Na última terça-feira (17) o vice-presidente afegão deposto pelo Talibã, Amrullah Saleh, foi às redes sociais para se autoproclamar presidente interino do Afeganistão.
Saleh integrava o governo do então presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país para os Emirados Árabes Unidos momentos antes do Talibã tomar a capital Cabul, no último dia 15. Saleh se deslocou para a província afegã de Panjshir, onde está organizando um movimento chamado “Frente de Resistência Nacional” em conjunto com Ahmad Massoud, cujo pai, Ahmad Shah Massoud, liderava a milícia “Frente Nacional Unida”, também chamada “Aliança do Norte”.
Massoud publicou um artigo no jornal norte-americano Washington Post no último dia 18 intitulado “A resistência mujahideen ao Talibã começa agora. Mas nós precisamos de ajuda.”, reproduzido também em grandes jornais da Europa, no qual demanda apoio político e armas dos Estados Unidos.
Enquanto Saleh é conhecido nos círculos de análise estratégica como sendo um homem da CIA, Massoud é conhecido como um ativo treinado pelos britânicos. Fez um curso militar na Royal Military Academy. Logo após, cursou estudos militares no King’s College de Londres, onde se formou em 2015. E em 2016 obteve o bacharelado em Política Internacional pela Universidade de Londres.
Saleh chegou a chefiar o “Diretório Nacional de Segurança” (DNS), a agência afegã de inteligência, fundada em 2004, após a invasão da OTAN. Saleh montou no DNS uma vasta rede de informantes e espiões, tendo como alvos prioritários o Talibã e a região de fronteira com o Paquistão. Com um atentado na conferência de paz de Cabul, em 2010, Saleh foi demitido do DNS, porém continuou a atacar diariamente o Talibã e o Paquistão em sua conta no Twitter.
Após a vitória do Talibã em sua guerra de 20 anos contra o imperialismo, amplamente apoiada pelo povo afegão, a imprensa imperialista deu início a uma ampla campanha de propaganda para criar confusão sobre o que efetivamente está acontecendo no Afeganistão.
Além de explorar o caos gerado no Aeroporto de Cabul pela fuga de milhares de pessoas, principalmente de colaboradores do governo-fantoche e emigrantes econômicos, a imprensa imperialista tem feito uma ampla campanha anti-Talibã explorando a questão dos direitos das mulheres, com o objetivo de impedir a comemoração da derrota do imperialismo e gerar confusão.
Agora, seguindo a estratégia adotada na Venezuela com Juan Guaidó, de “presidentes interinos” autoproclamados, o imperialismo tenta criar uma duplicidade de poderes e confusão na imprensa para impedir que o Talibã consiga criar um governo estável e inclusivo.