Em sua coluna no jornal golpista Folha de S.Paulo, a jornalista Laura Matos se disse indignada com o fato de que no terceiro ano de Covid o governo do Amazonas, tenha se decidido por adiar a volta às aulas devido a expansão da onda causada pela nova cepa ômicron. A colunista argumenta que está preocupada com a falta de aulas para os nossos jovens, uma hipocrisia sem tamanho levando se em conta de que ela fala de um dos estados com os serviços públicos ,incluídos os de educação, mais sucateados do País. Segundo o censo escolar de 2014 sobre a educação no Amazonas, na rede municipal, 62% das escolas não têm bibliotecas, 89% sem salas de leitura, 77% não têm quadras de esporte, 71% não são atendidos pela rede pública de água, 76% não têm coleta de esgoto e 70% não têm dependências acessíveis às pessoas com deficiência. Já na rede estadual, 30% das escolas não têm biblioteca, 90% não têm sala de leitura, 53% não têm quadra de esporte, 53% não têm internet banda larga, 57% não têm água da rede pública, 85% não têm coleta de esgoto público, e 90% não têm acessibilidade. Esses dados continuaram iguais ou piores no censo do ano de 2020, ou seja, se a colunista realmente se preocupa com a educação das crianças e jovens do Amazonas, deveria estar chamando a atenção, já há muito tempo, para outros fatores e não simplesmente aparecer agora e se colocar contra a interrupção das aulas em meio a uma pandemia.
O Amazonas vem sofrendo uma escalada no número de casos da covid, chegando a ter quase cinco mil novos casos em um único dia no mês de janeiro e o número de pacientes que necessitam de leitos de UTI mais que dobrou desde o início do ano. No estado, os leitos de enfermaria, com 271 internados por Covid-19, também pressionam o sistema de saúde. A ocupação nesta terceira semana de janeiro já era 561% maior que a registrada no dia 1º, quando havia 41 pessoas hospitalizadas.
A maior pressão, diga se de passagem, se deu sobre os leitos clínicos infantis. O número de crianças internadas subiu de três em 1º de janeiro para 40 no dia 17do mesmo mês. O percentual de ocupação deste tipo de leito atingiu 80%. A ocupação de leitos clínicos infantis atual supera a registrada na véspera do segundo colapso do sistema de saúde. Dez dias antes do sistema de saúde colapsar com falta de oxigênio, em 14 de janeiro de 2021, o Amazonas tinha 20 crianças internadas, entre leitos clínicos e sala vermelha (criada para esperar por UTI).
Diante deste quadro, não resta dúvida de que a volta às aulas nesse momento colocaria a população amazonense na trilha de um novo desastre como ocorrido no início da pandemia, quando pessoas morriam sufocadas nos hospitais. É preciso denunciar que a defesa que o jornal golpista faz do retorno às aulas nada tem a ver com a preocupação com a educação dos nossos jovens mas sim com os interesses dos empresários do ramo da educação que já se transformou em um verdadeiro negócio onde importa muito mais o lucro gerado para os capitalistas do que a formação dos estudantes. Aos bancos também muito interessa esse retorno já que os estudantes ativos colocam a economia para funcionar com todos os gastos que decorrem do dia a dia. A Folha de S. Paulo, jornal que se diz a favor da ciência, ignora os dados da realidade e ao invés de pedir investimentos nos serviços públicos de saúde faz campanha para que haja uma nova tragédia no Amazonas e dessa vez tendo como protagonista a juventude. É preciso repudiar veementemente esse tipo de campanha, a juventude amazonense deve se organizar em comitês estudantis e se colocar firmemente contra o retorno às aulas até que a pandemia esteja realmente controlada.