Na última sexta-feira (24), o Ministério da Educação (MEC) realizou mais um corte no orçamento da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O corte remove 2,3 milhões de reais da universidade que já trabalha sob déficit orçamentário.
O MEC afirmou que o restante do valor bloqueado será destinado ao Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (ProAgro).
Com isso, o cálculo financeiro anual da universidade passa a ser R$ 36 milhões, algo que compromete ainda mais a situação da instituição que já vem sendo sucateada e complicando a situação dos 4 campi.
A reitora Ana Beatriz de Oliveira afirmou que a estrutura para a manutenção da UFSCar já é crítica, pois o corte ocorre em um orçamento que já é deficitário.
“Falta um mês e meio de recurso para que a gente consiga fechar o ano. Nós não queremos falar em fechamento da universidade (…) Nós chegamos em um limite muito crítico porque quando a gente tem um corte quando todos os ajustes já foram feitos, não há mais onde cortar sem comprometer a atividade da universidade”, disse a reitora em live, na segunda (27).
No mês de Maio, o Governo Federal já havia anunciado um bloqueio de 14,5% nas orças universitárias. Porém, no dia 3 de junho o bloqueio foi reduzido pela metade e foram bloqueados 7,2%. Posteriormente o valor foi cortado do orçamento universitário.
O metade do dinheiro dos cortes foi destinado para outros órgãos e a outra metade para o ProAgro. Deixando a UFSCar com de R $4.689.269,50 a menos em suas finanças.
“A redução de um orçamento que já era significativamente deficitário causa impactos diretos, invariavelmente, no funcionamento diário da Universidade. Não há mais onde reduzir custo sem comprometer as atividades fim da UFSCar”, afirmou a universidade em nota.
Os cortes causam um impacto direto no andamento de obras, manutenções e das residências estudantis.
A universidade tinha previsto no início do ano que o orçamento necessário em 2022 para o funcionamento básico da UFSCar seria de R $51,4 milhões. R $41,3 seriam destinados para manutenção universitária, pagamentos de contas e serviços terceirizados e compra de materiais para os 4 campi, o restante deveria ir para o Programa de Assistência Estudantil (PNAES).
O que ocorre é que mais uma universidade federal se encontra sob risco de fechar. A política de terra arrasada promovida pela direita golpista procura sucatear ao máximo as universidades e acabar com o ensino público.
São R $77,61 milhões a menos do orçamento universitário em 10 anos, o que contabiliza uma queda de 68,02%.
Com as universidades públicas funcionando com migalhas, torna-se mais fácil para a burguesia colocar em pauta o “financiamento” (leia-se cobrar os estudantes do ensino público) e até mesmo a privatização das próprias instituições de ensino superior.
O atual orçamento faz com que a universidade não tenha estrutura para o funcionamento de várias áreas e tipos de trabalho fundamentais para o ensino como pesquisas, extensões, cultura, aulas, bolsas, permanências, hospitais, manutenções e várias outras coisas que fazem com que uma universidade seja uma universidade. A UFSCar corre risco de passar 7 meses parada por conta dos cortes.
Já a principal entidade estudantil do país, a União Nacional dos Estudantes (UNE), não mobiliza um dedo para organizar os estudantes contra todos os severos golpes que o Governo Bolsonaro aplica contra as universidades públicas. Sua presidente, Bruna Brelaz, parece estar mais preocupada em prender um homem negro por racismo do que em defender democratização do ensino.
É necessário que os próprios estudantes, técnicos e professores se organizem e se mobilizem contra a política de terra arrasada promovida por Jair Bolsonaro através de uma verdadeira luta não somente contra o fim da UFSCar mas contra o sucateamento de todas as universidades públicas do país.