O vilarejo italiano de Anguillara Veneta, localizado na província de Pádua, administrado pela prefeita de extrema-direita Alessandra Buoso (partido Liga Norte), concedeu o título de cidadania honorária ao presidente fascista Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido).
Jair Bolsonaro viajou à Itália na quinta-feira, 28 de outubro, para participar da reunião da cúpula do G20 e deve ir à Anguillara Veneta para receber o título. A extrema-direita é muito forte no País e integra a coalizão governamental.
No dia 9 de outubro, a Confederação-Geral Italiana do Trabalho (CGIL), maior organização sindical do país europeu, foi invadida por grupos fascistas. Em publicação no Twitter, a CGIL denunciou que a Forza Nuova (Força Nova) e o movimento ‘No Vax’ atacaram sua sede em Roma. O ataque aconteceu após uma mobilização contra as vacinas e contra o Green Pass, este último uma espécie de passaporte da vacina.
Os fascistas italianos acusavam a CGIL de traição por não se opor abertamente ao passaporte da vacina italiano. O Green Pass, por sua vez, restringe a entrada das pessoas em determinados locais e permite que o empregador demita o trabalhador que se recuse a vacinar.
A viagem de Jair Bolsonaro à Itália ocorre após a invasão da organização sindical e representa um alerta para o movimento operário no Brasil. Os erros da esquerda italiana são muitos e abrem o caminho para o avanço da extrema-direita, que procura mobilizar suas bases contra determinadas medidas governamentais autoritárias, o que lhe confere uma certa autoridade no interior do movimento operário.
A esquerda italiana apoiou medidas antidemocráticas como a obrigatoriedade e o passaporte da vacina, o lockdown prolongado sem qualquer auxílio econômico para os pequenos comerciantes, lojistas e trabalhadores autônomos. As consequências econômicas da COVID-19 foram subestimadas pela esquerda.
O crescimento da extrema-direita italiana e sua capacidade de lançar uma ofensiva ousada contra a CGIL é resultado direto da política equivocada da esquerda. A capitulação na defesa dos direitos democráticos dos trabalhadores e da pequena burguesia abre caminho para a demagogia dos grupos fascistas, que procuram aparecer como opositores do regime político.
A questão central é que a política antidemocrática e conciliadora da esquerda joga setores da classe operária e da classe média nos braços do fascismo, que se utiliza de um discurso demagógico em defesa da liberdade.