Em meio à enorme crise do capitalismo, assistimos na atual União Européia (UE) a um confronto militar entre EUA, OTAN e a própria UE em território ucraniano, contra a Rússia, que parece levar todo o “Ocidente imperialista” à lona de uma vez por todas.
Verdadeiramente um conflito militar e não uma guerra, como a OTAN e seus aliados tentam convencer os incautos. A Rússia está se defendendo de possível e provável tentativa de ser levada a ser mais uma colônia do imperialismo, e deixou claro que não se submeteria a isso.
E para tentar desarticular a economia russa e assim ganhar alguma vantagem no campo militar, o imperialismo efetuou a mais cruel restrição comercial já imposta a um país, pior que a imposta aos nazifascistas das décadas de 30 e 40 passados por ocasião da Grande Guerra.
Proibiram que a UE comprasse gás, petróleo, alimentos e matérias-primas russas. Porém, não levaram em consideração o grau de dependência europeia por esses produtos, principalmente o gás que é utilizado para aquecimento das residências e como fonte de energia para o parque industrial. O resultado era óbvio, e como vemos hoje claramente, arrebentou a economia europeia e não a russa.
Com a produção de petróleo e gás russo fora da UE e do mercado mundial, mesmo que parcialmente, elevou substancialmente o preço dos combustíveis e energia, afetando enormemente a inflação mundial, além de paralisar as indústrias europeias. A crise foi elevada à milésima potência, ou dito de outra forma, o tiro saiu pela culatra prejudicando a UE e não afetou a Rússia.
A produção russa foi direcionada para países que não aceitaram participar das restrições contra ela, como é o caso da China e Índia que são mercados gigantescos na casa de bilhões de pessoas, resolvendo o problema russo.
Estrategistas militares idôneos confessam que a situação do exército ucraniano é lastimável e com muitas baixas, embora o imperialismo queira convencer o mundo que a situação é inversa. Basta ver o mapa da ocupação russa nos territórios ucranianos para confirmar as enormes perdas do governo ucraniano e portanto a total incapacidade de conter os russos militarmente.
Apesar dos incontroversos resultados favoráveis aos russos, o colunista do New York Times, Thomas Friedman escreve que “Putin deve estar dizendo aos seus soldados e generais exaustos aguentem até o natal que ele é nosso amigo” se referindo a expressões do governo ucraniano que dizem que os russos burros já morreram.
O colunista alerta para o erro de estratégia das autoridades da Otan, EUA e Inglaterra que acreditavam que a guerra seria curta e favorável ao governo ucraniano. Diz que “a guerra parece estar entrando numa nova fase, apesar de que muitos soldados e generais russos possam ter morrido, os resolutos aliados da Otan estão cansados”.
A guerra já contribuiu enormemente para a elevada inflação do gás, dos combustíveis e dos alimentos e se continuar no inverno muitas famílias europeias poderão ter que escolher entre se aquecer ou comer. O que ele prevê nessa nova etapa da guerra é o embate entre as estratégias do Putin apostando no inverno e o da Otan e aliados apostando no verão.
Como Putin não demonstra intenção de recuar o inverno trará mais inflação, apagões por falta de eletricidade de forma generalizada e poderão levar a UE, Otan e aliados a pressionarem Zelenski a fazer qualquer acordo com a Rússia.
Essa matéria evidencia claramente a fratura exposta na Otan, EUA, Inglaterra e na UE, que começam a ver nitidamente o buraco sem fundo em que se meteram e acabaram por aprofundar uma crise que já era bastante séria por pura ganância, ou sobrevida, em tentar manter o que resta do capitalismo.
Até mesmo utilizar a Lituânia para impedir que a Rússia transportasse seus produtos para Kaliningrado extraterritorial, que não se trata de comércio exterior mas simples comércio entre estados do país, e que depois tiveram que recuar da decisão por ameaças de retaliação por parte da Rússia, é outro ponto que revela a ruptura interna nessa aliança bizarra entre EUA, Inglaterra, Otan e UE. De fato a cisão se mostra mais uma vez.
Como tanto a Otan como o governo da Ucrânia não respeitaram o limite imposto pela Rússia, esta se viu obrigada a defender seu território e seu povo, se antecipando e invadindo o leste da Ucrânia, libertando o povo russo de Lugansk e Donetsk, que vinham sofrendo bombardeio desde o golpe de estado em 2014 que colocou um regime nazifascista no poder, na figura de Zelenski. Essa região não aceitou o golpe de estado e se declarou independente da Ucrânia, sendo reconhecida a independência pelo governo russo.
O preço que o imperialismo optou por pagar está sendo demasiado alto. Não contavam com a possibilidade de serem derrotados pelo exército russo, que se mostrou forte e operante em toda a história russa, desde o império czarista, derrotando Napoleão, Hitler e o próprio imperialismo por ocasião da sua revolução operária de 1917. A história se repete, pela primeira vez como tragédia e depois como farsa. Esses são os aprendizados acumulados pela humanidade. Vivemos atualmente um período de transição de um sistema velho e caduco para um novo e cheio de boas perspectivas rumo ao socialismo.