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Cúpula contra a OTAN

Putin, o “bicho-papão” da esquerda imperialista

A esquerda da Europa não tem coragem para confrontar diretamente o imperialismo e acusa Putin de financiar a extrema-direita.

A política da Europa, na prática, é a mesma política da extrema-direita, porém carregada de demagogia e aplicada da maneira mais gradativa possível, em movimentos circulares de avanços e recuos, mas sempre na mesma direção. É uma política cirúrgica, que vai enfiando a faca lentamente, com muita anestesia e muito algodão. A classe trabalhadora não consegue observar o sangramento, não está sentindo a dor, mas percebe perfeitamente que algo está acontecendo e que não existe reação. 

Esta classe trabalhadora que deveria ser a mais bem preparada do ponto de vista material, intelectual e de acúmulo histórico de suas lutas, nesta que é a fase mais avançada e decadente do capitalismo, pode ser considerada uma verdadeira “geração de algodão”. Não apenas porque pode desfrutar de um amplo conforto baseado em conquistas superficiais do capitalismo avançado, como o ócio de espetáculo e o consumismo de mercadorias baratas do excesso de produção da manufatura monopolista e toda uma rede de serviços diversos. Mas, porque, simultaneamente, perde e compromete um amplo espectro de direitos e conquistas fundamentais que foram duramente conquistadas nas fases anteriores, inclusive a sua própria capacidade de organização e luta independente da burguesia, sem tomar conhecimento, como se estivesse eternamente protegida.

Quem financia a extrema-direita e o fascismo na Europa não é o “malvado Putin” como nos afirma a mais alta inteligência da esquerda pequeno burguesa da Espanha, o Dr. Pablo Iglesias, apoiado na análise superficial da web Al Descubierto. Quem financia a extrema-direita agora são os mesmos que o fizeram antes, e estão perfeitamente registrados nos livros de história, ou seja, a própria burguesia imperialista local em acordo com os capitalistas menores e o imperialismo norte-americano. Esconder a verdadeira face do inimigo é a tarefa que cumpre a esquerda imperialista, muito bem representada atualmente pelo jornalista Pablo Iglesias. O novo tertuliano procura levar toda a esquerda a mais uma capitulação diante do imperialismo e da OTAN, como a que ele mesmo protagonizou vergonhosamente diante do fascismo e de Isabel Díaz Ayuso, por ocasião das eleições para o governo da comunidade de Madrid e tantas outras.

A posição das organizações de extrema-direita que supostamente apoiam Putin não tem o mesmo significado que o das organizações genuinamente marxistas (portanto também comunistas), como pretende estabelecer Pablo Iglesias para justificar a sua posição capituladora. Os comunistas têm a obrigação de defender este apoio pelas suas consequências diretas na evolução da luta de classes e pelo conhecimento histórico que possuem a respeito de como melhor se encaminha esta luta. A extrema-direita pode apoiar Putin pelo seu interesse nacional e para cooptar os trabalhadores, desviando esta luta contra a burguesia, porém sempre terminarão em acordo com esta. Portanto, não é uma questão de financiamento russo em ambos os casos, e tão pouco existe um significado e alcance equivalente entre ambos. O mesmo não se pode afirmar em relação ao apoio à OTAN por parte da esquerda institucional.

Esta é a posição da velha guarda da Falange, a organizaçao fascista mais tradicional da Espanha, sobre a Ucrânia e a OTAN:

Deixo claro para vocês, antes de chegarmos ao fim, que não sou pró-Rússia por causa da atitude da Rússia em relação à Catalunha e que deixei de colaborar com a Rússia Today e com a Rádio Sputnik quando verifiquei que a atitude da RT e do Sputnik era de apoio ao catalanismo. Não sou pró-Rússia por razões absolutamente nacionais, mas que para mim são suficientes.”(…) “O exército espanhol não deveria estar na OTAN, a Espanha não deveria estar na OTAN, a OTAN não inclui nossa zona de conflito. A NATO não nos defenderia numa guerra contra Portugal, que também está na NATO, Não nos defenderia numa guerra contra a França, que também está na NATO. Por outras palavras, a nossa zona de conflito são as Ilhas Canárias, Ceuta e Melilla. O plano estratégico nacional, que é realizado todos os anos, considera essas 3 zonas de conflito. Neste momento, temos sérias dúvidas de que a atitude dos Estados Unidos seria semelhante à que ocorreu por ocasião da reincorporação da ilha de Perejil à Espanha, que não foi de apoio, que foi de simples neutralidade.”

A Falange lutou ao lado dos nazistas para o cerco a Leningrado (atualmente São Petersburgo), tendo sido condecorados diretamente pelo Führer por sua contribuição neste que foi um dos piores genocídios da história. O cerco durou 900 dias, morreram 1 200 000 russos de fome e frio, os cadáveres chegaram a ser comercializados como alimento. Putin nasceu 8 anos depois neste mesmo lugar, seu irmão morreu durante o cerco e seu pai lutou para defender a cidade. Ainda assim, a Falange defende a legitimidade da operação militar russa devido a uma análise concreta da situação e do ponto de vista do interesse nacional da Espanha, ou seja, do imperialismo espanhol que neste caso está sendo subjugado pelo imperialismo norte-americano, assim como os demais imperialismos europeus. 

O apoio da extrema-direita significa uma desestabilização na super estrutura imperialista, quando os interesses do imperialismo norte-americano prejudicam gravemente as burguesias nacionais na Europa.

O mesmo ocorre nos EUA com Trump, onde os interesses da alta burguesia imperialista (setor militar- financeiro)  entra em confronto com os interesses da burguesia capitalista tradicional (setor produtivo), e a resposta da esquerda imperialista norte-americana também foi a mesma: acusar a Trump de estar sendo financiado pelo “monstro Putin”. Ou seja, defender o interesse nacional, tanto nos EUA como na Europa, significa atribuir a Putin a capacidade mágica de cooptar economicamente o centro do poder político das grandes potências imperialistas e ludibriar todas as suas estruturas de controle. No mundo real a burguesia imperialista jamais permitiria isso e esmagaria as suas próprias organizações fascistas se fosse preciso.

O apoio da extrema-direita de todo o mundo a ação militar da Rússia e contra a ofensiva da OTAN, se isto fosse verdade, significaria simples e acertadamente a defesa direta de seus interesses nacionais, portanto, também o benefício de sua própria classe trabalhadora neste confronto com o imperialismo norte-americano. A posição da extrema-direita se limita à questão nacional e a sua própria sobrevivência política. Eles não precisam esquecer as lutas populares em benefício da esquerda, pelo contrário, a extrema-direita cumpre o papel de sequestrar estas lutas como muito bem está fazendo com a greve dos caminhoneiros, depois da gigantesca traição que significou a não revogação das reformas trabalhistas pelo governo de coalizão (incluindo praticamente toda a esquerda institucional).

A posição de pleno apoio a Rússia por parte do marxismo e dos comunistas tem um significado mais abrangente para a luta de classes em todo o mundo, o de aclamar esta desmoralizante derrota para o imperialismo. Assim como foi a recente derrota no Afeganistão, que abriu inclusive o caminho para esta ofensiva russa, com o consequente fortalecimento da luta de todos os setores oprimidos do mundo e a ruptura das alianças inter-imperialistas.

Quem realmente está apoiando a ascensão do fascismo na Europa é a esquerda imperialista, que com as suas inúmeras traições a classe trabalhadora, o seu apoio tácito a OTAN e a confusão teórica que utiliza para justificar estes posicionamentos, estende o tapete vermelho para a chegada da extrema-direita ao poder político para fase de instabilidade social em que estamos entrando. Uma esquerda que está cavando a sua própria cova, com a pretensão de levar todas as lutas dos trabalhadores na mesma direção. 

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