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Não estamos "cansados"

Contra toda a sabotagem, milhares saíram às ruas no dia 18

Mais de 60 atos, reunindo servidores públicos, trabalhadores dos Correios e diversas outras categorias, contra a reforma administrativa, as privatizações e por Fora Bolsonaro

Não foi nem de longe o que era possível e necessário diante dos pesados ataques desferidos contra os trabalhadores nas últimas semanas pelo governo e toda a direita golpista unida no Congresso Nacional, fazendo avançar a “mini-reforma” trabalhista (MP1045), a famigerada reforma administrativa (PEC 32) que quer destruir os serviços públicos e aprofundar a escravidão dos servidores, rebaixando salários congelados há anos, acabando com a estabilidade etc, bem como as doações das empresas públicas (Eletrobras, Correios etc.) por meio das privatizações.

Os atos do último dia 18 também não corresponderam à enorme revolta da população contra o governo Bolsonaro, revolta que não para de crescer, e que se expressou limitadamente nos quatro dias de protestos nacionais (29/5, 19/6, 3/7 e 24/7) e que se evidencia nas pesquisas eleitorais (ainda assim manipuladas pela burguesia) sobre a preferência entre os pré-candidatos à presidência da República, nas quais Lula, o candidato da esquerda, aparece disparado na frente.

Uma evolução qualitativa

Mas eles trouxeram à cena, ainda que de forma tímida, um aspecto fundamental para que a luta dos explorados contra o regime golpista possa ser vitoriosa: a presença marcante de setores organizados da classe trabalhadora, liderados pela maior organização operária do País, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e seus sindicatos.

Foram eles que levaram aos atos a maioria dos milhares de presentes, ainda que essa maioria estivesse formada – quase sempre – por dirigentes e ativistas sindicais, sem uma mobilização efetiva dos trabalhadores, diante da ausência – na quase totalidade dos casos – de caravanas por categorias, regiões, sem a realização de paralisações mais amplas, já que estas – onde ocorreram – como nos casos dos Correios, professores/SP, servidores de alguns órgãos públicos em algumas regiões – foram minoritárias porque, quase sempre, não foram precedidas de um intenso trabalho de agitação e propaganda nos locais de trabalho e tudo mais que é necessário para uma mobilização efetiva.

Apenas alguns setores mais combativos da CUT e do PT participaram das convocações. O PCO foi o único partido que convocou realmente o ato, em sua imprensa, impulsionando a atividade dos Comitês de Luta, que colaram milhares cartazes nas ruas, distribuíram panfletos, passaram com carros de som nos bairros operários e chamando os trabalhadores nas reuniões etc.

Belo Horizonte, MG

Sabotagem da esquerda frente-amplista

A causa principal desse “esfriamento” em relação aos atos anteriores não foi um alegado “cansaço” das mobilizações que alguns dirigentes chegaram a declarar, inclusive em entrevistas na imprensa golpista, mas o fato de que a mobilização foi abertamente sabotada por vários setores por razões políticas, por uma oposição desses setores em realizar uma mobilização que não estivesse em sintonia com os interesses da frente ampla, com os defensores da chamada terceira via, que não só se opõem totalmente a qualquer mobilização dos trabalhadores, como também são os maiores defensores (tanto ou mais do que o governo Bolsonaro) dos ataques contra os explorados que vêm se impondo no Congresso Nacional.

A ala direita das organizações de esquerda sabotou a mobilização popular. As alas centristas, vacilantes, capitularam diante dessa pressão para que o ato não ocorresse. Essa situação é o resultado da aliança com partidos da pseudoesquerda como PDT e PSB ou mesmo a crença em uma frente com a direita (PSDB, PSD, DEM etc) e também a união com as “centrais” pelegas. Afinal, esses setores golpistas e reacionários não querem o povo na rua, não querem derrubar Bolsonaro. Sabem que o povo na rua não tem apenas condições de derrubar Bolsonaro, mas sim de derrubar todo o regime golpista apodrecido do qual eles são integrantes.

A mobilização do dia 18 foi aprovada em reuniões do Movimento Nacional Fora Bolsonaro e da CUT com as chamadas “centrais”. Em ambos os casos, formalmente havia um compromisso em promover uma mobilização contra o governo trazendo para a rua reivindicações concretas dos trabalhadores diante da ofensiva da direita.

No entanto, essa ofensiva é impulsionada por setores da direita que alguns setores da esquerda, como é o caso do PCdoB, PSOL e direita do PT, têm como aliados, na chamada frente ampla, como é o caso do PSDB, MDB, PSD e até de setores do DEM, dentre outros. Setores os quais votaram e até pressionam o governo Bolsonaro para aprovarem todo tipo de legislação entreguista e anti-operária que eles mesmos impuseram nos governos em que estiveram à frente do País ou nas administrações estaduais e municipais que hoje comandam.

Foi visível e notório que os partidos e entidades a eles vinculadas, como a UNE, UBES, Coalizão Negra – que estiveram na linha de frente da defesa do PSDB nos atos e bradaram contra os elementos combativos da esquerda que expulsaram mercenários tucanos infiltrados nas manifestações da esquerda no mês passado – fizeram campanha contra os atos do dia 18, anunciando que as próximas manifestações seriam apenas em 7 de setembro, e em muitos casos sequer compareceram aos atos.

Como aliados políticos nesta sabotagem e mostrando seu caráter reacionário, estiveram as “centrais” criadas pelos patrões e pela direita para dividir os trabalhadores. Que, seguindo a vontade de seus “senhores” totalmente contrários a quaisquer manifestações dos trabalhadores, sabotaram totalmente os atos. Em alguns casos como o de SP, desta vez essas entidades não colocaram nem mesmo os figurantes contratados que costumam mandar para as ruas para balançar suas bandeiras e balões e fingirem que estão mobilizando e sequer os chefes das principais centrais pelegas compareceram ao ato.

Fica evidente que a única unidade capaz de fazer evoluir o movimento é aquela que represente uma ampliação deste em direção aos trabalhadores e não no sentido da burocracia inimiga da sua luta. Essa precisa ser ultrapassada, a partir de um intenso trabalho de agitação e propaganda nos locais de trabalho, pontos de concentração (como terminais de transporte coletivo, estações etc.) e bairros operários, inclusive, denunciando a traição desses senhores.

São Paulo, SP

As perspectivas

Mesmo com todas essas limitações, e com dirigentes da CUT cedendo espaço a algumas falsas lideranças (que não lideram ninguém e comparecem sozinhas nos atos), se colocando de acordo até mesmo – em alguns casos – com o reacionário veto à fala dos partidos de esquerda, sob o pretexto descabido de que o ato seria um ato sindical. Mesmo assim os atos – ainda que de modo embrionário – expressaram uma tendência de mobilização que precisa ser desenvolvida, pois corresponde a uma necessidade dos trabalhadores diante da situação atual e às próprias tendências de luta que despontam em alguns setores.

Não há qualquer possibilidade de vitória do povo trabalhador sobre o governo Bolsonaro e toda a direita golpista que não seja impulsionada, de forma decisiva, pela classe operária e por suas principais organizações de luta como a CUT, seus sindicatos e os partidos da esquerda.

É uma questão decisiva levar adiante uma luta contra a política de derrotas de abandonar essa perspectiva para apoiar a “saída” da frente ampla, que representa a terceira etapa do golpe de Estado contra os trabalhadores e todo o povo brasileiro. 

É preciso discutir os rumos do movimento e realizar um grande ato, sem a direita, com milhares de trabalhadores e jovens nas ruas no próximo dia 7 de setembro. Contra a sabotagem, fortalecer um grande Bloco Vermelho combativo e revolucionário!

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