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França

Macron impõe ditadura contra trabalhadores que não se vacinam

Líder da oposição no senado protocola projeto de lei pela vacinação obrigatória

(*) Por Tiago Carneiro, correspondente para assuntos europeus. Vive entre Minsk e Luxemburgo

Na França, o passaporte sanitário já está em vigor. É necessário mostrar um documento contendo um QR code para realizar diversas atividades de lazer e da vida quotidiana, como tomar trens, entrar em shopping centers, concertos, e frequentar bares e restaurantes. Além disso, o prazo para que trabalhadores de hospitais, asilos, cuidadores e bombeiros se vacinem venceu no dia 15 de setembro. A divulgação dessas medidas fez com que a população da República Francesa corresse para se vacinar, fazendo com que a porcentagem da população totalmente vacinada saltasse de 37% para 62% em dois meses (julho – setembro), com um total de mais de 90 milhões de doses administradas. Agora, a vacinação já engloba os adolescentes de 12 a 17 anos. 

Entretanto, esses esforços em termos de imunização não foram suficientes para frear a pandemia na potência imperialista europeia. Quando as medidas do passaporte sanitário e a vacinação obrigatória foram anunciadas, a média diária na França era de 4 mil casos de Covid-19 e crescia, alcançando um pico de 23.700 casos no dia 16 de agosto. Por sua vez, a média do número de mortes diárias, no mesmo período, quase quintuplicou, saltando de 22 para 112 mortes, o pico alcançado em agosto. No momento, a média de mortes se mantém relativamente estável, entre 90 e 100 falecimentos diários. 

No momento, o número de casos encontra-se em baixa e os estudantes de todas as idades estão voltando às aulas, aumentando a tensão na administração pública francesa. Como uma tentativa de tentar diminuir o contágio nas escolas e universidades e, assim, conseguir fazer com que as aulas sejam 100% presenciais, o governo está montando tendas de vacinação em alguns campus e disponibilizando testes e autotestes. Entretanto, o passaporte sanitário não será obrigatório nos centros de ensino, mas será obrigatório nas festas e encontros estudantis. Levando em consideração que Emmanuel Macron já chegou a declarar que a vacinação na França nunca seria obrigatória, não sabemos até que ponto a não obrigação do passe sanitário em escolas e universidades se manterá. 

Duas notícias publicadas na imprensa capitalista deixaram os governantes franceses inquietos. A primeira diz respeito a uma simulação feita pelo Institut Pasteur, que conclui que uma onda de Covid-19 com 5.200 internações diárias poderia acontecer caso as atuais medidas de controle fossem suspensas, mesmo com os números de vacinação correntes. O estudo ainda afirma que os não vacinados com mais de 60 anos são os maiores responsáveis pelas internações. Na segunda notícia, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa declarou não acreditar que as altas taxas de vacinação no continente seriam suficientes para frear a pandemia. Também é importante frisar que para o diretor da OMS na Europa, a vacinação só poderia parar a pandemia se as taxas fossem globalmente de 70% (Le Figaro, 09/09/2021). Algo um tanto difícil de acontecer, uma vez que os países ditos de primeiro mundo monopolizaram os imunizantes.

Ao passo que a vacinação não se mostra suficiente para frear completamente a pandemia, cada vez mais, na França, ganha força a discussão da obrigatoriedade da vacina. Por exemplo, no dia 31 de agosto foi protocolado no senado francês o projeto de lei Nº 811, que instaura a obrigatoriedade da vacina contra o Covid-19. É válido dizer que o primeiro a assinar esse documento é o senador Patrick Kanner, do Partido Socialista, presidente do Grupo Socialista e Republicano e líder da oposição. O curto documento diz que “o objetivo de uma proteção generalizada da sociedade […] pode ser alcançado através de uma vacinação generalizada”. 

Enquanto isso acontecia, pela 8º vez seguida milhares de manifestantes se reuniram nas ruas da França. Essas pessoas são justamente os que se opõem à vacinação obrigatória e ao endurecimento das regras do passaporte sanitário, que tornam diversas situações da vida cotidiana inviáveis sem a realização de um teste pago a cada três dias. De acordo com o jornal francês Le Parisien, mais de 200 manifestações ocorreram no sábado, dia 4 de setembro. Vale destacar o protesto que aconteceu em Paris, onde os manifestantes foram duramente reprimidos pelas forças policiais da “tão democrática” República Francesa. Será que Macron será acusado de ser um ditador que viola os direitos humanos e a União Europeia e os Estados Unidos irão pedir sanções econômicas contra a França? Os manifestantes não retrocederam e já realizaram no o dia 18 de setembro a 10ª onda de protestos.

Finalmente a vacinação passou a ser obrigatória, na última quarta-feira (15). Com isso, todos os profissionais de saúde que se recusarem a se vacinar estão sendo suspensos do trabalho. Assim, ao menos 3 mil trabalhadores já foram afastados, sem direito a recebimento de salário e com possibilidade de demissão. Dezenas também decidiram pedir demissão porque discordam da medida do governo. Ela abrange 2,7 milhões de pessoas.

Por fim, apesar do Partido Socialista encabeçar o documento enviado ao senado que instaura a vacinação obrigatória, os protestos que estão ocorrendo por toda a França não são uma iniciativa da militância política de extrema direita. Ela é geral, de setores democráticos, o que inclui sindicatos importantes. Por exemplo, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) defende que o governo não torne a vacina obrigatória para determinados grupos e organiza colunas de trabalhadores nas manifestações contra o passe sanitário e a obrigação da vacina. Diversos partidos de esquerda se posicionaram abertamente da mesma forma.

Os sindicatos denunciam que o governo Macron recusa-se a fazer qualquer tipo de negociação sobre a questão. Asdine Aissiou, representante da CGT, afirmou que o objetivo de Macron com a medida é esconder a falta de investimento na Saúde. “O problema não é a vacinação, o problema é que querem nos estigmatizar e apontar o dedo, dizendo que nós contaminamos as pessoas. Assim, não falamos dos verdadeiros problemas: a falta de pessoal e o orçamento reduzido da saúde.”

Com os grandes protestos e o descontentamento cada vez maior da classe operária com a política ditatorial de Macron, crescem os rumores de uma greve geral.

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