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Universidade Marxista

Mostraremos na história o fracasso da política de frente ampla

Com o fim da segunda guerra mundial o stalinismo se estabilizou como força contra revolucionária no mundo inteiro, a frente ampla com a burguesia seria uma de suas principais armas

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O ano de 2021 começou com a maior Universidade Marxista que já foi realizada pelo partido, e pode-se dizer que da esquerda nacional também, mais de 1000 inscritos no curso “O que foi o stalinismo: uma análise marxista”. O presidente do PCO Rui Costa Pimenta ministrou 16 aulas entre janeiro e março abordando desde o conceito de burocracia, para explicar as bases do stalinismo, até um detalhado histórico dos acontecimentos na disputa política interna na URSS logo após a revolução, a ascensão de Stalin ao poder e sua política internacional, aplicada por partidos comunistas em todo o mundo. A primeira parte do curso terminou com o tema da Segunda Guerra Mundial, agora a Universidade Marxista retorna com a segunda parte do curso explorando os acontecimentos do pós-guerra até a queda da União Soviética.

A maior frente ampla da história

Na última aula ministrada pelo companheiro Rui Costa Pimenta foi abordado o acordo realizado no fim da guerra entre Stalin, Churchill e Roosevelt nas conferências de Ialta, Tehran e Potsdam. Na realidade a aliança fechada entre o imperialismo e o governo da burocracia soviética foi a maior frente ampla já feita na história da humanidade, desde a extrema direita, os fascistas Franco e Salazar da Espanha e Portugal, passando pelo imperialismo “democrático” EUA, França e Inglaterra, a própria União Soviética, e com ela todos os Partidos Comunistas que estavam sob sua direção, os governos pró imperialistas dos países atrasados como o do Marechal Dutra no Brasil e o Kuomintang na China.

Tamanha frente possuía um motivo muito claro, a guerra entre os países imperialistas criou uma gigantesca crise que iniciou processos revolucionários em todo o mundo, a burocracia soviética comandada por Stalin fez de tudo para sabotá-los garantindo a estabilidade da política internacional. O fenômeno já vinha ocorrendo desde a década de 1920, uma revolução em outro país era uma fator de mobilização da classe operária soviética, que poderia derrubar a burocracia stalinista, por sua vez a contra revolução em qualquer lugar do mundo fortalecia o domínio dessa burocracia. Essa foi a lei que regeu toda a política internacional da URSS até a sua queda, assim como o motivo que, em diversos momentos históricos cruciais, a política defendida foi a de frente ampla contra as mobilizações. Até hoje as viúvas do stalinismo seguem essa linha. A instabilidade política, o aumento de tensão na luta de classe dificulta, ou até mesmo impossibilita, os acordos com a burguesia

Após o período do fim da guerra em que Stalin por meio da frente ampla sabotou revoluções na França, na Itália e na Grécia. Tentou também, mas sem sucesso, sabotá-las na Iugoslávia e na Albânia. Temas a serem abordados na parte II do curso. Um dos fenômenos históricos mais importantes do século XX aconteceu poucos anos depois, a Revolução Chinesa, a classe operária do maior país do mundo em número de pessoas tomou o poder e expulsou o imperialismo. O processo todo foi abordado no curso da Revolução Chinesa que pode ser assistido também na plataforma da Universidade Marxista, contudo o papel do stalinismo no processo vale ser destacado.

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EXÉRCITO VERMELHO. A libertação da Manchúria na China se deu por meio das tropas soviéticas,
Stalin ao invés de ceder o poder aos comunistas entregou esse importante território a burguesia chinesa

Mao toma o poder, apesar de Stalin

A primeira revolução operária da China havia sido esmagada em 1927 devido a política de Stalin da subordinar o Partido Comunista Chinês, PCC, ao Kuomintang, KMT, partido do nacionalismo burguês, que era na realidade uma das formas da frente ampla com a burguesia. Essa política resultou em um massacre trágico, a derrota da revolução e a quase destruição total do PCC que teve de fugir para o campo para sobreviver. Se iniciou uma guerra civil de mais de 20 anos em que Mao Tse Tung ascendeu a uma posição de liderança, no processo o imperialismo Japonês invadiu a China o que forçou uma momentânea trégua entre KMT e PCC. Essa foi a deixa para o crescimento do Exército Vermelho chinês.

O KMT porém já havia capitulado completamente para o lado do imperialismo, a luta de libertação nacional foi travada apenas pelos comunistas, com poucas participações do Kuomintang. Assim o PCC ganhou um amplo apoio das massas da cidade e do campo. Isso tudo foi realizado apesar de Stalin, que em todos os momentos manteve sua política de subordinar o partido comunista ao KMT levando a uma paralisação da resistência contra a invasão japonesa. Na realidade, durante a guerra o KMT na prática estava ainda mais interessado em esmagar o movimento comunista do que garantir a libertação da China. Ao fim a política de Stalin foi de apoiar abertamente o KMT e não o PCC, o Japão foi derrotado com a invasão soviética da Manchúria, território Chinês que possuía recursos importantíssimos para o Japão prosseguir na guerra. Stalin em vez de ceder esse território para os comunistas o entregou de graça para o KMT seguindo a ideia de que este deveria governar o país.

Foram necessários mais 4 anos de guerra para que finalmente o Exército Vermelho comandado por Mao Tse Tung, contra as orientações de Stalin, finalmente derrotasse o Kuomintang e garantisse a vitória da revolução. O dirigente chines tomou a política certa de abandonar qualquer frente ampla com a burguesia e em vez disso mobilizar os camponeses e os operários na sua luta pela tomada do poder, e mesmo com todas as suas confusões ideológicas, dadas as condições revolucionárias do momento, conseguiu derrotar a direita. A “perda da China” como é citada nos documentos da inteligência norte americana, foi um grande trauma para o imperialismo.

A Unidade Popular e o golpe no Chile

O caso Chines termina de forma positiva contudo o mesmo não pode ser dito sobre o 11 de setembro do Chile. Em 1970 se formou uma frente ampla no país com o nome de Unidade Popular, ela consistia do presidente Salvador Allende, e seu Partido Socialista, o próprio Partido Comunista, de orientação stalinista, e os partidos burgueses da Esquerda Cristã e da Esquerda Radical. Um processo revolucionário se iniciava no Chile e o imperialismo organizava um golpe de Estado para derrubar o governo nacionalista de Allende. Dadas as condições de acirramento da luta entre a classe operária chilena e o imperialismo seria necessário um partido revolucionário que conduzisse a luta até a tomada do poder, algo totalmente oposto à política do partido comunista.

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ALLENDE E PINOCHET. A política revolucionária da frente única dos trabalhadores contra o imperialismo golpista não foi adotada pelo Partido Comunista, sua política era de confiar nas instituições

Enquanto a direita sabotava o governo Allende de todas as formas possíveis e a direita interna a UP sabotava o governo por dentro as massas se radicalizavam, tomavam terras, ocupavam fábricas e formavam milícias populares. A mobilização popular era repudiada pelos stalinistas, na prática eles se colocavam à direita de Allende por não estar tão pressionados pelas bases visto que o PS era muito maior que o PC, algo semelhante ao que ocorre com o PT e o PCB nos dias de hoje. O PC ao menos não atacava a grande liderança de esquerda do país, ao contrário do que fazem os frenteamplistas de hoje. A UP popular Chilena atuava por dentro do movimento contra a mobilização das bases o que a levou a sua destruição com o golpe, já a UP brasileira de hoje, um partido e não uma frente como no Chile, também aderiu a frente ampla contra as mobilizações com uma diferença, ela não apoia o maior líder de esquerda do país e grande alvo dos golpistas, o ex presidente Lula.

O PCB, a frente ampla e o fim da ditadura

Todo o processo de desmobilização apoiado pelo PC levou ao desarmamento, literalmente, das organizações dos trabalhadores, o que abriu caminho para o golpe fascista de Pinochet. O sucesso da política da frente ampla, como sempre, foi uma gigantesca derrota da classe operária. E na América Latina essa política não esteve presente apenas no Chile, no Brasil os stalinistas também cumpriram um papel no fim da ditadura tentando desmobilizar as mobilizações estudantis e operárias. Ao fim da década de 1970 o PCB se encontrava, também em uma frente ampla, dentro do MDB, o partido de oposição consentida da ditadura. Com o começo das mobilizações estudantis os stalinistas aplicaram essa política na prática, “Abaixo a ditadura!”, a palavra de ordem mais popular do movimento, deveria ser substituída por alguma questão setorial dos estudantes.

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PARTIDO SEM PATRÕES. A fundação do PT e da CUT se deu contra os stalinistas que tentavam a todo custo manter o movimento operário a reboque da burguesia por meio do MDB

Os stalinistas não conseguiram se manter no controle do movimento estudantil que saiu às ruas contra a ditadura, posteriormente perderam o controle do movimento operário que com as greves no ABC foi renovado culminando com a criação da CUT. Em todos os momentos o MDB e os stalinistas faziam de tudo para evitar o crescimento das manifestações, e a manobra que garantiu essa política foi a das Diretas Já. O movimento operário foi colocado a reboque de uma votação do congresso da ditadura e de conjunto se união com seus inimigos históricos do próprio MDB, foi uma vitória da política de frente ampla com a burguesia apoiada pelo PCB que culminou na eleição indireta de Sarney, ex presidente do Arena, partido da ditadura.

No caso a frente ampla em um momento de ascensão do movimento operário e de derrubada da ditadura militar não levou a tragédia que houve no Chile, contudo a vitória da frente ampla conteve as mobilizações que poderiam levar a uma mudança drástica do regime e até mesmo a uma revolução. Esses mesmos stalinistas que boicotaram todo movimento operário com a queda da URSS abandonaram completamente a esquerda, em 1992 se tornaram o PPS, hoje Cidadania, um anexo do PSDB que apoiou o golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff. O stalinismo na década de 1980 no Brasil, assim como em toda sua história, foi uma força de reação contra as tendências revolucionárias dos trabalhadores.

Os casos citados acima são apenas alguns dos mais relevantes da história do stalinismo, é importante lembrar que o fenômeno afetou quase toda a esquerda mundial, da Indonésia ao Canadá, da África do Sul à Noruega existiram os Partidos Comunistas seguindo a orientação da burocracia soviética. Sendo assim a segunda parte do curso O que foi o Stalinismo tratará dos mais diversos temas e explicará de forma aprofundada e do ponto de vista marxista boa parte da história da esquerda mundial na segunda metade do século XX. É uma oportunidade imperdível para todos aqueles que se interessam tanto na teoria quanto na ação política.

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