Nesta terça-feira, na TV 247, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, em sua prestigiada análise semanal, tratou dos pontos que mais se destacaram a respeito da situação política nacional durante os últimos dias.
Rui começou respondendo a respeito do vazamento do áudio do banqueiro André Esteves, expondo que acredita se tratar de algo apenas acidental, e não de uma ação mais calculada. “Isso mostrou nossa querida burguesia financeira, um setor importante da burguesia brasileira, em nu frontal”, disse em tom bem humorado. “Revela o controle que o capital financeiro tem sobre o estado, revela claramente o que é a democracia capitalista. É o controle dos bancos sobre o estado”, acrescentou Rui.
Quanto ao que foi dito sobre Lula, o mais importante, segundo Rui, é que fica bem patente que para “essa gente” é: “Nada de Lula”. Afinal, o capital financeiro sabe que a base social que apoia Lula seria uma força que se contraporia aos interesses dessa burguesia e um fator permanente de pressão sobre um eventual governo Lula. Outro ponto que chamou a atenção de Rui é que Esteves deixa claro que eles creem que a intenção de voto em Lula vai cair bastante no próximo período. “A jogada deles é diminuir a votação do Lula e a dispersão do voto vai ajudar a mandar para um segundo turno um candidato sem voto como o padrão observado na eleição francesa com a eleição de Macron”, disse Rui.
Em relação à votação da PEC 5, lhe foi perguntado o que teria levado os parlamentares do PSOL a votarem contra a proposição. Rui explanou que, na sua interpretação, o que houve foi uma adesão a uma política determinada. “Todo mundo nessa altura dos acontecimentos já sabe o que significa isso e ninguém pode alegar desconhecimento. Nós tivemos um golpe e o golpe foi organizado por essa gente, por esses procuradores. Passaram por cima de toda a legislação. Uma coisa aterrorizante pra qualquer pessoa que tenha noção do que é um estado de direito, estabeleceu-se aqui uma ditadura”, disse Rui Costa Pimenta. “Colocaram o pais sob um estado de sítio, extorquiram confissões, lançaram uma campanha persecutória muito clara contra o PT e o Lula, derrubaram o governo da Dilma e se aliciaram com o capital estrangeiro”, disse ainda.
A esse respeito, ainda disse Rui que um partido que se diz democrático deveria exigir uma investigação e exigir que houvesse uma reformulação profunda no judiciário. “Além disso eu acho que a PEC 5 é pouca coisa, deveria haver uma modificação muito mais profunda, a começar pela ideia de que todo o judiciário deve ser eleito, devem prestar contas ao eleitor, ao povo, por que não é possível que haja gente que faça isso que eles fizeram e eles fizeram muita barbaridade”, afirmou.
Quanto a outro assunto que tratou da liberdade de expressão e o intuito manifestado pela CPI em banir Bolsonaro e o bolsonarismo das redes, Rui disse que caso essa questão se concretize certamente se estenderia também contra a esquerda, principalmente contra o PT, pois isso estabeleceria um método que passaria por cima das leis e da constituição. “Isso cria um clima de autoritarismo, de ditadura”, disse.
Quanto a essa questão ainda, perguntado sobre se teme que o PCO venha a ser banido também das redes sociais por causa de suas posições, Rui disse que sempre teve essa preocupação e que isso é um perigo concreto. “Mas eu temo mais não é nem o banimento do PCO, mas o banimento do PT”, disse Rui. “O PT é pelo menos 80% da esquerda nacional, se você banir esses 80%, o restante tá perdido, muita gente não percebe isso”, acrescentou. Além disso Rui Costa Pimenta disse que o PSOL, por exemplo, quando defendeu o golpe de estado contra o PT, não percebeu isso, pois não era uma coisa apenas contra a Dilma, era algo contra a esquerda no geral e que por isso também o PCO saiu em defesa do PT.
Uma outra das perguntas feitas ao Rui chamou a atenção por questionar sobre o método utilizado que fazem o PCO e as análises políticas do partido sempre acertarem nas suas previsões. “Nós temos uma análise que é uma análise marxista de fato, não uma análise acadêmica”, respondeu Rui. “Nós julgamos a situação a partir das classes sociais, mas o que garante o acerto é a experiência que possuímos em manejar esse tipo de método, o que não é uma coisa simples e nós somos um partido já antigo nessa altura dos acontecimentos. Hoje já fazemos uma análise de conjuntura quase diário”, completou.