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Sobre a Revolução Brasileira

Rui Costa Pimenta e Nildo Ouriques debatem a Revolução Brasileira

A política de Rui Costa Pimenta e de Nildo Ouriques difere muito em um ponto crucial, qual deve ser a relação da esquerda revolucionária com o PT e com o ex presidente Lula

Nesta quarta feira 11/08, o Canal Resistentes organizou um debate entre Nildo Ouriques, professor de economia da UFSC e membro do diretório nacional do PSOL, e Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária. O programa intitulado “Diagnóstico e Alternativas para a crise brasileira”, que pode ser assistido na íntegra também na Causa Operária TV, tratou de uma análise geral da conjuntura política nacional apresentando duas visões bem distintas de cada dirigente político.

Para Nildo Ouriques, o ponto chave seria que há a grande transformação no capitalismo brasileiro, principalmente desde os governos neoliberais de FHC, que naufragou capitalismo industrial complexo dando origem a um “capitalismo dependente rentístico”. Sobre a questão do ex presidente Lula, Ouriques considera que a polarização entre ele e Bolsonaro se daria de forma que o primeiro representaria o “sistema”, isto é, uma democracia abstrata, enquanto o segundo seria o “anti sistema”, defendendo a mudança. De um lado, estaria o liberalismo de esquerda e de outro o “proto fascismo”. Os revolucionários se encontram entre a cruz e a espada e no momento não há esquerda capaz de vocalizar o desespero das massas. Para o professor universitário, tudo indica que o PSOL irá apoiar Lula, o que seria um colapso completo da política do partido.

Após a analise mais geral da conjuntura, o companheiro Rui Costa Pimenta também apresentou a sua, de forma panorâmica. Ele iniciou com o tema da revolução afirmando que é preciso analisar as condições objetivas dentro do movimento da economia capitalista internacional e nacional. O capitalismo é um sistema econômico esgotado, mas esse esgotamento não é linear, isso ficou muito claro na própria crise de 1929. Atravessamos um período em que o capitalismo conseguiu uma determinada estabilidade, mas isso se encerrou na década de 1970. Passamos pelo período de grandes mobilizações, no final da década de 1970, com a Revolução no Irã, na Polônia, na Nicarágua etc. Para responder a crise capitalista, foi lançada a política neoliberal, que foi uma resposta organizada do imperialismo. Ela consiste na destruição sistemática das forças produtivas para racionalizar o capital. A economia do Leste Europeu foi em grande medida destruída para permitir a manutenção de empresas capitalistas de outros locais. O mesmo houve com países imperialistas, EUA, e países atrasados, Brasil. É uma grande calamidade econômica organizada pelo imperialismo, uma grande destruição das forças produtivas.

Dando continuidade, o companheiro Rui abordou os impactos dessa mudança geral na economia, sobre o Brasil atual. Sobre a conjuntura antes da eleição de Lula, ele afirmou que a América Latina havia atingido uma situação revolucionária, houve o Argentinasso, uma grande insurreição na Bolivia dentre outros movimentos. Contudo, isso deu lugar a uma solução não revolucionária socialista, mas sim intermediaria, uma ascensão da esquerda moderada, do nacionalismo burguês, em vários países que buscaram, sem quebrar o essencial da econômica, fazer uma contenção da situação de calamidade. Lula é um desses casos.

Estes governos atuaram de forma muito moderada, mas levaram adiante uma política de beneficio aos trabalhadores, uma política paliativa. Entretanto, mesmo esse tipo de política se tornou insustentáveis no atual estágio do capitalismo, os problemas se tornam tão grandes que não têm solução. A situação se tornou cada vez mais crítica, mas com os partidos da esquerda nacionalista se mantendo no governo por meio das vitórias eleitorais, por isso o imperialismo iniciou a sua campanha de golpes de Estado em todo o continente, neste momento se insere a questão de Estado de 2016. Mesmo não sendo revolucionária, a política de reformas do PT não correspondia com a receita do imperialismo para a crise, que é atacar ao máximo os trabalhadores e a economia nacional ao máximo para aumentar o rendimento do capital.

Rui Pimenta segue explicando que o imperialismo não consegue conviver com uma situação anteriormente considerada como normal, o que existe atualmente são as exceções como no Peru e na Bolívia, mas não há uma real estabilização. Na Bolívia há uma discussão sobre o possível golpe de Estado. Na realidade, o imperialismo, que controla a economia brasileira, vê como solução para o problema a devastação total econômica, que é a política de Temer e Bolsonaro, já a política do PT não se enquadra nesses termos. A “democracia”, que leva os partidos da esquerda nacionalista ao poder, assim se torna cada vez mais ameaçada e se levanta cada vez mais os riscos de golpe.

Após a análise geral da conjuntura, o companheiro Rui Pimenta conclui com a questão das perspectivas revolucionárias. A situação é favorável para o desenvolvimento revolucionário e o ponto crucial é o crescimento do partido que seja capaz de impulsionar as tendências revolucionárias e num dado momento tomar o poder. Qual o grande problema, o grande enigma da esquerda? O PT. O problema é a superação da política do PT, ele não é um cachorro morto, ele tem uma presença grande nas amplas massas. O problema consiste em fazer com que a classe trabalhadora e a esquerda evoluam da posição reformista do PT para uma posição revolucionária. É o processo em que estamos colocados.

O PT agora está obrigado a travar uma luta contra a burguesia e o imperialismo. O papel dos revolucionários é acompanhar as grandes massas que apoiam o PT em todas as etapas desta luta. Foi um grande erro daqueles que apoiaram o golpe contra Dilma, outro erro também foi não defender a liberdade de Lula. É preciso atravessar todas as etapas e a etapa atual é a luta contra Bolsonaro, e mais uma vez a esquerda não esta travando a luta de forma consequente, ela está se subordinando ao parlamento dominado pela direita. E aqui Rui Pimenta ressalta a divergência com Nildo, o que facilitaria a evolução política das massas é a defesa da candidatura de Lula, que esta sendo vetada pela burguesia.

É preciso atravessar todas essas etapas políticas, fazer com que através da luta de ideias, da propaganda e da ação política se desenvolvam as tendências revolucionárias que estão presentes nas massas. Como última consideração, Rui levanta outro problema, o refluxo da classe operária devido à destruição da indústria nacional, há uma destruição em favor da economia especulativa. Mas para ele está claro que em algum momento a situação irá se reverter e a classe operária entrará em cena. Afinal, é preciso que o proletariado seja o agente fundamental de toda a situação política.

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