Escolas estaduais de São Paulo receberam mais de 3,5 milhões de alunos de volta às aulas na última quarta-feira (2). Apesar deste ser o período com recorde no número de casos de COVID-19 desde o início da pandemia, os estudantes devem retornar suas atividades. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo determinou, entre outras medidas, que é obrigatório estar com a vacinação em dia e estabeleceu o prazo de 60 dias para a regularização após o fim do 2º bimestre, tempo máximo para que crianças de 5 anos tenham tomado as duas doses.
A volta às aulas é um absurdo diante da situação em que o país se encontra, principalmente o estado de São Paulo. Uma verdadeira ponte para o extermínio dos jovens. Já está bem comprovado que a vacina não imuniza ninguém. Desde casos menos graves a casos fatais, como foi com o ator Tarcísio Meira, que morreu mesmo tendo tomado duas doses, a vacinação não é garantia de segurança. E ainda que fosse, o Ministério da Saúde não comprou doses suficientes para as crianças e adolescentes. Em São Paulo, até semana passada, apenas 11% das crianças e adolescentes estavam vacinadas. Se por um lado a vacina já não garante nada, muito menos o uso de máscaras. Segundo as informações que a própria burguesia divulga através da sua mídia adestrada, a máscara capaz de evitar a propagação do vírus é a dos tipos PFF2 ou N95, que custa um valor alto para a maioria da população brasileira. O valor dessas máscaras ditas eficientes está em torno de R$8,00, ou seja, grande parte dos alunos usarão máscaras mais baratas e portanto menos eficientes. E ainda podemos apostar que faltará álcool 70%. Com um histórico de sucateamento das escolas públicas, agravado depois do golpe de 2016 e implementação do teto de gastos, onde faltam itens básicos da limpeza a recursos didáticos, não será uma surpresa que falte álcool também. Com salas de aula lotadas, num clima quente como o nosso, o ideal seria utilizar ar condicionado contrariando uma das orientações da OMS que é evitar espaços fechados e aglomerações.
A política desse governo sujo e hipócrita de São Paulo, apoiado pelo cartel da imprensa golpista, é tão contraditória que seria cômico se não fosse trágico, listar todos os argumentos furados para defender a indefensável volta às aulas.
Nas últimas 24 horas atingimos novo recorde de óbitos registrados (1.041) e São Paulo lidera o ranking com mais de 300 mortes por COVID-19. Analisando o movimento da pandemia desde o seu início, podemos perceber que ela acontece em ondas de aumento, pico e diminuição. No momento, estamos no pico da onda, não é hora de as escolas voltarem ao seu funcionamento normal. As aulas remotas poderiam continuar sendo uma opção ou até mesmo o ensino híbrido, dando o direito de escolha. Mas não, o ensino presencial será obrigatório para os paulistas.
Este é mais um ataque à juventude que vem sendo lesada por todos os lados, seja na política assassina de combate às drogas que serve apenas para matar e encarcerar jovens negros e periféricos, na criminalização do aborto que atinge principalmente as mulheres mais jovens ou na falta de oportunidades de profissionalização e emprego. A preocupação com as aulas é legítima porém podemos esperar a onda baixar. O que não podemos esperar é qualquer medida razoável da burguesia que está no comando do país, ou de um partido que roubou merenda das crianças. A única forma de combater a pandemia e resolver problemas na Educação é com mobilização popular. Os jovens precisam estar organizados e ir às ruas lutar pelos seus direitos, não aceitar mais este ataque.