Sem estrutura, sem vacinação massiva e com a nova variante delta, escolas e universidades reabrem em todo o País. Assim, a pressão desesperada da burguesia para abrir as instituições de ensino passa, mais uma vez, por cima da vida de milhões de pessoas. Enquanto isso, a burocracia do movimento estudantil se recusa, e, inclusive, colabora para a sabotagem do ato do dia 18 de Agosto.
Pesquisadores da UFRJ divulgaram nesta sexta-feira (13), um relatório que defende a inviabilidade de retorno normal às atividades presenciais na Universidade. De acordo com a análise, a variante delta pode provocar uma aceleração no número de casos de Covid no Rio de Janeiro. Além disso, a análise explica que seria necessário uma imunização completa acima de 70% da população brasileira, sendo que o País ainda está com 23,39% de imunizados.
“Estima-se que a cobertura vacinal acima de 70% dos indivíduos com esquema vacinal completo seria uma faixa segura para o início das medidas de flexibilização, desde que não haja a introdução de nova variante associada a escape imunológico das vacinas em uso”, como afirma o documento do grupo, que é coordenado pelo professor Roberto Medronho.
Ainda em 2021, professores, técnicos, familiares e estudantes ficaram doentes, mutilados ou morreram de Covid onde já se iniciou o processo de reabertura desenfreado, como é o caso de diversas escolas de São Paulo. As instituições, completamente abandonadas durante a pandemia, não têm infraestrutura para receber os alunos. Ora, aqueles que conhecem a qualidade das escolas brasileiras, sabem que inúmeras escolas e universidades não têm ao menos saneamento básico, papel higiênico ou cadeiras suficientes para os estudantes.
Isso, apenas se agrava com a pandemia e com o sucateamento provocado pela farsa do EAD. Em Campo Belo, por exemplo, uma microrregião do sul de Minas, as aulas presenciais que se iniciaram nesta segunda-feira (08), levaram a cidade que estava na onda verde a retornar para a onda vermelha.
Agora, mesmo com a nova variante, que é ainda mais contagiosa, as escolas voltam em todo o País e, em alguns lugares, com 100% dos estudantes. Até grandes universidades, como a USP, a Unesp e a Unicamp, já anunciaram a volta às aulas para o início de outubro, desde que todos os presentes estejam vacinados com todas as doses.
Esse é um dos pretextos para o acirramento da campanha pela volta às aulas: a vacina salvadora de João Dória. Mesmo com eficiência duvidosa, a nova variante e com a grande maioria das pessoas não imunizadas, a propaganda da imprensa burguesa é de que o vírus está sendo contido e que foi derrotado pelos golpistas, em especial pelo João Dória, a terceira via eleitoral da burguesia.
Muito pelo contrário. Como colocam os pesquisadores da UFRJ e como comprova-se com o aumento desenfreado das contaminações pela variante delta, estamos em “estado de alerta” e a volta às aulas, o que implica no trânsito de milhões de estudantes e da comunidade escolar, pode levar a milhares de mortes.
A juventude, e, principalmente o movimento estudantil, precisam barrar a volta às aulas e a política de genocida dos golpistas. Dória, Bolsonaro e todos os seus aliados, nunca tomaram nenhuma medida concreta para combater a pandemia, pelo contrário, sempre estiveram aliados a matança e a reabertura total do comércio tão necessitada da burguesia.
Sendo assim, a confiança nas instituições golpistas, e pior, a aliança escancarada com elas pelas principais organizações estudantis, é um crime grotesco contra todos os estudantes. A UJS, juventude do PCdoB, que controla a UNE e a UBES, ao invés de convocar os estudantes a lutar contra o retorno presencial lado a lado com os trabalhadores neste dia 18, prefere boicotar e golpear o movimento nacional de lutas pelo Fora Bolsonaro.
A ausência de uma convocação, a mudança de data e o apoio incessante para que os golpistas participarem do movimento não devem ser tolerados. Não é hora de voltar às aulas, muito menos, de capitular diante de Bolsonaro e de todos os golpistas. Se as direções fossilizadas do movimento estudantil não vão às ruas, elas devem ser atropeladas pelos estudantes e pela juventude, aqueles que carregam a crise nas costas.
Estudantes e trabalhadores às ruas no dia 18!!!