia essa imprensa não morre de amores por Bolsonaro. Que ele seja um genocida fascista, faz pouca diferença para o imperialismo — o problema, no entanto, é o seu caráter instável e imprevisível, que dificulta que medidas da política neoliberal avancem.

Ao mesmo tempo que tem asco do presidente fascista, a burguesia e, por conseguinte, a imprensa burguesa, são reféns do presidente ilegítimo. Nenhum dos partidos tradicionais da burguesia consegue emplacar um candidato que consiga substituir Jair Bolsonaro. Até mesmo nomes da direita que foram fantasiados de esquerdistas, como Ciro Gomes, falharam miseravelmente. Todos afundam como se em areia movediça.

O presidente ilegítimo e sua equipe têm plena noção das suas contradições com a burguesia. E, por isso, realizam convocação em massa para os atos do dia 7 de setembro em todo o país.

Sustentado por sua base social mais fiel, setores da pequena burguesia histéricos devido à crise econômica, Bolsonaro utilizará os atos de 7 de setembro como uma demonstração de força. Demonstração essa que na verdade contará com um senhor apoio da mesma imprensa burguesa (e da burguesia) que se diz contra Jair Bolsonaro.

Se a burguesia se mostra incapaz de manter o controle do estado e o entregou a um elemento da pequena burguesia fascista (Bolsonaro), prefere mantê-lo no poder ao ter que entregar ao “outro lado da moeda”. Em outras palavras, quando chegar a hora da decisão, a burguesia preferirá a manutenção do fascista Jair Bolsonaro no poder do que entregar o poder à esquerda.

Por isso, a imprensa burguesa, em momento algum veicula sobre os atos de 7 de setembro da esquerda. Pior ainda, finge que eles não existem, colocando em exclusivo destaque os atos golpistas do presidente ilegítimo.

Este “cancelamento” da esquerda por parte da imprensa burguesa não é novidade alguma. Pelo contrário, é a continuação de uma política que está a muito em execução. Desde o golpe de 2016, a esquerda foi às ruas. Porém, a imprensa burguesa cria uma narrativa de “apagamento” destes atos.

Obviamente ela acaba por noticiar, de maneira bem espaçada e rasteira, alguns destes atos. Todavia, basta observar as edições dos jornais burgueses para ver a clara diferença de tratamento.

Aí há dois pontos a serem salientados: (1) uma propaganda em que os atos da direita são inflados para dar “legitimidade popular” às “reivindicações”, da direita; e (2) colocar a esquerda como pequena ou em descrença com a população, além de dar destaque a fatos secundários como depredações e vandalismos que, em sua quase totalidade, são realizados por elementos da direita nos atos.

Os fatos comprovam isso. A burguesia e seus representantes constantemente sabotam os atos da esquerda. A prova maior disto é a política adotada pelo governador tucano de São Paulo, João Doria.

Além de entregar a Avenida Paulista, a avenida mais popular do país, aos bolsonaristas, Doria tentou proibir todos os atos pelo “Fora Bolsonaro” em São Paulo. Se isso não é uma tentativa aberta de impulsionar o bolsonarismo, é, no mínimo, a total e completa sabotagem do movimento contra o governo golpista.

As ações de Doria e dos demais governadores que propuseram carta a Jair Bolsonaro pedindo “diálogo” mostram que a direita golpista continua firme e forte no seu golpismo. O fracasso retumbante em conseguir algum nome para “terceira via” é, de pronto e imediato, substituído pelo apoio (ainda um pouco velado) a Jair Bolsonaro e sua trupe de fascistas.

Quanto mais próximo das eleições, mais o caráter de aliança entre o bolsonarismo e a direita golpista ficará evidente. A esquerda, especialmente a pequena burguesia, que se ilude com o “canto da sereia”, cairão de boca no chão quando se derem conta da punhalada que estão a sofrer.

A única solução para este problema é o fortalecimento dos atos “Fora Bolsonaro” e da campanha por “Lula presidente”. Se a esquerda titubear e não fortalecer sua presença nas ruas, Bolsonaro será invencível, ainda mais com o apoio da burguesia e do grande capital financeiro.

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