Nesse domingo (02), ocorreu o primeiro turno das eleições gerais de 2022. Por um dia inteiro, o Brasil esteve de olho nos resultados das apurações que definiram os nomes eleitos para os cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual, bem como seus suplentes.
Como é tradição, o Partido da Causa Operária (PCO), seguindo os seus princípios marxistas, também participou do pleito deste ano. Acima de qualquer cargo ou ganho meramente eleitoral, o Partido entende que a participação nas eleições se dá, justamente, para levar a sua ideologia revolucionária ao povo que, durante a corrida eleitoral, está com os ouvidos abertos para a discussão política.
Nesse sentido, centenas de candidatos foram lançados, pelo Partido, em praticamente todos os estados do Brasil. Candidaturas que, em sua totalidade, representaram os interesses dos trabalhadores na luta por Lula Presidente, contra o golpe de Estado no País e por um governo da classe operária.
No Piauí, não foi diferente. Concorrendo ao Palácio do Karnak, Lourdes Melo foi mais uma vez escolhida para representar o PCO na corrida pelo cargo de governadora. Figura muito conhecida, acima de tudo, na capital do estado, Lourdes angariou um total de 1.924 votos, número que vai na contramão das tendências do Partido, principalmente em âmbito estadual, no que diz respeito ao crescimento de sua popularidade no último ano.
Nas eleições de 2014, Lourdes teve uma votação final de 2.180 votos. Como explicar essa diminuição? Afinal de contas, em 2014, o Partido da Causa Operária era muito menor do que é nos dias de hoje, principalmente levando em consideração que o Partido foi impulsionado por sua política acertada em relação ao golpe de Estado de 2016. Só por esse fato, os números de Lourdes deveriam aumentar, e não o contrário.
Ao mesmo tempo e, mais impactante do que isso, é preciso levar em consideração que a candidata ao governo pelo PCO viralizou nas redes sociais após participar de um debate eleitoral na televisão. Sua famigerada frase “Você quer me calar?” foi espalhada por toda a internet, entrando para a história como um dos momentos mais icônicos das eleições de 2022. Com isso, qualquer vídeo de Lourdes prontamente era espalhado e atingia as centenas de milhares de visualizações. Um verdadeiro fenômeno.
Uma candidata que é amplamente conhecida pela população piauiense por sempre estar na disputa para o governo ou para a prefeitura de Teresina, por estar nas ruas antes, durante e depois das eleições, por participar de debates em televisão aberta e por se destacar neles nunca poderia ter meros dois mil votos.
Nada disso teria, portanto, influenciado na votação de Lourdes? Decerto que a culpa não pode ser das gloriosas urnas eletrônicas que, como bem propagandeia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são os únicos dispositivos inventados pelo ser humano que são completamente infalíveis e invioláveis. Uma conquista da tão consolidada democracia brasileira mais grandiosa que, até mesmo, a Biblioteca de Alexandria.
Não, a culpa não deve ser das urnas. Antes, deve ser culpa das chamadas fake news. Vai ver que, pouco antes do início da votação, algum grupo bolsonarista publicou uma foto de Lourdes com uma mamadeira de piroca. Excluindo-se a possibilidade de fraude – que, por motivos legais, não pode nem mesmo ser cogitada -, a única explicação possível para o que aconteceu no Piauí reside em escatologias como a citada acima.