Com a proximidade das chamadas “eleições de meio de mandato” que ocorrerão em novembro para o legislativo nos Estados Unidos, a crise do governo Biden vem se mostrando maior do que o esperado pela burguesia norte-americana.
Após uma eleição crítica, onde com uma margem muito pequena garantiu-se a vitória do principal candidato do imperialismo, Joe Biden (Democratas), contra o republicano Donald Trump, a crise no interior do regime político norte-americano vem dando sinais importantes para a polarização política que se aprofunda no país desde 2020.
Uma crise histórica do imperialismo
Com a derrota de Biden no Afeganistão, o caos causado pela guerra da Rússia contra a OTAN e fragilidade internacional demonstrada pelo governo ligado ao imperialismo, a crise rapidamente cresceu dentro dos Estados Unidos, o principal país imperialista do mundo. Esta crise vem se refletindo na retomada do crescimento de Donald Trump e da extrema-direita norte-americana.
Nesta semana, o ex-presidente norte-americano esteve em Ohio para lançar seu apoio ao candidato James David Vance, também republicano, que lançou sua pré-candidatura ao Senado. Seu discurso, feito para milhares de pessoas durante o que vem sendo chamado de “Donald Trump Rally”, já foi responsável por ascender a luz de alerta do imperialismo para as eleições de 2022.
Segundo a própria imprensa imperialista, o apoio a Vance por parte do Donald Trump pode muito fazer o mesmo se tornar um dos candidatos favoritos às eleições locais. Além disso, os principais jornais norte-americanos já temem de antemão um desastre praticamente dado: a derrota dos Democratas, que possuem grandes chances de perder o controle do congresso norte-americano para os republicanos, sobretudo, para a ala pró-Donald Trump.
Ala pró-Trump pode começar a comandar o congresso
Este possível resultado eleitoral em pleno mandado de Joe Biden, que passa por um momento de grande fragilidade, pode ser acachapante para o futuro de seu governo. Biden, para piorar a situação, vem demonstrando cada vez mais sinais de não estar completamente são, um fato que vem se tornando a cereja do bolo para Donald Trump e a extrema-direita norte-americana.
Em seus discursos, Donald Trump ainda atacou Joe Biden, acusou de estar destruindo os Estados Unidos e de ser o responsável pela crise de inflação e sobretudo, de sua política no exterior. Trump também mantém sua política de contestar o resultado eleitoral de 2020, que consagrou o principal candidato do imperialismo como presidente do país. Graças a grande manipulação feita pelo próprio imperialismo, sua política vem ganhando ainda mais apoiadores na medida que a crise do governo Biden se aprofunda.
O crescimento da extrema-direita norte-americana se dá, como em outras partes do mundo, pela ausência de uma real oposição ao regime imperialista. De maneira demagógica, a extrema-direita levanta de maneira superficial reivindicações populares e se colocar, como vem fazendo Donald Trump, como um setor “anti-sistema”.
Na ausência da esquerda, extrema-direita cresce
A grande debilidade do regime imperialista só não representa um avanço real à esquerda devido à inexistência de uma política real em defesa dos trabalhadores nos Estados Unidos. Assim como em 2016, a esquerda pequeno-burguesa norte-americana se colocou no papel de ser a base de apoio ao principal candidato do imperialismo, para evitar que o “fascismo de Donald Trump” chegasse ao poder. Isso apenas contribuiu para a desmoralização deste próprio setor, que a reboque do imperialismo, acaba por fim acompanhando a crise geral do regime político norte-americano.
A única maneira de superar à esquerda esta crise é possuindo um partido próprio, fora dos Democratas, e um programa próprio de defesa dos trabalhadores e contra o regime imperialista. O papel que cumpriu Bernie Sanders nas últimas eleições apenas serviu para, com seu apoio de última hora ao candidato do imperialismo, confundir este processo.
Enquanto a esquerda não se organiza, a extrema-direita cresce, e o “Donald Trump Rally” representa de maneira ainda mais profunda a crise geral do regime político imperialista sob as mãos de Joe Biden.