Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Imprensa Imperialista

Thomas Friedman, do NYT, diz que Biden deve agir, mas em silêncio

Jornalista do NYT dá um puxão de orelha no governo que, na opinião dele, pode usar a Ucrânia, mas sem fazer barulho

O jornal O Estado de São Paulo reproduz texto de Thomas L. Friedman, jornalista do NYT que é um puxão de orelha no governo Biden porque este está expondo muito claramente quais são as verdadeiras intenções dos EUA no Leste Europeu: usar a Ucrânia, até o último homem, para desgastar e enfraquecer a Rússia.

Friedman repreende a fala do secretário da Defesa americano de quando este esteve recentemente na Polônia: “Lloyd Austin, chamou minha atenção — e certamente a de Vladimir Putin — quando declarou que o objetivo de guerra dos Estados Unidos na Ucrânia não se resume mais em ajudar os ucranianos a restabelecer sua soberania, mas também em produzir uma Rússia “enfraquecida”.

Queremos ver a Rússia enfraquecida ao ponto que ela não seja capaz de fazer o que fez ao invadir a Ucrânia”, afirmou ele. (…) E queremos vê-los sem a capacidade de reproduzir esse tipo de capacidade muito rapidamente.”.

Para Friedman, essa fala foi uma imprudência, pois deveriam ter avaliado todas as suas consequências secundárias e terciárias. Questiona se existe essa capacidade de “degradar tanto as forças militares russas até que o país não seja capaz de projetar poder novamente”. Se sim, “logo? algum dia? Não ficou claro – e que somos capazes de fazer isso sem arriscar uma resposta nuclear de um Putin humilhado”.

O jornalista não é contra o aquilo que o imperialismo pretende fazer, tanto que declara “Não duvidem: Eu espero que esta guerra acabe com as forças militares russas acentuadamente degradadas e com Putin fora do poder.” E em seguida acrescenta “Mas eu jamais diria isso publicamente se fosse autoridade, porque isso não gera nenhum benefício e possivelmente pode custar caro”. “Lábios à vontade demais afundam navios — e também ocasionam exageros de guerra, esforços vãos, desconexões entre fins e meios e enormes consequências indesejadas”.

Eis o imperialismo e sua imprensa, assim, a nu. Um representante do governo dos EUA diz que pretendem usar um outro país em uma guerra por procuração e um jornalista várias vezes premiado (por que será?) diz que tudo bem, façam isso, só não fiquem falando.

Biden falando demais

A matéria também critica a fala do presidente dos EUA, Joe Biden, que em março deste ano afirmou que Putin, “um ditador dedicado a reconstruir um império, jamais apagará o amor do povo à liberdade”. E ainda mais: “Pelo amor de Deus, este homem não pode continuar no poder”. Depois disso, a Casa Branca teve que “esclarecer” que Biden “não estava colocando em questão o poder de Putin na Rússia ou considerando uma mudança de regime”, e sim que “não pode ser permitido (a Putin) exercer poder sobre seus vizinhos ou sobre a região”. Ou seja, uma complicação desnecessária. Tentaram remediar, mas é claro que foi dito está dito.

Thomas Friedman diz “Nosso objetivo começou simples e deve permanecer simples: Ajudar os ucranianos a lutar enquanto eles tiverem disposição à luta e ajudá-los a negociar quando eles perceberem que é a hora certa para isso — para que eles sejam capazes de restabelecer sua soberania e nós possamos reafirmar o princípio de que nenhum país pode simplesmente devorar um país vizinho. Autonomia além dessas linhas causará problemas”. “E sejamos cautelosos para não elevar demais as expectativas dos ucranianos. Países pequenos que subitamente recebem ajuda de grandes potências podem ficar inebriados”. (grifo nosso)

O trecho acima deixa muito clara a estratégia dos EUA: sangrar a Ucrânia, não os EUA, para tentar enfraquecer a Rússia. É um objetivo simples, pois mandar tropas para o front e receber de volta corpos em caixões seria complicado para a política doméstica.

Friedman apresenta uma preocupação do que pode vir a acontecer se derrubarem Putin: 1) Subir alguém “pior” ao poder; 2) O caos se instalar na Rússia, país com 6 mil ogivas nucleares e 3) Putin ser substituído por alguém “melhor”, mas esse melhor não poderá ter sua imagem vinculada com os EUA de nenhuma maneira. Teria que ser fruto de um “processo russo”. São cenários nos quais o imperialismo não parece ter muito o que fazer. A Rússia é um país oprimido pelo imperialismo, sim, mas muito grande e com enorme poderio militar.

O jornalista lembrou da instabilidade gerada nos anos 90 com a derrocada da União Soviética. Mas é ponderar que focos de resistência em uma Rússia em guerra podem ser um problema gigantesco. A própria matéria alerta que o Hezbollah, uma milícia xiita pró-Irã, surgiu no sul do Líbano para lutar contra os israelenses e hoje domina a política libanesa.

No Iraque os EUA, que foram derrotados, fizeram surgir milícias poderosas, como a liderada pelo clérigo Muqtada al-Sadr, o Exército de al-Mahdi. No Afeganistão os americanos perderam para os Talibãs que só tinham acesso a armamentos leves. O que dizer do que poderia acontecer em um país armado até os dentes com equipamentos super sofisticados. A preocupação de Thomas Friedman não deixar de ter nexo. Se avançarem demais podem provocar um longo período de instabilidade.

Reação antiimperialista

Os países atrasados sabem o que significa estar sob o poderio do imperialismo, especialmente dos Estados Unidos e, de fato, como mostra o texto, muitos países estão se declarando neutros no conflito. Mas, todos nós sabemos que esse ‘neutro’ é uma maneira de não entrar em confronto direto com os EUA. A própria China tem evitado o quanto pode o atrito que, a cada dia, parece inevitável.

O imperialismo parece não ter conseguido ainda a coesão necessária para enfrentar a Rússia com mais propriedade. “nem todos se alistariam para uma guerra cujo objetivo fosse não apenas libertar a Ucrânia, mas também depor Putin. Sem dar nome aos bois, o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, reclamou recentemente de que a Otan, na verdade, “quer que a guerra continue. Eles querem que a Rússia se enfraqueça”.

Como demonstra Friedman, o falatório do governo Biden tem prejudicado os planos do imperialismo tanto no plano interno quanto externo. Internamente, o governo tem que dar a entender que está lutando pela liberdade e democracia, pois está destinando montanhas de dinheiro para a Ucrânia, sendo que os problemas sociais estão se acentuando muito no país. Externamente, qual país vai querer comprar a briga dos outros. As manifestações na Alemanha, para citarmos um caso, deixa ver que há uma percepção na Europa de que os EUA estão criando um conflito para os outros pagarem o pato.

Sinal de fraqueza

Lendo a matéria de Friedman e vendo como um porta-voz importante do imperialismo, como o NYT, fica alertando que os passos devem ser calculados, temos de concluir que há um enfraquecimento da dominação imperialista. O ponto de inflexão, indubitavelmente, foi a debandada de Kabul.

Debandada de Kabul lembrou Vietnã

Por outro lado, os ‘donos do mundo’ se quiserem manter o status, terão que derrotar a Rússia, não tem escapatória, o problema é como fazer. Não bastasse isso, precisarão investir contra a China, outro país muito grande com muito poderio militar e negócios com praticamente todos os países do Globo.

Uma coisa é certa, o imperialismo, cada vez mais fraco, aumentará sua agressividade.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.