Com a pandemia descontrolada e a economia mundial em crise, os países imperialistas que compõem a União Europeia passaram a exigir um “passaporte sanitário”. Iniciada no dia 9 de julho, na França, a política do “passe sanitário” prevê que, para frequentar bares, restaurantes ou até mesmo tomar um café na lanchonete, será necessário comprovar as duas doses de vacinação, que se recuperou de uma infecção nos últimos seis meses ou – pasmem! – que através de teste, teve resultado negativo nos últimos três dias. Longe de dar trégua, a pandemia assola todo o planeta. Na Europa, como em boa parte do globo, a destruição promovida pelo neoliberalismo cobra sua fatura, e quem paga é povo. Segundo dados oficiais, na França, cerca de 1.510 pacientes agonizavam em terapia intensiva no sábado. Na segunda-feira, o número de internações passou de 9 mil, sendo um total de 8.425 registrados no sábado. Com isso, o governo francês manterá esse regime antidemocrático até dia 15 de novembro.
Mas o tal “passaporte sanitário” não é novidade no velho continente. Embora cada país tenha sua forma ditatorial de restrição dos direitos democráticos, pelo menos 21 estão aproveitando a pandemia para aumentar ainda mais as restrições contra o povo. Todos, a sua maneira, exigem comprovante para permitir o acesso a concertos, teatros, cinema, espetáculos em geral, eventos esportivos, cerimônias conjugais, bares etc. A burocracia estatal chegou a emitir 300 milhões de certificados em toda a União Europeia. Imaginemos o caso da Bulgária – com apenas 17,8% da população imunizada com duas doses. Obviamente, essa medida não foi bem recebida pela população. Na França, segundo o Ministério do Interior, cerca de 237 mil pessoas tomaram as ruas contra a Emmanuel Macron, presidente da França. Em Paris, cerca de 17 mil pessoas se manifestaram e inúmeras pessoas saíram feridas após confronto com o aparato repressivo do governo.
Por outro lado, a Comissão Europeia, presidida por Ursula Von der Leyen, ignora as demandas populares, pisoteia os direitos democráticos da população e celebra de maneira escancarada o ‘sucesso’ do certificado como “um símbolo de uma Europa aberta e segura”. De fato, essa política nada tem a ver com um regime democrático, nem mesmo por aparência. Em profunda deterioração, o imperialismo francês inclina-se para uma política em direção à extrema-direita demonstrando o tamanho da crise em que a burguesia se encontra. Ao não apresentar solução para a pandemia e para a crise econômica, a burguesia – seja onde for – vem buscando implementar regimes antidemocráticos para acudir os grandes capitalistas, mesmo que isso custe os direitos da população. O “passaporte sanitário” reflete o fundo do poço em que esses países se encontram.