Uma enorme campanha publicitária em favor do candidato da “terceira via”, ou seja, da direita tradicional chefiada pelo PSDB. É o que anuncia o mais poderoso monopólio das comunicações do País, a Rede Globo.
Em uma decisão inédita, o partido da família Marinho, anunciou que vai dar ampla cobertura às prévias do PSDB para escolher o seu candidato presidencial que acontecem em outubro.
O monopólio da Globo promoverá o 1º debate das prévias presidenciais do PSDB já no dia 19 de outubro, no Rio de Janeiro.
Além de João Doria, estão inscritos o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador e ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Antes da realização das prévias, haverá outros 5 debates em diferentes cidades em cada uma das regiões do país. “Em todos os eventos serão discutidas as propostas dos pré-candidatos do partido sobre os principais temas da
sociedade brasileira, de modo especial envolvendo temáticas da região onde ocorrerá o debate”, anunciou o PSB no seu Twitter.
Sob medida para apoiar Doria…
A operação é parte do lançamento não oficial da candidatura do governador fascista João Doria (PSDB), que em 2018 se elegeu em dobradinha com Jair Bolsonaro, usando na campanha o nome de “BolsoDoria”.
Fica evidente que o plano é criar uma imagem artificial de Doria como uma “grande democrata” que disputa prévias (que serão exaltadas como um exemplo de democracia), apresenta propostas, pura demagogia e seria, portanto, capaz de derrotar Bolsonaro que já vem sendo apresentado, inclusive por setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, como o “mal maior”.
Além disso, Doria e todo o PSDB serão apresentados como um partido de tipo identitário supostamente preocupado com os problemas das mulheres, dos negros, dos homossexuais, dos índios.
Toda a manobra é a repetição da velha tática politica da burguesia de apresentar um “espantalho”, um “fantasma” a ser derrotado e em torno do qual toda uma frente, a “frente ampla”, deveria ser organizada. O que já ocorreu inúmeras eleições recentes no País e no exterior. É a repetição da política adotada pelos setores mais poderosos do imperialistas na batalha eleitoral nas eleições dos Estados Unidos, para eleger o principal candidato dos bancos, das industrias de armas e outros, ou seja, dos setores mais poderosos e reacionários, contra o candidato de outros setores da direita, mais fraco, Donald Trump. A Globo e toda a direita querem fazer do candidato tucano o “João BIden” tupiniquim e deixam claro que não vão economizar esforços e recursos nesse sentido.
… candidato dos identitários
A burguesia está transformando Doria no candidato dos identitários. Da mesma forma como ele foi apresentado de maneira enganosa como o “gestor” para sua candidatura à prefeitura de SP em 2016 ou como foi feito nas recentes eleições municipais de 20210, em que o golpista e reacionário Bruno Covas (ex-vice de Doria) foi apresentado como “democrata” e o “mal menor” em relação ao candidato do bolsonarismo. Isso depois do próprio Doria ter sido eleito como o candidato de Bolsonaro, o BolsoDoria, em 2018, como parte da fraude que foi condenar, prender e deixar fora das eleições, ilegalmente, a maior liderança popular do País, em quem o povo queria votar, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva.
A burguesia e o imperialismo deram o primeiro golpe com o impeachment de Dilma, depois o segundo com a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro, agora preparam o terceiro golpe elegendo Doria passando por cima da vontade popular que quer Lula.
A Globo que foi um um dos principais pilares do golpe em todas as suas etapas, e que reúne em torno de si os maiores empresários, bancos, políticos, partidos do imperialismo, está – mais uma vez – totalmente comprometida com essa estratégia. A transmissão dos debates das primarias do PSDB é um reconhecimento público de que ela é uma TV do PSDB, ou, em outras palavras, o PSDB é um partido da Globo ─ no final das contas, ambos são ferramentas do imperialismo.
Toda essa operação visa também criar condições para obter o apoio de setores da esquerda, muitos dos quais já comprometidos com a política de frente ampla com a direita golpista, sob o pretexto de que o mais importante do mundo seria ter um candidato alternativo a Bolsonaro, mesmo que ele seja o representante de tudo o que há de mais reacionário do País e ainda mais direitista e pró-imperialista do que Jair Bolsonaro.
Fica evidente que o plano para a terceira etapa do golpe é colocar Doria como o candidato “democrata” e “progressista” contra o espantalho reacionário de Bolsonaro. Para isso, a Globo entrou de vez na campanha para tirar Lula das eleições e colocar Doria no segundo turno contra Bolsonaro para chantagear a esquerda (através do identitarismo e da frente ampla) a votar em Doria.