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Projeto 1619

EUA escondem seus crimes “cancelando” justo o que não foi crime

Imperialismo mais uma vez impulsiona identitarismo para modificar a história e transformar acontecimentos progressistas em fontes dos problemas que ele mesmo causa atualmente

Com a enxurrada de desgraças que vimos sair do principal país imperialista do mundo, os Estados Unidos, é até difícil pensar que algo de progressista tenha acontecido na região. A invasão de países oprimidos, o descaso com a própria população, a espionagem, a repressão — a lista é extensa.

Apesar disso, os EUA são um país capitalista desenvolvido e, em um momento de sua história, tiveram uma revolução democrática burguesa que, apesar de ser mais conservadora em relação a outras revoluções democráticas, ainda assim representou um avanço no contexto social, político e econômico da época.

O acontecimento histórico da Revolução Americana de 1776 volta à tona com uma ação realizada pelo New York Times. O jornal imperialista descarta um dos únicos acontecimentos progressistas ocorridos em seu país de origem com um pretexto que tem aparecido com uma frequência desagradável nos últimos tempos: o identitarismo.

Woody Holton, historiador pela Universidade da Carolina do Sul, é o grande protagonista dessa história. Como colaborador do Projeto 1619 (lançado em 2019) do NYT, Holton promove a ideia de que Revolução Americana tenha sido uma contrarrevolução para justificar a implantação da escravidão na região.

O Projeto 1619 em si já é de caráter duvidoso, uma vez que tem o objetivo de reformular a história da escravidão nos EUA, começando pelo ano de 1619, como indica o nome do projeto. De acordo com a página inicial do projeto, todos os problemas no qual se encontra a população norte-americana tem apenas uma fonte: a escravidão e o racismo.

Uma das primeiras ações de Holton foi afirmar que a Declaração de Independência norte-americana havia sido mal-entendida, não sendo uma carta de um movimento revolucionário, mas sim uma carta de um movimento separatista — deste ponto, Holton desenvolve tanto seu momento de loucura que chega até mesmo a falar que a Declaração de Independência foi uma reação racista ao que chama de “Aliança Anglo-Africana”:

Até 1775, a maioria dos americanos brancos resistiu às inovações do parlamento, como a Lei do Selo e o imposto sobre o chá, mas mostrou pouco interesse na independência. No entanto, quando souberam que os negros haviam forjado uma aliança informal com os britânicos, os brancos ficaram furiosos.”, afirmou Holton em seu artigo no NYT.

A declaração fala por si mesma. Não foi o aumento de impostos, a exploração dos britânicos nas 13 Colônias, os embargos que impediam a realização do comércio e todas as outras ameaças que prejudicavam os moradores locais, mas sim o mais puro e abstrato racismo que causou “fúria nos brancos”.

A libertação do dominador a força, a formação da própria constituição, a passagem de colônia para país — a Revolução Americana foi uma revolução burguesa que tinha como líderes senhores de escravos, mas que, embora não chegasse a um patamar de radicalização como a Revolução Francesa, foi sim uma revolução democrática e progressista para a região e para a humanidade.

A tentativa de reescrever a história sob um pretexto abstrato é descaradamente admitida. Além do sítio do Projeto 1619 efetivamente utilizar a frase “reformular a história do país,” uma análise realizada por Fred Schleger (World Socialist Web Site) do livro de Holton afirma que:

O trabalho de Horne é pior do que impreciso: é, em grande medida, uma obra de ficção. Sua interpretação do material original é tão imprecisa que chega a ser fantasiosa: as citações são truncadas para inverter seu significado, as fontes são atribuídas incorretamente e até mesmo fatos elementares são deturpados — ou simplesmente errados. O que torna as deturpações de Horne tão irritantes não é apenas sua magnitude e número, mas o fato de serem centrais para seu projeto de reescrever a história americana.

É interessante observar como um dos únicos acontecimentos progressistas da história dos EUA começa a se tornar um alvo dos identitários, tudo isso apoiado pelo imperialismo. É evidente que essa questão serve apenas como bode expiatório para esconder todos os outros crimes, guerras, ocupações, genocídios e qualquer outra atrocidade que os EUA tenham cometido — e isso se aplica também a problemas como a precariedade do sistema prisional, o descaso com o povo norte americano, a má alimentação da população, a violência, os crescentes níveis de pobreza no país e a crescente desestabilização da economia, uma vez que todos esses e diversos outros problemas são colocados no colo de independentistas americanos mortos há mais de 200 anos, que apenas queriam se livrar da Coroa Britânica e não podem nem mais se defender.

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