De acordo com os principais jornais da imprensa capitalista no Brasil e na Europa, Olaf Scholz está prestes a se tornar o novo primeiro-ministro da Alemanha. Scholz foi ministro das Finanças do governo de Angela Merkel e já vinha sendo cotado como seu sucessor.
O povo alemão não escolhe diretamente quem estará à frente do principal cargo político do país. O primeiro-ministro em negociação feita pelos partidos políticos, que têm maior peso na decisão tanto maior for a sua votação. Neste caso, sendo Olaf Scholz membro do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), seu partido é o que mais conta para a escolha do primeiro-ministro.
Ocorre, no entanto, que o SPD não tem condições de garantir, sozinho, a indicação de Olaf Scholz. O SPD tem menos de um quarto da votação total, necessitando formar uma coalizão com outros partidos para formar uma maioria.
Os jornais alemães dão como certo que o SPD formará uma coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal. Com isso, desbancaria o partido de Angela Merkel, a União Democrata-Cristã.
A derrota da União Democrata-Cristã mostra, por um lado, a impopularidade de Angela Merkel, odiada pelo povo alemão após dezesseis anos de um governo duramente neoliberal, com uma série de retrocessos para a classe operária alemã. No entanto, a ascensão do SPD não significa uma ruptura.
Olaf Scholz era nada menos que o homem responsável pela política econômica de Merkel. É, portanto, um homem de confiança dos bancos. Um homem dedicado a arrancar a pele dos trabalhadores, cujas divergências com Angela Merkel são mínimas. Ao que tudo indica, portanto, o sucessor de Angela Merkel será uma espécie de… Angela Merkel. Será o segundo round da mesma ditadura sob a qual o povo alemão está submetido. Uma ditadura, diga-se, que não é chamada de ditadura pela imprensa capitalista porque é “eleita” e “respeita as minorias”. Tudo papo furado, obviamente. As eleições alemães são tão legítimas quanto qualquer eleição em um país imperialista — ou seja, não têm valor algum — e o “respeito às minorias” é uma fachada para uma agressiva política neoliberal na Alemanha e uma criminosa política externa em países como a Grécia.
O manuseio do SPD para a continuidade da ditadura de Merkel comprova como o SPD — outrora um partido de massas da classe operária, tendo sido fundado por Karl Marx e Friedrich Engels, que teve em seus quadros Rosa Luxemburgo — se tornou um partido 100% do regime. É um partido que, longe de servir para organizar a classe operária na luta contra os seus inimigos, serve de sustentação, “à esquerda”, do regime. Isto é, a demagogia é mais voltada para o trabalhador, para os sindicatos e para o movimento popular, mas sua política é uma total colaboração com os partidos tradicionais da burguesia.
A frente ampla em torno do homem das finanças de Angela Merkel levará a mais dolorosos anos de uma ditadura dos banqueiros e empurrará a classe operária para os colos da extrema-direita, na medida em que o partido que fundou no final do século XIX o traiu vergonhosamente.