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São Paulo

Antonio Carlos: arma para derrotar essa situação é a mobilização do povo

O companheiro Antônio Carlos, candidato ao senado pelo PCO, faz suas considerações sobre as eleições

O primeiro turno das eleições de 2022 foi agitado e cheio de controvérsias. Para falar um pouco sobre o assunto, o Diário Causa Operária entrevista Antônio Carlos SIlva, o Toninho, que foi candidato ao senado pelo Partido da Causa Operária.

Antônio Carlos detalha um pouco como se deu o processo, qual a opinião do partido sobre o período e seus obstáculos, além de como qual a política a ser seguida daqui para frente.

Confira a seguir a entrevista com Antônio Carlos:

1. Como você avalia a participação do PCO no 1° turno?

Essa eleição foi marcada muito claramente pela polarização política entre a esquerda, liderada pelo ex-presidente Lula, e a extrema-direita, liderada por Bolsonaro. O PCO teve uma importante presença política desde o primeiro momento, defendendo a candidatura de Lula e mobilizando sua militância. 

Apesar da enorme sabotagem que sofreu por parte do judiciário e de toda a estrutura do regime político golpista, tivemos um desempenho muito importante. O PCO foi alvo do ataque que cassou as suas redes na internet meses antes da eleição, um verdadeiro crime contra a liberdade de expressão e a liberdade de organização partidária e política. Depois disso, sofreu um bloqueio com o atraso de cerca de 20 dias da liberação dos seus minguados recursos do fundo eleitoral.

Mesmo assim, com a militância combativa e aguerrida, realizamos uma intensa campanha política, uma luta em defesa da candidatura de Lula, por um governo dos trabalhadores, sem patrões e sem golpistas e também na defesa do seu próprio programa político, com as reivindicações dos trabalhadores, com candidaturas representativas das lutas da população, e marcou uma presença política muito grande nessas eleições, confirmando as tendências de crescimento que já se manifestavam em torno da atividade do partido.

2. Houve uma discrepância enorme entre o resultado das pesquisas e a votação real. No seu caso, inclusive, o resultado das eleições foi 50 vezes menor do que o estipulado nas pesquisas. Como você vê esse cenário?

De um modo geral, as pesquisas políticas se desmoralizaram ainda mais profundamente nas últimas eleições. O comando dos institutos de pesquisa, os analistas da burguesia, o Partido da Imprensa Golpista (PIG), procurou apresentar o resultado como sendo consequência de erros ou de oscilações de última hora. Longe disso: As pesquisas refletem, por um lado, uma manipulação muito grande para tentar, num certo sentido, conter a polarização política em favor de Lula e de Bolsonaro, também atuando nos estados para tentar impedir uma vitória principalmente nos setores bolsonaristas, que tiveram um desempenho muito acima daquilo que foi apontado nas pesquisas.

No nosso caso, também vimos em todo País os nossos candidatos pontuando de 1% até 6% em algumas pesquisas. No caso de São Paulo, nós vimos que, na reta final da eleição, faltando dois dias para a eleição, mesmo na véspera, a gente pontuava entre 2% e 3% das pesquisas, mostrando uma tendência de voto, que se manifestava também no apoio que a gente recebia nas redes sociais, na intensa campanha feita pela militância do PCO nas ruas, destacando que o PCO distribuiu mais de 2 milhões de panfletos só em São Paulo, 5 milhões em todo o país e, obviamente, o que a gente vê levanta uma suspeita não só entre as pesquisas, que em momento nenhum nos favoreciam.

A imprensa, os institutos de pesquisas, os patrocinadores de pesquisa não manifestaram em momento nenhum algum motivo para nos favorecer, mas mostra uma suspeita com a própria manipulação do resultado eleitoral e sobre as “sagradas” urnas eletrônicas. Nós, do PCO, dizemos obviamente que fomos às eleições para fazer dela uma tribuna de luta, nós não tínhamos nenhuma ilusão do ponto de vista eleitoral imediato, mas evidentemente que o resultado deixou muito claro o quão manipulado é o processo eleitoral e que não há uma transparência, não há um controle do resultado eleitoral que permita à maioria do povo dar uma credibilidade ao resultado que surge das urnas.

3. Houve algum caso em que o eleitor votou em um candidato do partido, mas esse voto não foi computado?

São muitas as denúncias, pessoas ligando, entrando em contato pelas redes sociais, denunciando essa situação, que é justamente complicada de ser apurada porque não há um sistema de auditagem das eleições, não há conferência possível no caso do voto impresso, ou mesmo, uma reivindicação que era feita por vários setores no passado e que o PCO continua defendendo, que o voto tenha uma forma de conferência através da impressão do voto, através de um mecanismo que permitisse aos partidos políticos controlarem as eleições, já que estas deveriam estar sob o controle dos partidos, de entidades da sociedade, e de maneira nenhuma por um poder externo, que não foi eleito, que não foi votado por ninguém, que é o poder judiciário, a justiça eleitoral, controlar as eleições sem que haja uma efetiva transparência.

As denúncias foram muitas, mas a gente sabe que nesses casos é muito complicado o processo, até porque muita gente que reclama, por exemplo, setores da direita bolsonarista, agora que são beneficiados pelo processo eleitoral em alguma medida, ainda que possam ter sofrido algum tipo de prejuízo, há um silêncio, se calam diante da situação de perseguição a quem levantou suspeitas ou denunciou de maneira democrática, expressando sua opinião, sobre esse sistema.

4. Como você avalia o fato da campanha do PCO ter sido tão grande e sua quantidade de votos ter sido menor do que muitos partidos que não fizeram nenhum tipo de campanha, ou nem mesmo receberam o fundo eleitoral?

Num certo sentido, nós consideramos que toda essa situação de irregularidades, de estranhamento que provoca em muita gente, ela por um lado confirma os prognósticos feitos pelo nosso partido, que inclusive antes e durante a campanha eleitoral, assinalava que nós não tínhamos ilusão no processo eleitoral e que uma transformação mais profunda da situação possa advir de processos eleitorais tão amplamente manipulados. Ao mesmo tempo, é muito evidente que partidos sem nenhuma presença na situação política, partidos burocráticos, partidos voltados para uma atividade eleitoral muito pequena, como alguns partidos de esquerda, recebam, por sua política de submissão, sua aceitação ao regime político, um apoio, seja nas pesquisas, que a gente vê apontar muitas vezes resultados indicam um apoio que não existem, que não se expressa em nenhum lugar, que não tem uma correspondência com a realidade e no próprio resultado eleitoral. 

Num certo sentido, eu diria que isso é uma situação normal, porque o PCO, que é um partido antissistema, um partido que luta para organizar os trabalhadores e a juventude por fora do regime político, ele se confronta e é perseguido duramente por esse regime político. A gente não pode esperar outra coisa do regime político que o PCO denuncia do que ele atuar para favorecer aqueles que defendem o regime político, que cobrem as mazelas do regime político, e atacar um partido revolucionário que atua no sentido oposto, para desmascarar esse regime político, para transformar esse regime num regime democrático, defender mudanças profundas, principalmente uma revolução, a mobilização dos trabalhadores para transformar a fundo essa situação e, nesse sentido, é relativamente natural o fato de que partidos de esquerda com a UP, que foi sempre favorecido por esse mecanismo, até mesmo o PCB, que teria recebido o fundo eleitoral faltando apenas 2 dias para as eleições, tenham sido de alguma maneira destacados por esse mecanismo, mostra que esses partidos não atuam em oposição a esse regime político, mas uma consonância política, não são partidos revolucionários, não são sequer partidos democráticos, que se propõem a transformar essa situação, mas são partidos que endossam o funcionamento do regime político.

5. Como vai ser a campanha do PCO no 2° turno?

O PCO vai realizar sua 33° Conferência Nacional, no próximo final de semana, mostrando que é um partido democrático, ouvindo a sua militância. Vamos trazer delegados de todo país e até mesmo do interior para deliberar não só um posicionamento diante da eleição — coisa que já fizemos ao realizarmos um congresso, que definiu, por exemplo, dentre outras coisas importantes, pelo apoio à candidatura do ex-presidente Lula.

Nesse momento o mais importante é tomar posição diante do segundo turno, em que a polarização fica ainda mais evidente, e quando fica claro que há um crescimento dos aparatos e de setores da burguesia à candidatura do Bolsonaro, e que o PCO defende a necessidade de impulsionar uma mobilização nas ruas, com as organizações de luta dos trabalhadores, com a esquerda, o único caminho de garantia da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que representaria uma vitória dos trabalhadores contra o regime político.

Nós vamos fazer o debate na conferência sobre a importância dessa mobilização e necessidade de deixar para trás a política de conciliação e colaboração adotada pela maioria da esquerda durante o processo eleitoral até o primeiro turno, o que levou a um desarmamento da mobilização dos trabalhadores, mesmo do ponto de vista eleitoral, a resultados muito ruins, com a direita conquistando a maioria da câmara, do senado, a maioria dos governos estaduais, inclusive o governo dos estados mais importantes.

A única arma para derrotar essa situação, inverter essa tendência, que começa a se manifestar também do ponto de vista do mercado financeiro em apoio a candidatura de Bolsonaro, é a mobilização dos trabalhadores, a mobilização nas ruas, é um chamamento aos sindicatos, a CUT, a esquerda para reverter a orientação política que dominou até o momento e ganhar as ruas, provocar uma grande mobilização, uma política de esclarecimento em larga escala dos trabalhadores sobre o significado da vitória da direita e da importância da perspectiva de mobilização para enfrentar essa situação, não só agora no segundo turno, mas também após o resultado das eleições.

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