A revista The Economist, uma importante porta-voz do imperialismo, demonstra sua preocupação com o enfraquecimento, ou arrefecimento dos EUA na posição de “fiador da ordem liberal”.
Artigo recente do órgão começa falando do Japão, um país que, em tese, fez com que os EUA entrassem na Segunda Grande Guerra. Na verdade, segundo Trótski, a guerra entre esses dois países parecia inevitável pois disputavam os mercados na Indochina. De acordo com a revista, os Estados Unidos é que foram os parteiros da ‘democracia capitalista liberal’ japonesa, a partir do qual houve seu crescimento. Faltou, talvez, mencionar a implacável perseguição à esquerda no Japão, além de o país ser estratégico como contenção para a China e para a Rússia no seu extremo leste, daí o interesse ianque que até hoje mantêm bases militares em solo japonês.
Seguindo o raciocínio da revista, os EUA não teriam utilizado as armas para impor vantagens comerciais sobre o restante do mundo, estabelecendo, inclusive, regras comuns, o que teria evitado novas guerras e trazido crescimento e prosperidade. No entanto, com a Europa destruída, os EUA armados até os dentes, seria preciso ameaçar alguém?
O muro das lamentações
A The Economist lastima a perda do protagonismo dos EUA, tanto que acusa Putin de concentrar tropas na fronteira da Ucrânia; a China de povoar de caças o espaço aéreo de Taiwan, fazer práticas de tiro ao alvo com modelos de porta-aviões americanos e, ainda por cima, testar armas hipersônicas que são virtualmente imunes a radares. O Irã, desde que os EUA romperam unilateralmente o acordo nuclear, tem elevado o tom da conversa, exige que os americanos retomem o acordo antes de fazerem quaisquer novas exigências ao seu programa. O que a revista não diz, é que todas essas ações são em resposta às provocações do governo Biden.
Joe Biden tem procurado falar grosso, mantém sanções contra o Irã, aprova ajuda militar a Taiwan e Ucrânia, promoveu a “Cúpula pela Democracia” da qual excluiu Rússia e China. No entanto, a pergunta é: enviarão tropas no caso de conflito?
Efeito Afeganistão
A derrota no Iraque e na Síria foram golpes bastante duros no imperialismo, mas retirada do Afeganistão é o grande fator de instabilidade, ali ficou clara a debilidade do império em manter suas posições. Por conta disso, os países que de algum modo são ameaçados se sentem mais encorajados de enfrentar a política externa americana; países do segundo escalão do imperialismo começam a sonhar em ter um pedaço maior do bolo e os países atrasados buscam seguir os rumos do Afeganistão. Assim, como diz a The Economist o mundo está mais perigoso e incerto.
A China está se aventurando aqui pela América Central. O governo nicaraguense, perseguido pelos EUA, já rompeu relações diplomáticas com Taiwan e planeja construir um canal que rivalizará com o do Panamá, totalmente controlado pelos americanos. Em outras palavras, o dinheiro tende a mudar de mãos e isso o imperialismo não admite; mas, ao mesmo tempo, não vê firmeza no seu principal jogador para poder atacar. Por isso a revista aconselha que as ‘democracias’, especialmente as europeias, invistam mais em armamentos, esqueçam antigas querelas, diferenças e se unam.
Aqui cabe uma breve reflexão: os países investindo em ‘defesa’ serão, no longo prazo, um fator de união ou maior desagregação?
O que estamos assistindo é uma grave crise do capitalismo, a The Economist não deixa de ter razão ao se preocupar, podemos estar à beira de grandes confrontos. A classe operária, por sua vez, não pode estar alheia a isso, pois historicamente é quem paga a conta. Assistir o capitalismo desintegrar não é uma boa solução, por isso é necessária a organização dos trabalhadores em um partido revolucionário, para botar abaixo esse regime genocida que não se importa de levar o mundo à ruína se isso garantir os lucros.