A pandemia do coronavírus fez explodir as estatísticas de evasão universitária nos Estados Unidos. A crise desencadeada com o caos sanitário obrigou milhares de alunos a abandonarem o ensino superior nas faculdades norte-americanas que também registraram desde outubro de 2019 uma queda de 6,6% no número de matrículas.
De acordo com o National Student Clearing House, 14,4 milhões de estudantes universitários estão matriculados nas instituições de ensino superior dos Estados Unidos, 1 milhão a menos do que dois anos atrás.
No país que é o berço do imperialismo mundial a tendência da diminuição da procura por um diploma de graduação já é sentida a pelo menos uma década e esta situação apenas se intensificou com a pandemia de COVID-19. Um problema que já é sentido em instituições públicas e privadas.
Um dado curioso é que as chamadas faculdades comunitárias, centros que ofertam graduações curtas de até dois anos para formatura, atendendo alunos majoritariamente negros e pobres, foram as que mais viram seus discentes fugirem dos campi, a maioria a procura de trabalho.
Apenas o estado de Michigan sozinho deixou de matricular 17.500 alunos no ensino superior desde 2019. A Universidade de Oakland, próxima da cidade de Detroit, registrou a perda de 2.100 matrículas no mesmo período, isso logo depois de ter conseguido atingir recordes de ingressantes em meados de 2018 e 2019.
A alta desistência de alunos matriculados no segundo semestre de 2021 também foi registrada. Cerca de 50% a mais de alunos abandonaram os cursos em comparação com o ano anterior.
Numa tentativa de estimular os jovens a procurarem uma formação superior a Universidade de Georgetown divulgou um estudo onde aponta que trabalhadores graduados em cursos de bacharelado podem receber em média até US$ 2,8 milhões (R$ 14,3 milhões) durante sua vida laboral. Esse número seria 75% acima da renda média de quem possui apenas o ensino médio.
O que os dados da evasão universitária nos Estados Unidos demonstram, por sua vez, é que a crise capitalista está obrigando a juventude norte-americana a abandonar seus estudos para trabalhar e poder se sustentar muitas vezes em subempregos.
Não obstante, as instituições privadas não param de subir os valores das mensalidades e quem não obtém uma bolsa de estudos ou ainda se submete a um financiamento estudantil a juros abusivos acaba ficando de fora da universidade.
Esse fenômeno nada mais é do que um reflexo claro de que o imperialismo decadente não está conseguindo se sustentar, nem mesmo em seu coração que são os EUA e seu “american dream” (sonho americano).
A educação superior, que nunca fora democratizada de fato, se torna a cada dia algo mais exclusivo, tendência esta que não é uma peculiaridade dos norte-americanos, mas sim um fenômeno intrínseco do sistema capitalista cujo mecanismo de opressão não permite a popularização do conhecimento e da cultura uma vez que seu funcionamento de expropriação depende de um exército de mão-de-obra barata e pauperizada.
Como bandeira a juventude deve organizar-se e exigir o fim dos vestibulares excludentes e a ampla democratização do acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade, com o fim dos monopólios dos grupos educacionais privados e sua completa estatização e controle pela comunidade escolar.