Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou a sua já esperada renuncia ao cargo de líder do Partido Conservador inglês e assim, de Primeiro Ministro da Inglaterra. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira após 48 horas o início das demissões em massa que levaram a saída de mais de 50 integrantes do governo, em uma das maiores crises políticas do último período no país. Com sua saída, um novo premiê conservador será escolhido até outubro, já que não há por enquanto perspectivas de uma eleição geral.
A queda de Boris Johnson
Boris Johnson confirmou em definitivo o fim de seu governo em um pronunciamento afirmando que “é claramente a vontade do grupo parlamentar conservador que haja um novo líder do partido e, portanto, um novo primeiro-ministro”. Tanto o ex-premiê como toda imprensa imperialista, buscam classificar a enorme crise no regime político inglês devido aos mais diversos escândalos que estouraram no país no último ano.
O novo ministro de finanças, Nadhim Zahawi, nomeado nesta terça-feira, afirmou em sua conta oficial no Twitter um pedido para a saída de Boris Johnson. “Primeiro-ministro: isso não é sustentável e só vai piorar: para você, para o Partido Conservador e o mais importante de tudo, para o país. Você deve fazer a coisa certa e ir agora”, declarou Zahawi.
As acusações, e inclusive investigações criminais, apontaram que Boris Johnson havia dado diversas festas em sua residência, enquanto o país estava sob o toque de recolher da pandemia. Além disso, parlamentares estariam insatisfeitos com lobbys que o governo inglês estaria fazendo com um setor da burguesia. Outra crise importante, foi os recentes escândalos de assédio sexual realizados por Chris Pincher, ex-vice-chefe, nomeado pelo primeiro-ministro do grupo Conservador.
Contudo, o que mais chama a atenção e que levou a recente saída do chefe do Tesouro, Rishi Sunak, como também do ministro da Saúde, Sajid Javid, nesta terça-feira, é a profunda crise social em que a Inglaterra se encontra, ainda mais após a crise da COVID-19.
“Um bumerangue lançado por ele mesmo”
Com uma inflação totalmente descontrolada, sendo a maior dos últimos 40 anos no Reino Unido, a uma taxa de 9% ao ano em maio, Boris Johnson deixou na pobreza milhares de famílias inglesas. Além disso, outro fator fundamental para crise é a guerra na Ucrânia, onde Boris Johnson, liderando um dos principais países imperialistas, está em confronto direto com a Rússia. Dessa maneira, com a guerra e com a dependência europeia envolvendo tanto a produção agrícola como também enérgica no leste europeu, o aumento nos preços dos alimentos e da energia foi inevitável.
A situação na realidade apenas começou a piorar, sendo que de acordo com dados econômicos, a crise energética e a inflação dos alimentos na Inglaterra irá rapidamente piorar até o final do ano, com um novo pico inflacionário. Assim, como afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova “Boris Johnson foi atingido por um bumerangue lançado por ele mesmo. Seus companheiros se viraram contra ele. A moral da história é: não tente destruir a Rússia. A Rússia não pode ser destruída. Você pode quebrar seus dentes ao bater nela – e se engasgar com eles.”
A saída de Boris Johnson, uma das principais lideranças do imperialismo, ascende mais uma vez a luz de alerta do imperialismo mundial. A guerra na Ucrânia e ação do governo russo para impedir o avanço da OTAN vem dando palco a maior crise do imperialismo no século. No interior dos principais países do bloco imperialista, a crise, a inflação, desemprego e miséria se espalham rapidamente. O problema para Boris Johnson não foi os escândalos de corrupção, um pretexto inventado pela imprensa imperialista, mas sim, a grande crise social e política, aprofundadas exponencialmente pelo envolvendo da Inglaterra na guerra contra a Rússia.
O bloco imperialista em crise
O imperialismo vê em um dos seus principais países do bloco a crise atingir níveis extremamente graves, ao mesmo tempo que seu principal aliado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden tem em seu país uma das maiores crises da história norte-americana. O mesmo chegou a declarar que espera “continuar nossa estreita cooperação com o governo do Reino Unido, bem como com nossos aliados e parceiros em todo o mundo. Isso inclui manter uma abordagem forte e unida para apoiar o povo da Ucrânia, enquanto eles se defendem contra a brutal guerra de Putin contra a democracia, e responsabilizar a Rússia por suas ações”, revelando que o principal objetivo do imperialismo nesse momento é avançar a todo custo contra os países atrasados.
Do outro lado, as lamentações do fascista Zelensky, presidente golpista da Ucrânia foram grandes, demonstrando a enorme servidão que o seu governo tem em relação ao imperialismo de conjunto.
Boris Johnson foi uma representação da atual situação do imperialismo mundial. Seu governo, marcado pelo crescimento da extrema-direita, pela crise inflacionária e política, com o aumento da fome e da miséria e se envolvendo em uma guerra na qual o imperialismo já está derrotado contra a Rússia.
A queda do maior aliado dos Estados Unidos, enfraquece a posição do imperialismo na guerra, e marca mais uma vitória da Rússia contra o imperialismo de conjunto.





