Nesta sexta-feira, 3 de setembro, Rui Costa Pimenta participou de mais um café da manhã no DCM. O presidente do PCO fez uma análise sobre a candidatura da terceira via nas eleições de 2022. O programa contou também com uma análise sobre a situação de Lula e da esquerda no dia 7 de setembro diante da enorme mobilização bolsonarista.
Leandro Fortes começou a conversa questionando o presidente do PCO sobre o apaziguamento nos ataques do STF a Bolsonaro. Segundo Rui provavelmente o que ocorreu foi um acordo entre os dois lados, “ o que acontece é os setores da burguesia que apoiam a terceira via estavam em um ataque muito duro contra Bolsonaro e ele respondeu com os atos do dia 7 de setembro e com ameaças, mas eles chegaram em um acordo, de diminuir os ataques contra o Bolsonaro, o que é muito bom pra ele. Qualquer esperança que alguns tenham de que o STF irá deter Bolsonaro não é fato”.
Um importante fator, que representa outro grande avanço para Bolsonaro, é a enorme mobilização das polícias por todo o Brasil, que marca uma nova face da mobilização política da extrema direita. Com isso, a ala mais radical da direita está conseguindo mostrar uma enorme força, a esquerda, entretanto, não tem nenhuma carta na manga para responder este golpe e está apostando todas as suas fichas nas eleições de 2022.
Tudo indica que a burguesia esteja contando com a candidatura da terceira via, representada por João Dória, que já está tomando medidas para melhorar suas pesquisas para 2022. O modelo para governar o país seria o seu governo na cidade de São Paulo, o qual está privatizando grande parte da cidade.
Parte da burguesia já está apoiando a terceira via de Dória, o slogan preferido da mídia é “nem Lula nem Bolsonaro” e a Globo já está anunciando a transmissão das prévias eleitorais do PSDB. A campanha do candidato da terceira via em cima das pautas identitárias também é uma aposta da direita para arrecadar votos da esquerda, “isso não é algo surpreendente, é o caso de Joe Biden nos Estados Unidos com a vice negra. Em São Paulo já colocaram uma mulher negra feminista, do PSDB, na secretaria de cultura e o doria ja esta compropostas para os LGBT, o que mostra que isso tudo é para propaganda eleitoral e altamente manipulavel”, completou Rui.
Sobre a interferência do capitalismo e da burguesia nas eleições, Rui Costa afirma que uma parte do capital industrial de menor tamanho está a favor de Bolsonaro, os bancos, que possuem um maior capital e uma influência internacional, estão com o candidato da terceira via, que seria o Dória. Já o agronegócio está dividido, a parte que comanda o comércio interno está totalmente ligada ao governo, entretanto os grandes exportadores estão com um pé atrás, por causa da péssima relação internacional do governo Bolsonaro. Segundo Rui: ‘O problema é que os bancos controlam todo o aparato da imprensa, que vai estar toda contra o Bolsonaro, como estiveram nos EUA contra o Trump, e têm o apoio de grande parte da classe média e dos partidos que controlam a eleição no país. Eles vão usar toda essa máquina, vão usar muito dinheiro para aliciar pessoas, e por isso vão ter o apoio de muita gente. A eleição, ao que tudo indica, está sendo vista pela terceira via como um embate entre Bolsonaro e terceira via. O problema está no nosso terreno, a candidatura do Lula terá muita dificuldade de ganhar a eleição porque ela não está apoiada em nada, o Lula não tem apoio do aparato político eleitoral, o Lula não tem apoio da imprensa, muito pelo contrário, é a única força que ele tem é a sua popularidade e a capacidade das organizações de esquerda para mobilizar os trabalhadores para esse embate, mas não estão mobilizando ninguém”.
Sobre as manifestações do dia 7 de setembro a extrema direita está se mobilizando com grande força, de acordo com as últimas notícias são cerca de cem caravanas saindo de todo o Brasil para São Paulo. A esquerda, em contrapartida, não está investindo nos atos, segundo Rui, “são vários fatores, o primeiro é o medo, a esquerda sempre tem medo de alguma coisa, a um tempo atrás era o covid, agora estão falando que é por causa dos confrontos com os bolsonaristas. Um segundo problema é que a esquerda sofre muita pressão da direita, por causa das alianças políticas, é o funcionamento da frente ampla, funciona contra a esquerda e não a favor. Em terceiro lugar, tem um setor que acha que a mobilização não é o caminho, e sim a eleição, só que eles não entenderam ainda a eleição não é só uma votação, mas sim um embate de forças reais, por isso que a burguesia ganha sempre, porque ela tem o controle da máquina toda. E finalmente, os sindicatos estão sem dinheiro e não estão dispostos a investir em uma mobilização, o que é um erro, porque a mobilização garante o futuro deles”.
Sobre o lula, Rui considera um erro do PT em não ter levado o maior representante da esquerda nos grandes atos do Fora Bolsonaro que aconteceram, no dia 7 de setembro seria necessário que o partido fizesse uma maior mobilização para que Lula não compareça a um ato pequeno, o que será uma derrota política para a esquerda, entretanto se os atos estiverem mobilizados a presença de lula é muito importante. Diante disso, caso o candidato da esquerda compareça às manifestações isso já deveria estar sendo divulgado, porque a sua presença é um enorme agregador das manifestações, e pode mobilizar uma grande quantidade de militantes.
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