Após publicar no Diário Oficial uma portaria que obrigava as instituições federais de ensino à reabrirem suas atividades presenciais em janeiro, o MEC “recuou” frente a medida, e em menos de um dia resolveu revogar a própria portaria.
A decisão por parte do ministério bolsonarista pegou de surpresa estudantes, pais e professores, que desde do mês de março se mantem longe da salas de aula. Em entrevista à CNN Brasil, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou que não esperava tanta resistência por parte da população.
A cínica declaração surge pois para o ministro, o menor dos interesses é saber o que de fato agrada a comunidade acadêmica, que será exposta a um vírus mortal, mas sim aos grandes capitalistas, interessados na reabertura.
Está é a real política de Bolsonaro
Toda esta situação, sinalizou mais uma vez que o governo de Jair Bolsonaro está disposto à levar os estudantes à morte caso seja de interesse do mercado. Não há nenhuma política de contenção à pandemia, porém, há um forte interesse em reabrir as universidades, assim como já foram feitas com as escolas privadas e militares em todo país, para reanimar a economia capitalista.
Contrários a medida se posicionaram de imediato as reitorias, pressionadas diretamente pelos estudantes e professores, além de organização do próprio movimento estudantil.
Vale lembrar que a decisão se deu em meio a um dos piores momentos que o país vive desde que iniciou-se a contaminação pelo novo coronavírus. O mês de dezembro logo iniciou com a marca de 50 mil casos confirmados, o maior número desde agosto, o chamado “pico” da pandemia.
O fato é que o país sequer passou pela dita “segunda onda”, pois na prática a primeira jamais passou. Os números de casos hoje, são duas vezes maiores daqueles identificados no mês de março, quando as universidades fecharam.
Além do mais o país está retornando a marca de mil mortos diários, atingindo no último dia 2, 698 mortes confirmadas. Número esse só visto, nos meses de pico da contaminação.
Graças a todos estes fatores, não seria mais do que natural que toda a população rejeitasse a retomada das aulas presenciais. Porém, não podemos ver este “recuou”, como um dado definitivo.
“Devemos reabrir em todos os níveis”
Muito pelo contrário, o próprio Jair Bolsonaro declarou, mesmo após toda a repercussão negativa da portaria, que as aulas devem retornar “em todos os níveis”.
Bolsonaro defendeu a medida do MEC, e colocou:
“Estamos tentando a volta às aulas. Terminei [há pouco] uma conversa com o ministro da Educação [Milton Ribeiro], nós queremos voltar aula presencial em todos os níveis. Mas os reitores chegaram nele e [disseram] “não, queremos só começar em 2022”, tá? Aí, no meu entender, não tem cabimento, até porque esse vírus aqui fica grave de acordo com a idade da pessoa e comorbidades”.
As declarações não surpreendem, porém são um alerta para todo o povo brasileiro. Se dependesse de Bolsonaro, às aulas já teriam retornado, este é o interesse de toda a burguesia. Por isso, é de extrema necessidade organizar toda comunidade acadêmica, sobretudo a juventude, em uma série luta, não só contra a retomada das aulas, mas pela derrubada do próprio governo Bolsonaro.
A situação é clara, se Bolsonaro continuar as medidas para a reabertura em plena pandemia irão permanecer. As organização da juventude não podem ficar de braços cruzados, ou se manter apenas no campo virtual, como no caso da UNE.
A situação exige uma verdadeira organização da juventude em torno de uma campanha de “volta às aulas só com vacinação” e Fora Bolsonaro. Uma questão está diretamente ligada a outra, e isso necessariamente exige mobilização.
O recuo é provisório, o interesse em si continua, e ele foi dado graças a resistência inicial promovida pela população. Porém, os golpistas buscaram se reorganizar e lançar-se novamente em mais uma ofensiva contra o povo em torno desta política.
De maneira acabada apenas a mobilização poderá efetivamente derrotar esta medida e o governo Bolsonaro de conjunto, para isso, a política paralisante promovida pela direção da UNE precisa ser superada, e a juventude organizada para luta.
Em torno deste problema, a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), coletivo da juventude do PCO, está organizando comitês de luta estudantil em todas as regiões do país, com o objetivo de, além de lutar contra o EAD, promover uma verdadeira mobilização contra o volta às aulas e pelo Fora Bolsonaro.