A volta às aulas das três maiores universidades paulistas – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de Campinas (Unicamp) trará um reforço à política da universidade para poucos: a exigência do passaporte da vacina.
Ao todo serão cerca de vinte mil alunos que devem retornar ou iniciar a vida acadêmica nessas universidades em 2022, um número já reduzidíssimo tendo em vista que só o vestibular da Fuvest contou com 110 mil candidatos a uma vaga universitária na USP em 2021. As universidades públicas são historicamente um privilégio da burguesia, que vem se aproveitando da pandemia para manter essas instituições dentro desse cercado.
Levando adiante a política ditatorial que vem tomando conta do País, as universidades estabeleceram que aquele aluno que ,sem motivo comprovado por atestado médico, não apresentasse a carteira de vacinação, terá sua matrícula sumariamente cancelada.
A mesma exigência se verifica quanto ao uso das máscaras que apesar de já terem tido o seu uso no dia a dia dispensado oficialmente pelos governos de diversos estados, inclusive o de São Paulo, serão arbitrariamente exigidas dentro das universidades.
Para justificar as exigências, as universidades invocaram o princípio da “proteção coletiva”, mas devemos dizer claramente que trata-se de uma justificativa hipócrita. O governo do estado de São Paulo, em momento algum da pandemia se preocupou em disponibilizar testes para a população, esta que poderia ser uma medida muito mais sensata para preservar todas as já escassas vagas das universidades públicas não está sendo sequer cogitada como opção para algum estudante que por ventura não se sinta seguro para tomar a vacina.
Como medida “extra de proteção”, a Unicamp também dividirá os alunos de uma mesma turma em três salas separadas, em que duas delas terão de assistir às aulas por videoconferência, mais uma medida que reforça a imposição ditatorial dentro das universidades. A prioridade deveria ser a contratação de novos professores e não a precarização das aulas.
Falar em “proteção coletiva” é um argumento cínico, para dizer o mínimo, quando se sabe que os transportes públicos superlotados recebem mais de um milhão de pessoas amontoadas todos os dias, e nunca deixou de ser assim em momento algum da pandemia, quando, aliás, as empresas de ônibus da capital paulista puderam sem problema algum inclusive reduzir a sua frota para não ter que circular com os ônibus menos lotados durante o isolamento social de parte da população e com isso correr o risco de ver seus lucros diminuírem.
A situação paulista se repete por todo o País, onde pelo menos 75% das universidades federais exigirão o passaporte da vacina para o ingresso de qualquer pessoa dentro do campus, decisão essa que foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal em fevereiro. Na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) no Mto Grosso do Sul, 580 alunos já tiveram suas matrículas trancadas.
Essas medidas são ainda um reforço ao poder da burocracia universitária e à subordinação do papel dos estudantes dentro das universidades ,que poderão agora inclusive ser, sem grandes pormenores, simplesmente impedidos de estudar.