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CSN - Volta Redonda

Metalúrgicos expõem tendência de luta contra roubo dos salários

É preciso intensificar a mobilização com comandos greve em todos os setores, agitação e atos na cidade para exigir a readmissão dos demitidos e o atendimento das reivindicações

Com 12 dias do início da greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), iniciada com os trabalhadores da mineração da siderúrgica em Congonhas (MG) e potencializada pela paralisação impulsionada inicialmente pelos montadores de andaime e trabalhadores da manutenção na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ), acrescida com os trabalhadores do terminal de carvão da mesma empresa, em Itaguaí (RJ); a mobilização dos operários de uma das maiores siderúrgicas do País, constitui-se no centro da luta dos trabalhadores, neste momento, com importantes lições não só para os envolvidos diretamente, mas também para o conjunto dos trabalhadores.

Após anos de retrocessos

A greve, principalmente na “Cidade do Aço”, Volta Redonda, onde se concentram mais de 9 mil trabalhadores da empresa (eram quase 30 mil antes da privatização na década de 90 passada), é a primeira depois décadas de retrocesso desse setor que já foi um dos mais destacados na luta da classe operária brasileira, protagonizando grande lutas, como a histórica greve de 1988, quando os operários ocuparam a Usina na luta pela jornada de 6 horas e o governo Sarney (MDB) ordenou sua desocupação com o uso do Exército, o que levou à morte de três operários, William, Walmir e Barroso.

Em homenagem a esses três mártires da luta operária foi erguido um memorial no coração da cidade, Memorial em Homenagem aos 3 metalurgicos mortos na greve de 1988 ao lado do escritorio central Cprojetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurado no 1º de Maio do ano seguinte e atingido por um atentado à bomba realizado pela direita fascista apoiadora da ditadura militar, e, hoje, do governo Bolsonaro. A pedido de Niemeyer, o monumento foi reerguido mantendo as marcas do atentado.

O retrocesso da luta operária, além da situação geral de refluxo provocado pela crise econômica em todo o País, se deve à colossal derrota sofrida com a privatização da CSN, resultado da capitulação de setores da esquerda e da burocracia sindical que se bandearam para o lado dos patrões e, inclusive, se transformaram em “porta-vozes” da política dos capitalistas, organizando grupo de vendas das ações da empresa para os trabalhadores, vendendo o  “peixe-podre” de que a privatização traria melhoras na vida dos trabalhadores.

Além da traição de sindicalistas, à época ligados à CUT, a empresa e o governo neoliberal trataram de armar com sindicalistas traíras, a derrota (por meio de fraude) e perseguição  aos ativistas combativos (que na época integravam, principalmente a Luta Metalúrgica/Causa Operária) e a entrega do combativo sindicato da categoria para a ultra pelega Força Sindical que, nos anos seguintes, praticamente desmontou a organização dos trabalhadores e transformou o Sindicato em uma espécie de departamento da empresa, aprovando – por meio de fraudes e manipulações – quase todas as propostas dos patrões contra os trabalhadores.

Enquanto os lucros da CSN não pararam de crescer, registrando – no ano passado, por exemplo – um lucro líquido anual de R$13,6 bilhões, que representou um aumento de 217% em relação ao ano anterior (foi privatizada por cerca de R$5 bilhões em valores atuais), a situação dos trabalhadores só retrocedeu: mais de 60% dos funcionários da empresa foram demitidos, milhares foram contratados como terceirizados, com enormes perdas e os salários chegaram aos níveis mais baixos de todos os tempos, sendo um dos menores do setor em todo o País.

A situação se agravou com o golpe de Estado (2016), que permitiu novos ataques da empresa e os trabalhadores perderam quase tudo que conquistaram em décadas de lutas, passando a ter jornadas maiores, salários menores, o criminoso banco de horas (que escraviza o trabalhador), perda do plano de saúde pago pela empresa etc. etc. etc.

Um gigante se levanta

A atual mobilização traz o operariado da CSN de volta à cena política nacional, no momento em que o roubo da classe trabalhadora atinge níveis intoleráveis diante da disparada da inflação e frente à gigantesca revolta popular contra o governo Bolsonaro e todo o regime golpista erguido com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, prisão de Lula etc.

Os miseráveis acordos salariais assinados pela Força Sindical, agravaram a situação e só nos dois anos as perdas salariais foram estimadas em cerca de 25%. 

Essa situação fez explodir a greve a partir de Congonhas e se espalhar pelas demais unidades da Companhia. Em Volta Redonda, a paralisação alcançou milhares de trabalhadores e levou o protesto para as ruas, no dia 7/4. Os trabalhadores têm como reivindicações centrais 30% de reposição, R$10 mil de PPR (participação nos resultados da empresa) e a volta do plano de saúde pago pela empresa.

No último dia 8, em uma espetacular vitória da mobilização, mais de 6 mil trabalhadores de Volta Redonda, votaram e derrotaram o golpe da direção da CSN e dos sindicalistas pelegos de queriam aprovar a miserável proposta de fome dos tubarões da empresa: 8,1% de reajuste, que não repõe nem mesmo a inflação do ano passado (quando só a alimentação teve alta de 27% e tudo subiu, menos nossos salários).

Isso, mesmo com a direção do Sindicato usando, mais uma vez, um método tradicional de organizações pelegas. Nas assembleias operárias se vota de forma aberta, com as mãos levantadas, pois os operários nada têm para esconder e ao tomarem uma posição coletiva, unidos, se fortalecem na luta contra os patrões. A burocracia do Sindicato, procurou manobrar e fraudar a vontade da categoria, com o voto em urna.

Uma primeira vitória

Mesmo diante dessa manobra, com a presença de milhares de trabalhadores em greve na Praça, obrigando o Sindicato a apurar os votos no final da votação, na frente de todos, os operários impediram o golpe tradicional dado pelos pelegos em conluio com a direção da CSN de apresentar um resultado que não correspondesse à vontade dos trabalhadores e de um total de 6085 votantes, mais de 99% (6040), votaram “não” à proposta da direção da CSN.

Mostrando a evolução política dos trabalhadores, a assembleia democraticamente (sem os pelegos que se retiraram com a derrota acachapante) também referendou – uma vez mais – a Pauta, com as reivindicações e elegeu uma Comissão para representar os trabalhadores nas negociações. Ficou decidido também a manutenção da greve e a sua ampliação.

Reagir ao golpe da direção da CSN

Mostrando seu desespero com a derrota, na “calada da noite”, a direção da CSN, ao invés de abrir uma negociação de verdade e atender às nossas reivindicações, resolveu demitir lideranças do movimento e outros trabalhadores.

Até o dia de hoje, já haviam sido anunciadas cerca de 100 demissões, visando conter a mobilização.

Como vem defendendo a corrente Luta Metalúrgica (PCO e simpatizantes) em seus boletins e cartazes, é preciso não recuar. Agora, além das reivindicações da Pauta econômica, é necessário exigir que todos os demitidos sejam reintegrados.

É preciso rejeitar, com vem ocorrendo, qualquer negociata dos pelegos/judas do Sindicato com a empresa, sem a participação dos legítimos representantes dos trabalhadores.

Se a direção da CSN radicalizou, é preciso que os trabalhadores paguem com a mesma moeda. E intensifiquem a mobilização.

Reforçar a organização independente, garantir os comandos de greve em cada setor. Realizar assembleias juntos com as lideranças e exigir o atendimento de todas as reivindicações.

É preciso exigir que o Sindicato convoque uma assembleia de todos os metalúrgicos da região. Para unir em uma luta comum a todos os trabalhadores, uma luta comum pela reposição das perdas salariais e demais reivindicações.

Em todo o País, cerca de solidariedade a greve da CSN, que aponta uma perspectiva decisiva para a luta dos trabalhadores: superar as direções pelegas e burocráticas e ir para cima dos patrões para defender os salários e o emprego dos trabalhadores.

 

 

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