A imprensa revolucionária cumpre um papel fundamental no trabalho de agitação e de organização política do partido. É interessante quando essas premissas da teoria revolucionária se verificam na prática. Eis um privilégio dos militantes sobre os acadêmicos e pedantes em geral.
Estamos nos referindo aos últimos fatos da situação política, ou seja, aos momentos que antecederam e que sucederam aos atos do dia 7 de setembro.
O PCO, através de sua imprensa, fez uma propaganda e uma agitação insistentes pela necessidade de mobilizar o povo no dia 7 para se contrapor aos atos bolsonaristas.
A esquerda pequeno-burguesa vacilou até onde foi possível. Os que diziam defender o ato não tomaram uma atitude enérgica para convocá-los. Outros, pior ainda, defendiam sequer que houvesse um ato.
Enquanto a esquerda vacilava, os bolsonaristas preparavam uma enorme demonstração de forças, que de fato aconteceu.
O PCO, por sua vez, intensificou a propaganda de que era necessário sair às ruas, que não se deveria deixá-las para a extrema-direita. Foi essa luta política, dada principalmente por meio da imprensa , que garantiu que os atos ocorressem. E eles só não foram grandes como os primeiros por conta justamente da vacilação e do boicote de setores da esquerda.
A esquerda que vacilava estava seguindo as orientações da imprensa golpista. Na falta de uma política própria seguem a política da burguesia; na falta de uma imprensa própria, repetem o que diz a burguesia. Essa esquerda acreditou que os bolsonaristas estavam preparando um golpe militar imediato, que as manifestações bolsonaristas não seriam aquilo que eles realmente foram, ou seja, uma mobilização da extrema-direita de apoio ao governo com vistas principalmente às eleições de 2022.
Porém, como a burguesia, para atacar Bolsonaro, dizia se tratar de um golpe, vimos a esquerda entrar em certo desespero, acreditando no que não passava de uma campanha eleitoral de uma das alas da burguesia golpista.
A imprensa do PCO, novamente se mantendo independente, explicava que era preciso frear os bolsonaristas nas ruas por meio de uma mobilização, mas que não se tratava de um golpe imediato.
Passado o dia 7, no entanto, eis que a esquerda pequeno-burguesa oscilou entre o medo do golpe imediato e a subestimação das manifestações bolsonaristas. Como a esquerda acreditou que Bolsonaro estava preparando um golpe militar, ela acreditou ter sido um fracasso as centenas de milhares de bolsonaristas que saíram às ruas.
Novamente, vemos o efeito da ausência de uma política independente para a situação. Acreditaram na campanha eleitoral da terceira via feita pela imprensa burguesa contra o antidemocrático Bolsonaro e isso a impossibilita de analisar friamente o que ocorreu.
E para tirar as conclusões corretas do que aconteceu, a imprensa do PCO novamente entra em cena. Contra todo o senso comum da esquerda, o PCO explica que as manifestações bolsonaristas foram uma importante demonstração de força da extrema-direita. Isso é um perigo para o movimento de massas e um perigo para as pretensões eleitorais da própria esquerda em 2022. Bolsonaro, com essa demonstração de forças, aponta como um nome forte para as eleições e se coloca, inclusive, numa posição favorável aos demais setores da burguesia que podem passar a apoiá-lo como em 2018.
A imprensa revolucionária é o melhor meio para a orientação correta da situação. A arma contra as armadilhas e manobras da imprensa golpista
